LIVRO DIDÁTICO: A EFICÁCIA EM QUESTÃO

Tatiane Marques de Oliveira Martins (UERJ, CMRJ e CSA)

INTRODUÇÃO

Proposta

Pretende-se, neste trabalho, apresentar parte da pesquisa que estamos fazendo acerca da eficácia dos livros didáticos no ensino da Língua Portuguesa. A partir do desmembramento de um capítulo do quarto volume da coleção Português: linguagens, de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, demonstraremos a análise que nos propomos fazer sobre o material didático presente no mercado editorial atual, aceito pelo MEC.

Cada capítulo das unidades do livro é organizado em quatro partes principais (apresentadas, em nossa análise, com a divisão A, B, C, D):

ü Estudo do texto, que objetiva dedicar-se às atividades de compreensão e interpretação textuais;

ü Produção de texto, que objetiva desenvolver a competência textual do aluno, através do trabalho com diversos gêneros;

ü Para escrever com adequação (título variável de acordo com o objetivo do capítulo), é uma seção que trata de assuntos diversos;

ü A língua em foco, que explora conteúdos gramaticais a partir de uma diversidade de tipos de texto.

Basear-nos-emos, em nossa análise crítica, nos aspectos de concepção de linguagem predominante; nas relações entre os textos do capítulo; nas propostas das atividades de escrita. Observaremos, também, o modelo dos exercícios de gramática, identificando se priorizam o ensino de linguagem ou o de metalinguagem e verificaremos a atualidade, ou não, dos assuntos discutidos. Serão propostos também, ao longo dessa análise, exercícios que promovam uma reflexão maior por parte do aluno. Além desses aspectos da linguagem, analisaremos se há coerência entre o que os autores se propõem fazer e o que realmente se encontra nesse material.

É importante esclarecer que, apesar de estarmos debruçados sobre um corpus de dez livros didáticos, de coleções aprovadas pelo MEC, a escolha desse livro específico para ilustrar este texto só não foi aleatória pela nossa grande intimidade com o material, adotado nas escolas em que lecionamos.

Em um primeiro momento, fundamentaremos nossa análise a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e de alguns estudiosos do assunto, analisando o Roteiro do Professor, proposto pelos autores da obra pesquisada. Seguiremos, depois, com a exploração de cada parte do capítulo estudado. Para não ficarmos apenas numa posição privilegiada (críticos), deixaremos anexas diversas questões reformuladas, conforme a visão de ensino que defendemos.

Fundamentação

De acordo com o que estamos vendo, segundo a professora e lingüista Maria Helena Moura Neves, grande parte do trabalho feito, ainda hoje, pelo corpo docente, com base em nossos livros didáticos aprovados pelo MEC, leva os alunos a desaprenderem o pensar sobre a língua e a não mais acreditarem na eficiência da disciplina “gramática” (NEVES, 2003). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), no entanto, preconizam que o domínio da leitura e da escrita por parte dos alunos é de fundamental importância para o desenvolvimento e melhoria da qualidade do ensino, de um modo geral, no país (PCN, 1998: 17). Dessa forma, podemos destacar a real importância do ensino de Língua Portuguesa.

Por serem os livros didáticos um importante – e às vezes único – agente no processo de educação da maioria dos brasileiros, para não continuar ocorrendo o que Maria Helena Neves denuncia, a produção e a escolha desse material não pode deixar de considerar questões importantes de aquisição da linguagem. A adoção de um livro didático que enriqueça o cotidiano da sala de aula e que propicie o desenvolvimento de atividades que aprimorem o aluno enquanto usuário da língua é o passo necessário para um ensino bem sucedido. Os PCN (1999: 18) orientam que as práticas devem partir do uso possível aos alunos para permitir a conquista de novas habilidades lingüísticas.

Torna-se, assim, imprescindível que a prática docente, na condução das aulas de língua materna, esteja em consonância com a concepção de língua existente nesses Parâmetros e que os livros didáticos sejam realmente elaborados de acordo com tais exigências. Magda Soares, por exemplo, autora também de coleções didáticas, afirma que a linguagem é, ao mesmo tempo, o principal produto da cultura, e é o principal instrumento para sua transmissão (SOARES, 2001: 16). Lemos nos PCN (1999: 20) que:

Língua é um sistema de signos específico, histórico e social, que possibilita a homens e mulheres significar o mundo e a sociedade. Aprendê-la é aprender não somente palavras e saber combiná-las em expressões complexas, mas apreender pragmaticamente seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas entendem e interpretam a realidade de si mesmas.

