A PRODUTIVIDADE LEXICAL DAS COLUNAS SOCIAS

Mariana Teixeira Avvad (UERJ)

Introdução

As colunas sociais despertam nas mais diferentes camadas populares um interesse bastante significativo. Entre os ricos, elas representam um informativo sobre os acontecimentos de seu meio; entre os menos favorecidos, são uma forma de aproximá-los a um mundo idealizado através do glamour, da fama, do poder que são retratados pelos colunistas de forma bastante criativa, seja através da linguagem verbal, seja através da não-verbal.

O vocabulário dessas colunas ocupa um lugar expressivo na língua portuguesa. Considerando que o perfil retratado nelas simboliza um ideal de vida a ser atingido pela maioria dos leitores, é importante destacar a relevância dos termos lingüísticos utilizados com maior ou menor freqüência, uma vez que, além de fazerem parte do linguajar cotidiano, podem interferir na comunicação, tendo em vista que o estilo e a produtividade lexical encontrados nessas colunas oferecem um material bastante rico para os estudos lingüísticos.

O ponto que pretendemos desenvolver focaliza o inventário lexical produzido pelos escritores de colunas sociais, o que se associa a aspectos semânticos, discursivos, gramaticais e estilísticos da língua portuguesa, principalmente no que diz respeito a estrangeirismos e neologismos. Para isso, utilizaremos como corpus adequado para o levantamento lexicográfico desse registro os textos escritos publicados na imprensa, que se destinam a retratar uma realidade social bastante cobiçada.

Quanto ao corpus utilizado, é importante ressaltar que não se trata de uma manifestação lingüística direcionada somente a uma camada social específica. Se levarmos em consideração que colunas como as que pretendemos estudar são diariamente publicadas nos vários jornais que estão em circulação, poderemos concluir que o acesso a elas é extensivo a todas as classes, desde as mais altas até as mais baixas. Os critérios para o levantamento desse léxico estão explicitados mais adiante, no item Metodologia.

Cabe, porém, acrescentar, à guisa de esclarecimento, que não é nossa intenção incluir nesse levantamento a discriminação pormenorizada dos aspectos social e regional da linguagem utilizada nessas colunas, cujo público focalizado, neste estudo, possui um perfil intencionalmente amplo.

Um breve histórico das colunas sociais

Não há como falar em colunismo social sem pensar em imprensa. Na verdade, os jornais e revistas, além de serem veículo para informações econômicas, políticas e culturais, também são diretamente responsáveis por transmitir informações sobre a sociedade. Todavia, como já dissemos na introdução do trabalho, essa sociedade retratada pela mídia representa a alta camada, a mais cobiçada.

Podemos perceber, através da análise dessas colunas ao longo do tempo que elas têm como objeto de enfoque principal a atribuição do status, o imaginário social, o poder simbólico, com a questão do estilo de vida, a encenação, a representação de papéis, o modelo projetado, a questão do espelho social.

No que diz respeito às funções sociais dos veículos de comunicação (e nesse universo de poder e influência) a imprensa – e particularmente o colunismo social – possui um papel especial, que extrapola a sua função primária que é informar e suscitar o debate: o de viabilizar a atribuição de status. Tendo o poder de criar, legitimar, distorcer ou até mesmo de destruir causas públicas, pessoas, organizações, movimentos sociais e conceitos morais a imprensa controla a opinião pública conforme sua própria ideologia.

Uma conclusão a que se pode chegar é que em toda mídia, portanto também no colunismo social, você é alvo de uma matéria positiva, porque é uma pessoa importante, e é comprovadamente uma pessoa importante, porque foi distinguido pela mídia.

Os anos imediatamente posteriores à Segunda Grande Guerra testemunharam o advento da chamada indústria cultural: o foco principal era produção de cinema em Hollywood, distrito de Los Angeles, que desde aquela época até os dias de hoje acomoda os principais estúdios de produção cinematográfica.

O otimismo e a alegria dos anos do pós-guerra encontraram no cinema seu mais perfeito arquétipo e na imprensa glamourosa – nascia o colunismo social – sua mais identificável contra-partida. Revistas como “O Cruzeiro” e “Manchete” foram precursoras desse tipo de trabalho no Brasil, começando a oferecer mais e mais espaço aos “bastidores” da vida social dos poderosos, trançando com tintas de realidade cor-de-rosa o dia-a-dia do mundanismo social. A revista “Caras”, publicada atualmente, leva às últimas conseqüências este modelo, tendo como único objetivo retratar uma realidade distante para muitas das pessoas que costumam se entreter em suas coloridas páginas.

