PONTUAÇÃO: OPERADOR DA TEXTUALIDADE

Tania Maria Nunes de Lima Camara (UNISUAM)

Pontuar é mais do que empregar sinais gráficos obedecendo a um critério lógico-gramatical. Nas operações de textualização-linearização, ocorre a materialização do texto, ou seja, a construção efetiva o canal textual. Entre as operações de textualização, está o emprego dos sinais gráficos, importante mecanismo de produção de sentido. Colocado na condição de signo lingüístico, amplia-se o papel que desempenha cada um desses sinais, que passa a ser visto como significante capaz de evocar significados: não só aqueles que o autor intenta, como também os depreendidos pelo leitor, no jogo dialógico que se estabelece entre um e outro. Ser a pontuação de natureza ideográfica, já a coloca diretamente como portadora de sentido. Assim sendo, ao lado dos critérios estabelecidos por renomados gramáticos de língua portuguesa, é necessário levar em conta aspectos que não fazem parte das considerações até então feitas. Possivelmente a relação pontuação-gênero textual se configure um caminho produtivo para o estabelecimento dessa nova visão. Desse modo, aspectos sintáticos, semânticos, rítmicos e estilísticos deverão ser considerados no intuito de a pontuação ser vista, de maneira abrangente, como operador efetivo da textualidade. Com isso, questões ligadas ao ensino certamente serão também modificadas, não só no que diz respeito à atenção especial que deve ser dada ao referido estudo na sala de aula, como também à necessidade de modificar e ampliar a maneira como o livro didático em geral aborda o assunto, preso ainda, em sua maioria, a considerações de natureza exclusivamente sintática, deixando de lado aspectos relevantes no binômio pontuação-textualidade.

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