Baseados na citação acima, afirmamos ser inadmissível que ainda hoje muitos professores de língua portuguesa não estejam realmente aptos a ensinar a língua materna. Nossa concepção metodológica, orientada pelos PCN (1999: 19), enfatiza que:

O domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o domínio da língua, como sistema simbólico utilizado por uma comunidade lingüística, são condições de possibilidade de plena participação social. Pela linguagem os homens e as mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam e defendem pontos de vista, partilham ou constroem visões de mundo, produzem cultura.

É relevante destacar que não desprezamos o ensino de ortografia, concordâncias, regências, entre outros. Condenamos, no entanto, estratégias de ensino que não consideram a importância dos conteúdos na resolução de problemas da vida real dos alunos. O professor deve questionar-se sempre sobre os métodos utilizados e seus objetivos. De seu trabalho não podem desaparecer em momento algum duas perguntas: a) Por que é importante que meus alunos aprendam tal conteúdo?; b) Para que meus alunos precisam aprender esse conteúdo?

Quanto ao tratamento didático que deve ser despendido aos conteúdos, acreditamos

... que os princípios organizadores dos conteúdos de Língua Portuguesa (USO → REFLEXÃO → USO), além de orientadores da seleção dos aspectos a serem abordados, definem, também, a linha geral de tratamento que tais conteúdos receberão, pois caracterizam um movimento metodológico de AÇÃO → REFLEXÃO → AÇÃO que incorpora a reflexão às atividades lingüísticas do aluno, de tal forma que ele venha a ampliar sua competência discursiva para as práticas de escuta, leitura e produção de textos (PCN, 1999: 65).

Apesar de apresentarem um discurso coerente com a visão acima, William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães não conseguem manter essa concepção no decorrer da obra. Eles iniciam o Manual do Professor (MP), dizendo no segundo parágrafo (MP, 2002: 2):

Nesta edição, procuramos confirmar e aprofundar os rumos traçados na 1a edição. Por exemplo, a proposta de um trabalho consistente de leitura, com uma seleção de textos de autores representativos da cultura contemporânea e comprometida com a formação de leitores competentes de todos os tipos de textos e gêneros em circulação social; uma abordagem da gramática que, sem renunciar à gramática normativa, alarga o horizonte dos estudos de linguagem, apoiando-se nos recentes avanços da lingüística e da análise do discurso; uma proposta de produção textual apoiada na teoria dos gêneros textuais ou discursivos e na linguagem textual; e o interesse em explorar (seja na condição de receptor, seja na de produtor) outras linguagens, além da verbal, como a pintura, o Cartum, a charge, o anúncio publicitário etc.

Algumas linhas à frente acrescentam:

Esta obra parte do princípio de que o caminho para a renovação do ensino de língua, e principalmente de gramática, não implica uma ruptura com os conteúdos histórica e culturalmente adquiridos, como, por exemplo, substantivo, sujeito, concordância, etc. Nem se trata tampouco de omitir nomenclatura ou de substituí-la por outra, desta ou daquela teoria lingüística. O esforço desta obra consiste em dar um novo tratamento a esses conteúdos, que passam agora a ser vistos também pela perspectiva da semântica, da estilística, da lingüística e da análise do discurso.

E fecham a proposta de trabalho na introdução, ainda na mesma página, apresentando seu pensamento sobre o que o “ensino de português” deve abordar “a leitura, a produção de texto e os estudos gramaticais sob uma mesma perspectiva de língua – a perspectiva da língua como instrumento de comunicação, de ação e de interação social”.

Como podemos perceber, esses autores mostram-se a par das novas tendências pedagógicas, mas mantêm-se estáveis em sua conduta, alterando somente – segundo informam – o modo como os conteúdos previstos são tratados. Mostraremos, no entanto, ao longo da análise do capítulo estabelecida, que, apesar de apresentarem na teoria esse “novo tratamento”, Cereja e Cochar não conseguem, na hora de explorar os conteúdos gramaticais previstos no capítulo, desligar-se de uma nomenclatura vazia de significados para o aluno, baseada numa modalidade padrão da língua escrita e totalmente descontextualizada do tema da unidade.