A classe média e as classes mais pobres atiraram-se com voracidade aos detalhes do mundanismo do “high society” (expressão consagrada na época), no afã de reproduzir aquele modo de vida, cultivando então a ilusão de pertencer a ele. Ampliavam-se significativamente as tiragens dos veículos de comunicação de massa.

É assim que os menos favorecidos passaram a ter a oportunidade de visitar os luxuosos ambientes que só conheciam da máquina hollywoodiana. O colunismo social nasceu consagrando o sonho da ascensão social, o encontro com a beleza e o charme, o poder e a fama.

Jacintho de Thormes, em “O Estado de S. Paulo” e Ibrahim Sued, em “O Globo”, alimentavam os sonhos da classe média emergente e os cofres dos proprietários dos jornais. Depois deles vieram outros nomes que marcaram a transição do colunismo social para um estágio de maior amadurecimento. O sucesso dos colunistas abriu as portas para uma atuação mais desenvolta, muitos passos além das fofocas de sociedade. O poder, gradativamente foi surgindo nas pautas das colunas sociais: economia e política passaram a ser atores de primeira grandeza no cenário em que os bastidores da doce vita projetavam uma classe média sonhadora, que ansiava por participar daquele mundo de faz-de-contas. Aprofunda-se o vínculo entre a imprensa e o poder dominante.

O golpe militar de 64 consolidou ainda mais o já significativo cacife do colunismo social. Interessava ao status quo militar aquele tipo de jornalismo mundano, essencialmente acrítico. Os colunistas passaram a interlocutores das empresas jornalísticas junto aos militares, servindo-os de forma cada vez mais dócil, sedimentando com desenvoltura o compromisso com o mundo estilizado.

Zózimo Barroso do Amaral também foi um grande nome neste ramo da imprensa. Ele conseguiu mudar um pouco o perfil das colunas sociais produzidas até então, agregando um pouco mais de jornalismo a uma atividade que se não proporcionava prestígio nas redações, engordava contas bancárias com uma velocidade surpreendente.

Aos poucos, os colunistas tornaram-se verdadeiros lobistas, traficando as informações obtidas com cada vez mais apetite. “Em sociedade, tudo se sabe”, apregoava um Ibrahim Sued cada vez mais influente.

Em nosso trabalho, teremos por corpus de estudo as colunas publicadas no jornal O Globo, posteriores ao ano de 2004 até a presente dada. Durante a época assinalada, Joaquim Ferreira dos Santos é o responsável pela coluna deste jornal intitulada Gente Boa. Nosso objetivo não é nos aprofundarmos neste histórico que apenas esboçamos, e sim mostrarmos a importância de sua contribuição para o léxico do português do Brasil falado e escrito nos dias atuais.

Mais do que isso, através de exemplos extraídos do próprio corpus, mostraremos como Joaquim Ferreira dos Santos e sua equipe demonstram grande produtividade lexical através de criações neológicas e também a facilidade com que vocábulos estrangeiros são incorporados ao discurso dessas colunas.

Faz-se necessário, contudo, uma abordagem sobre neologismos e estrangeirismos, que faremos no capítulo posterior.

Produtividade lexical: os neologismos

Sentimento da língua: eis um atributo que todo ser humano possui. Podemos, por exemplo, reconhecer uma palavra como substantivo, mesmo que ela esteja descontextualizada. O sentimento da língua vem da própria convivência com a linguagem, daí nasceu a idéia da gramática internalizada. É através desse sentimento da língua que surgem os neologismos. Vejamos a definição de Aurélio Buarque de Holanda, (Novo Dicionário Aurélio, 1986) para o verbete neologismo: “S. m. 1. Palavra, frase ou expressão nova, ou palavra antiga com sentido novo. 2. Nova doutrina, sobretudo em teologia”.

Segundo Ieda Maria Alves, chama-se neologia o processo de criação lexical cujo produto é o neologismo. A palavra nova pode ser formada através de mecanismos da própria língua, por empréstimo ou por processos autóctones.

