SUJEITOS REFERENCIAIS E NÃO REFERENCIAIS
NA FALA E NA ESCRITA

Maria Eugênia Lamoglia Duarte (UFRJ/CNPq)

Análises da fala culta e popular do Rio de janeiro revelam que sujeitos referenciais (definidos e indeterminados) são preferencialmente expressos, um comportamento bastante diferenciado do que observam análises do espanhol, do italiano e do português europeu. Uma conseqüência dessa mudança (ou « encaixamento ») se fez notar na reestruturação de orações que exibiam a posição de sujeito (não referencial) ususalmente vazia nas línguas de sujeito nulo e preenchida com um pronome sem conteúdo semântico em línguas de juseito prenchido (vejam-se o «il» e o « it » em francês e inglês, respectivamente. Assim, foi observada na fala a preferência pelas estruturas em (b), com o alçamento do sujeito da subordinada, em detrimento das formas em (a), com a posição de sujeito não referencial vazia:

(1) a. __ Parecia que as crianças iam cair do brinquedo.

b. As crianças pareciam que iam cair do brinquedo.

(2) a. __ Demorou pra eu perceber que ele era um safado.

b. Eu demorei a perceber que ele era um safado.

(3) a. __ Levou muito tempo pra eles se casarem.

b. Eles levaram muito tempo pra se se casar.

O presente trabalho apresenta os resultados da comparação entre fala e escrita e conclui que, embora quantitativamente as duas modalidades exibam diferenças, qualitativamente pode-se dizer que a mudança, já avançada na fala, começa a se implementar na escrita e que essa implementação começa pelos contextos em que o preenchimento está mais adiantado na fala.

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