Maria Helena Neves (2003) defende que a pesquisa lingüística se baseie na valorização do uso lingüístico e do usuário da língua e que a escola tenha como foco principal a construção do sentido do texto (uma das competências exigidas nos PCN). A autora, no entanto, constata – dentre as várias críticas que faz ao ensino da Língua Portuguesa nos níveis fundamental e médio – que a escola centraliza seu trabalho na modalidade padrão da língua escrita e se esquece de tornar-se um espaço para a vivência da língua materna, na modalidade escrita ou falada, padrão ou não-padrão. Segundo ela, é necessário ensinar a criança a refletir sobre o texto. Essa carência provém, contudo, de uma crença (já ultrapassada, mas ainda muito em prática!) na onipotência da gramática normativa. Se não onipotência, pelo menos um ranço difícil de se largar. Relembremos as palavras, já citadas anteriormente, dos autores do livro didático pesquisado: “sem renunciar à gramática normativa” e “o caminho para a renovação do ensino de língua, e principalmente de gramática, não implica uma ruptura com os conteúdos histórica e culturalmente adquiridos”. Sabemos hoje, porém, a partir de larga literatura na área, que escrever e também falar não dependem necessariamente dessa gramática, pois essas duas tarefas não pressupõem apenas executar certo ou errado determinados padrões lingüísticos. Por isso, apesar de os livros didáticos abrirem o espaço para uma “perspectiva da língua como instrumento de comunicação, de ação e de interação social”, há tanta dificuldade na aprendizagem.

ANÁLISE DO CAPÍTULO

Vejamos, então, algumas questões práticas do capítulo-modelo de nossa pesquisa. A unidade inteira explora o tema Juventude. E a expressão “O jovem, o sonho, a utopia” intitula o capítulo. Após esse título, são apresentadas algumas afirmações com base em um senso-comum e perguntas sobre os jovens de hoje em relação aos do passado. Tanto as afirmações, quanto as perguntas são expostas seguidamente sem que se dê a oportunidade de pensar em seus valores. Perguntamo-nos, então, o que possibilita juntar, no título, os substantivos “jovem”, “sonho” e “utopia”. Que relações podemos estabelecer entre esses termos? Que expectativas os alunos têm em relação a essas palavras? Questões desse tipo precisam ser feitas aos alunos, se não formalmente expostas no livro, pelo menos numa indicação dos autores aos professores, pois conhecemos bem a realidade do corpo docente atual e as dificuldades existentes para explorar algo além do estabelecido.

Continuando a leitura visual da página, encontramos, logo depois das perguntas mencionadas, o texto O não, o sim, a felicidade, de Ignácio de Loyola Brandão. É importante mencionar que não há marca gráfica alguma, indicando cortes de partes do texto.

Lendo a crônica, percebemos, logo no início, que apesar de o autor mostrar claramente as diferenças entre os jovens de hoje e os de antigamente, há uma incoerência quanto a uma das perguntas motivadoras que antecedem o texto. Vejamos: se o livro foi publicado em 2002 – espera-se uma vida útil do material didático de pelo menos três anos – e o texto menciona a década de 50, como pode se fazer a pergunta “Como era ser jovem há quarenta anos?”. Ficam faltando alguns anos para chegarmos, pelo menos, à data dessa segunda edição (50 + 40 = 90).

Seguindo o texto, encontramos a exposição de um glossário formado a partir de palavras que, pressupõe-se, sejam mais difíceis à faixa etária do grupo. Esse ponto, porém, apenas apresenta os verbetes com seus significados “lançados”, sem nenhum trabalho questionador ou motivador para a aquisição real de vocabulário e sentidos. É importante ressaltar que, apesar de, no Manual do Professor, o vocabulário ser um tópico a ser explorado pela seção intitulada “A linguagem do texto”, vamos constatar um desencontro entre as palavras do glossário e as questões produzidas em tal seção.

Estudo do texto

Compreensão e interpretação

Os exercícios de compreensão e interpretação baseiam-se, praticamente, na verificação da leitura. Não nos parece que os autores tenham a preocupação em aprofundar a leitura nem buscar a produção de inferências. Vejamos um exemplo de questão:

O texto põe em discussão a mudança de atitudes e valores que ocorreu nas últimas décadas, opondo duas gerações: a geração de quarenta anos atrás, quando o narrador era jovem, e a geração dos jovens de hoje.