Os neologismos se classificam em vocabulares (são significantes novos) e semânticos (são significados novos para significantes já existentes). Abordando essa mesma questão, Jean Dubois utiliza uma terminologia diferente para classificar os neologismos: de forma (consiste em fabricar novas unidades) e de sentido (consiste em empregar um significante que já existe na língua, conferindo-lhe um conteúdo que ele não tinha até então). Dessa forma, dizemos que a neologia vocabular equivale a de forma e a neologia semântica a de sentido. Há ainda os neologismos locucionais, que se caracterizam por serem expressões cujos componentes, separadamente, estão dicionarizados, mas que, juntos, têm um valor semântico novo.

Dois grandes grupos se destacaram na criação de vocábulos na língua portuguesa: os grandes escritores, desde Camões até os dias de hoje, na literatura em geral e os profissionais da comunicação, na imprensa escrita ou falada. Na literatura, o processo de criação neológica já dura cerca de quinhentos anos. Em contrapartida, entre os profissionais de comunicação, podemos contabilizar esse processo somente do século XX em diante, principalmente a partir da segunda metade do século XX.

Assim, quando falamos nos neologismos produzidos por escritores, estaremos tratando de neologismos literários. Eles nascem da necessidade de se criar palavras para expressar-se ou nomear coisas, mas não possuem grande alcance ou repercussão, uma vez que os leitores de uma determinada obra literária são, em número, bem menos do que aqueles de um jornal de grande circulação. Os neologismos criados por Guimarães Rosa, por exemplo, podem alcançar cerca de 2.000 leitores, ao passo que os neologismos veiculados pela Folha de S. Paulo alcançam 1.000.000 de leitores.

Assim, o neologismo literário tende a nunca ser dicionarizado, opondo-se aos de meio de comunicação, que tendem a tornarem-se dicionarizados.

Há, basicamente, duas maneiras de um neologismo deixar de sê-lo: 1a) quando a sociedade o consagra pelo uso; 2a) quando ele passa a ser dicionarizado, entrando para o corpus de exclusão.

Se nos perguntarmos como os neologismos são criados, chegaremos a conclusão que, basicamente, há dois processos bastante produtivos para a formação neológica: a composição e a derivação, que na verdade são os processos de formação de palavra mais produtivos de nossa língua. Vale destacar a importância também da formação por empréstimos lingüísticos: os estrangeirismos.

Quando tratamos da composição como processo formador de neologismos, acreditamos ser a justaposição mais produtiva do que a aglutinação, uma vez que aquela é um processo mais natural do que esta. Por sua vez, quando tratamos da derivação, sem dúvidas, a sufixal se faz mais produtiva do que a prefixal: há sufixos verbais, nominais (os mais produtivos) e adverbial (somente ocorre um). Prefixos não mudam, geralmente, a classe das palavras. Dizemos geralmente porque no caso de barba / imberbe a mudança ocorre.

Um importante conceito que merece ser destacado aqui é o de matriz morfológica, termo criado por Amaro Ventura Nunes. O eminente professor foi o primeiro a trabalhar com várias linguagens. Dessa forma, as matrizes seriam os moldes ou esquemas lingüísticos para a criação de palavras. Elas explicam não só a criação de palavras já existentes na língua, mas também a formação de neologismos. Sabemos que as palavras são criadas a partir do que já existe. Amaro Ventura Nunes propõe a existência de matrizes para criar, entre as classes de palavras, substantivos, adjetivos, verbos e advérbios.

Também se faz importante recordarmos aqui a posição de Ieda Maria Alves sobre esse assunto. Em seu livro Neologismo, criação lexical a autora afirma que são processos de formação neológica: neologia fonológica, neologia sintática (derivação, composição, formação por siglas, composição sintagmática), neologia semântica, neologia por empréstimo, conversão, entre outros processos. Resumidamente, mostraremos o que cada um desses processos significa.

Os neologismos fonológicos são o resultado da criação de um vocábulo cujo significante é totalmente inédito. Esse tipo de neologia não é muito comum, pois para que um vocábulo seja considerado neologismo, é preciso que ele seja interpretado pelo receptor. Assim, acreditamos que a criação de um significante inédito impediria a comunicação, fato que torna a neologia essencialmente fonológica raríssima.

