UM RITO DE PASSAGEM POÉTICO

Delia Cambeiro (UERJ)

Celebrar os 700 anos de nascimento de Francesco Petrarca (Arezzo, 1304-1374) é realçar a inserção de uma cultura de marcas renascentistas, no mundo histórico da Idade Média. Em meio aos mil anos de consciência religiosa - para muitos, fonte de infelicidade, morte e indignação - despontava um lírico rito de passagem que não desejava negar os questionamentos da vida interior e/ou contemplativa. Observadas pela ótica de uma busca humanística, as indagações do poeta aretino já se abriam para o fascinante mundo da felicidade terrena, dos prazeres do amor. A transformação conduzida por Petrarca, eternizada em sua poesia, sugere o contraste do espírito humano envolvido em sentimentos antagônicos de apelo à vida ativa e à solidão interior. Na lírica de Petrarca, ficaram uma sugestiva atmosfera, um suave desejo de que o homem alcanç! e a verdade e o autoconhecimento por caminhos do espírito e da matéria.

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