Observe o título do texto. Qual é a geração do “sim” e qual é a geração do “não”? (CEREJA, 2002: 16, questão 1)

A proposta de resposta dos autores é: “A geração do ‘sim’ é a atual; a geração do ‘não’ é a de quarenta anos atrás”. Se observarmos, porém, com mais atenção o enunciado, constataremos que houve uma total condução para o aluno concluir algo que está mais do que óbvio. Como parte da sociedade em que vivem, os jovens sabem que pertencem a um tempo diferente do passado. Sabem que o namoro, a sexualidade, a liberdade são vistos e vividos de um modo diferente. Isso aparece o tempo todo nos programas de televisão, nos impasses com os mais velhos etc. Além disso, o enunciado indica que o texto apresenta “a mudança de atitudes e valores”. Ele induz à resposta.

Para resolver esse tipo de questão, o aluno não precisa fazer muito esforço. Não parece haver questionamentos que exijam do discente raciocínio lógico ou reflexão sobre o que leu. Se esse mesmo ponto fosse abordado de uma outra forma, o aluno teria que desenvolver mais a sua capacidade de raciocínio. Exemplo:

1) Você acabou de ler um texto cujo título – “O não, o sim, a felicidade” – dá-nos algumas dicas. De acordo com as questões apresentadas por Ignácio de Loyola Brandão, responda:

a) O que o autor põe em discussão?

b) Que recurso o autor utiliza para embasar a discussão aberta?

(Outras questões como essa poderão ser comparadas com as do livro, no Anexo I).

A.2 – A linguagem do texto

De acordo com o Manual do Professor, a seção intitulada “A linguagem do texto” pretende promover um estudo da linguagem do texto lido (MP: 2002, 3).

Nesse primeiro capítulo, há apenas três questões, para cumprir tal finalidade. A primeira refere-se à percepção do uso de palavras fora de sua classe gramatical de origem. Não há, no entanto, nenhuma alusão ao processo de Conversão (chamado na página 172 de Derivação Imprópria). Como esse processo será trabalhado em outra Unidade dessa mesma obra, consideramos interessante fazer referência a isso, para que não fique jogada uma idéia sem embasamento teórico ou fundamento algum. Essa alusão poderia ser utilizada para mostrar que os conhecimentos não são estanques, ao contrário, somam-se sempre.

A questão seguinte objetiva, simplesmente, “traduzir” expressões em linguagem conotativa em um sentido inteligível denotativamente. E a última questão requer do aluno apenas a identificação do sentido de alguns sinais gráficos, bastante comuns em histórias em quadrinhos.

Retomando o sumário da obra, encontramos, como conteúdo gramatical do capítulo, as orações subordinadas substantivas – desenvolvidas e reduzidas. Conforme destacado acima, segundo o Manual do Professor, essa seção visa à promoção de um estudo da linguagem do texto. Será que não há, em parte alguma do texto, construções que permitam refletir sobre esse tópico gramatical e, com isso, possibilitar uma ponte para a sistematização desse conteúdo?

As propostas de análise e produção de conhecimentos gramaticais preenchendo esse objetivo virão junto com a análise da seção “A língua em foco”. Destacaremos, no entanto, a necessidade de trazer para o aluno uma leitura cuidadosa das expressões contidas na segunda questão. É necessário que ele perceba que essas relações metafóricas só são possíveis devido a um conhecimento que ele partilha com os demais membros do seu contexto sócio-cultural. Por exemplo, dependendo da sociedade, casa-se de branco (ocidente) ou de vermelho (China). Enquanto para os ocidentais o preto significa luto, para outras culturas (na Índia, por exemplo) remete à vida, por ser a união de todas as cores. Com esse mesmo raciocínio, o branco – nosso símbolo de paz –, para os indianos, sendo a ausência de todas as cores, simboliza a morte.

Com relação à última questão dessa seção, seria importante buscar sentido para o uso dos sinais gráficos representando os palavrões, e não, como já mencionamos, sua simples tradução.

2) Por que o autor não explicitou os palavrões no texto?

3) Que variedade lingüística prevalece nessa crônica?