Poderiam ser incluídos na neologia fonológica as onomatopéias. No entanto, esse tipo de formação não é totalmente arbitrário. Há, embora imprecisa, uma relação entre o vocábulo formado e ruídos e gritos. É, na verdade, a imitação de um som.

Os neologismos sintáticos, bem mais freqüentes, são formados através da combinação de elementos já existentes na língua portuguesa.

No caso da conversão, também conhecida como derivação imprópria, a formação lexical se dá através de alterações em sua distribuição sem que ocorram mudanças na forma.

Os neologismos semânticos ou conceptuais são aqueles em que uma unidade léxica já existente adquire um novo significado. Todos os processos metafórico e metonímico se constituem em neologia semântica. Em alguns casos isso é mais transparente, em outros, menos. Podemos concluir, assim, que há níveis de neologia semântica, o que explica seu menor grau de aceitação em relação à neologia vocalular.

Ainda podemos destacar outros processos enumerados por Ieda Maria Alves: truncação (processo pelo qual há uma abreviação em que uma parte da seqüência lexical, na maioria das vezes a última, é eliminada), palavra-valise (tipo de redução em que dois itens lexicais são privados de seus elementos para formarem um novo: um perdendo sua parte final e o outro, a parte inicial), reduplicação (processo pelo qual a mesma base é repetida duas ou mais vezes) e a derivação regressiva (processo em que a formação lexical resulta da supressão de um elemento, considerado de caráter sufixal).

Há também os neologismos por empréstimo, freqüentemente encontrados em vocabulários técnicos (esportes, economia, informática) e em algumas linguagens especiais como a da publicidade e a das colunas sociais. Os estrangeirismos se integram à língua por adaptação gráfica, morfológica ou semântica. No período de integração é que o estrangeirismo tem sua fase propriamente neológica.

Com base nos estudos aqui apresentados acerca de neologismos e neologia, adotaremos uma divisão que nos pareceu mais adequada ao corpus coletado. Chamaremos de neologismos semânticos os verbetes já dicionarizados com acepção não dicionarizada (nos casos em que um substantivo passa, na linguagem do adolescente, a ser usado como adjetivo ou advérbio, não consideraremos que houve neologia semântica porque todas essas classes são nomes). Neologismos vocabulares será a terminologia utilizada para verbetes não dicionarizados. Classificaremos de neologismos locucionais expressões cujos componentes, separadamente, estão dicionarizados, mas que, juntos, têm um valor semântico novo. Toda vez que julgarmos pertinente, faremos uma observação logo após o (s) exemplo (s).

Breve levantamento de alguns neologismos
presentes nas colunas sociais

Com a finalidade de ilustrar este artigo, retiramos da coluna Gente Boa de Joaquim Ferreira dos Santos os exemplos de neologismos, dentre os quais também destacaremos os estrangeirismos. Usaremos como corpus de exclusão os dicionários Aurélio Século XXI e Houaiss (2001).

 

I) Neologismos Semânticos

ficaram v.i. / ficou v.i,

Gíria de adolescentes para designar um relacionamento amoroso curto e sem compromissos.

Marcelo Novaes e Helena Rinaldi “ficaram” no fim de semana.

O Globo, 29 de setembro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

O alemão Hans Weingartner, diretor de “The Edukators”, “ficou” com Ana Cristina Oliveira...

O Globo, 10 de outubro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

MPB

A tradicional sigla para a Música Popular Brasileira foi cedida ao “Movimento dos Pais do colégio Benett”.

Integrantes do MPB enviaram na sexta-feira uma carta à governadora Rosinha e ao seu marido, o secretário licenciado de Segurança Pública Antony Garotinho.

O Globo, 3 de outubro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

II) Neologismos Vocabulares

canequetes s.f.

Designa as moças tiram fotos das pessoas no Canecão.

As “canequetes”. Para onde vão as fotos que elas tiram e ninguém compra nos shows do Canecão?

O Globo, 3 de outubro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

dasluzete s.f.

Aquela modelo que desfila para a grife Daslu.

... abraçado à atual namorada, a dasluzete Suzana Gullo.

O Globo, 7 de outubro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

delegata s.f.

É um amálgama: a mistura de delegada com gata.

Quando Fernanda Torres leu um trecho em que conta que a delegada Marlene era mais conhecida como “delegata”.

O Globo, 6 de outubro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

Janeura s.m. (Rio de Janeura)

Há um amálgama entre as palavras Janeiro e neura, redução de neurose.

Se a gente morasse em Zurique, tudo bem, mas, neste Rio de Janeura em que vivemos, essa diferença é importante.

O Globo, 12 de outubro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

III) Neologismos Locucionais

ator-encrenca

Um ator que está sempre envolvido em confusões.

Carolina Dieckmann, de brincadeira, mostrou o dedo para os fotógrafos imitando o ator-encrenca: “Paulo Vilhena”, dizia ela.

O Globo, 29 de setembro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

drogaria-com-café

Uma composição por justaposição para designar um lugar que vende remédios e, ao mesmo tempo, é um café.

O samba, a prontidão e a drogaria-com-café são as nossas coisas, são coisas nossas.

O Globo, 17 de julho de 2005, Segundo Caderno, p. 3

homens-sanduíche

Pessoas que trocam dinheiro por vales refeição.

A greve dos bancos triplicou a ocupação das calçadas do Centro por homens-snaduíche que trocam vales por dinheiro vivo.

O Globo, 30 de setembro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

propina-transporteitor

Um transportador de propinas.

As Organizações Tabajara estão lançando, no “Casseta & Planeta” de terça-feira, o “propina-transporteitor”.

O Globo, 17 de julho de 2005, Segundo Caderno, p. 3

Top-mãe / Top-model

Designam, respectivamente, a mãe da modelo e a própria modelo.

Top-mãe: Dona Vânia Bündchen, mãe da top-model Gisele...

O Globo, 5 de outubro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

zoo móvel / zoo ambulante

Um ônibus que transporta animais do zoológico até as escolas.

Zoo móvel: a prefeitura vai ter um zoo ambulante.

O Globo, 10 de julho de 2005, Segundo Caderno, p. 3

IV) Estrangeirismos

make

Redução de make-up, termo que designa maquiagem.

O cabeleireiro Celso Kamura, o mesmo de Marta Suplicy, vem ao Rio daqui a alguns dias para testar os penteados e o make (vulgo maquiagem) que Angélica pretende usar no casamento.

O Globo, 29 de setembro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

papparazzi s.2.g.

Pessoas que estão sempre atrás de artistas para flagrá-los nas mais diferentes situações.

Para azar dos papparazzi que compareceram em peso à festa.

O Globo, 18 de julho de 2005, Segundo Caderno, p. 3

É a primeira oportunidade que os papparazzi têm de fotografá-la.

O Globo, 2 de julho de 2005, Segundo Caderno, p. 3

Continua aquecido o mercado dos papparazzi na cidade.

O Globo, 8 de junho de 2005, Segundo Caderno, p. 3

Shopping-show

Música que o shopping usa como jingle.

Sopping-show: o jingle do BarraShopping, um dos clássicos da publicidade nacional, foi parar na justiça.

O Globo, 2 de outubro de 2004, Segundo Caderno, p. 3

Considerações Finais

Diante do exposto, podemos observar que o estudo do léxico nos mostra como o falante pode ser criativo a partir dos recursos oferecidos por uma língua.

As colunas sociais somadas ao ritmo imprevisível e acelerado da sociedade contemporânea fazem com que a atividade lingüística de criação e ampliação dos significados dos vocábulos fique mais intensa, tornando mais rápido o processo de neologia. Isso nos remete a André Martinet, quando diz que é no léxico de uma língua que são refletidas mais claramente as realidades não-lingüísticas.

Os exemplos mencionados mostram que um estudo acerca da riqueza destas formações de vocábulos pode servir como fonte para outros trabalhos sobre a língua portuguesa e dará conta da descrição de um tipo de linguagem que, diferente do que se costuma apregoar, muito tem de originalidade e riqueza.

Desse modo, vemos a possibilidade de enriquecermos a língua com os neologismos encontrados nas colunas sociais. Isso nos mostra que o léxico é a parte “viva” da língua, que está sempre aberta a inovações oriundas da diversidade dos seus usuários.

 

Referência Bibliográfica

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