A.3 – Cruzando linguagens

Essa seção tem como objetivo produzir uma leitura comparativa entre o texto principal do capítulo e outro texto com um tipo de linguagem diferente – seja verbal, não verbal ou mista.

Nesse capítulo, encontramos um cartum de Quino bastante interessante e coerente com o tema explorado até então. Infelizmente, as questões geradoras de leitura do Cartum e cruzamento de conhecimentos não exploram algo fundamental para que o leitor se torne autônomo e crítico. Isto é, mais uma vez percebemos que os enunciados induzem o aluno a chegar à resposta pretendida em vez de motivá-lo a descobrir por conta própria tal resposta. Vejamos alguns exemplos (CEREJA, 2002: 19, questões 1 e 2):

O Cartum está dividido em três cenas. Na primeira cena, um homem está caminhando em direção ao futuro. Observe seus gestos, sua expressão física e a linha que indica a trajetória de seus passos. O que eles significam?

Na segunda cena, a expressão facial e corporal do homem se modifica. O que há em comum entre a expressão do homem e o pensamento dele?

Se pararmos para analisar a situação, esse é o primeiro capítulo da Unidade I. É a primeira vez, portanto, que aparece, nesse livro, um texto cuja linguagem predominante é a não-verbal. Sem se preocupar com tal fato, os autores não apresentam aos alunos como se faz a leitura de um texto assim. Eles, apenas, expõem, no enunciado, o caminho que, na verdade, o aluno é que deveria percorrer. Como levar esse aluno a ler criticamente um texto, sem entregar-lhes o mapa decifrado? (Questões propostas no Anexo II)

A.4 – Trocando idéias

Essa seção apresenta perguntas motivadoras para que se crie um debate em sala sobre questões relacionadas à temática do capítulo. Não sentimos necessidade direta de fazer alterações nas propostas, visto que objetivam, apenas, promover o início de uma discussão que deverá ser enriquecida pelo professor-mediador desse trabalho. Acrescentamos, somente, uma questão com base em definições, para que o aluno estabeleça conceitos corretos sobre termos fundamentais para o entendimento das relações sociais.

4) Para o narrador do texto “O não, o sim, a felicidade”, “confundiu-se liberdade com permissividade”.

a) O que é “ser livre”?

b) Quando somos livres?

c) Qual a diferença entre “liberdade” e “permissividade”?

Como essa seção pretende explorar uma discussão por parte dos alunos, seria interessante que o professor lhes pedisse que trouxessem recortes de jornais e revistas, com exemplos de atitudes atuais da juventude ou discussões a respeito da educação dos jovens hoje, tão presentes na mídia.

Produção de texto

Após a leitura do conto “Ao apagar das luzes”, de Lya Luft, publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 10/4/2002, os autores iniciam um trabalho de exploração do texto e, através dos enunciados das questões, explicam pontos importantes sobre gêneros narrativos, direcionando para o conto.

Percebemos, nessa seção, três pontos relevantes a destacar, a fim de propor mudanças: a) as questões iniciais de compreensão exigem, apenas, identificações e decodificações de partes do texto, sem uma exploração mais profunda de significados; b) os enunciados, verdadeiros parágrafos informativos, acabam por expor pontos aos quais o aluno deveria ser levado a chegar através de reflexões lógicas; c) a única relação estabelecida entre o texto de Lya Luft e o de Ignácio de Loyola Brandão é que este é uma crônica e aquele um conto. Nenhum comentário ou pergunta se faz sobre a relação temática.

(Questões propostas no Anexo III)

Para escrever com adequação

O título dessa seção é bastante sugestivo. A proposta, no entanto, não o confirma, na medida em que os exercícios exigem apenas a identificação da teoria apresentada e o aluno não é levado a produzir algum texto escrito.

Vamos considerar que, para uma construção de conceitos e verificação de aprendizagem inicial – apesar de não concordarmos totalmente com a forma como o conteúdo “Discurso Indireto Livre” foi transmitido ao aluno –, os itens propostos são razoáveis. Iremos, portanto, nessa parte do capítulo, apenas acrescentar um exercício que justifique o título “Para escrever com adequação”.

5) Você já fez a leitura crítica do cartum de Quino, quando trabalhou a seção “Cruzando linguagens”. Para comprovar que entendeu bem a estrutura do discurso indireto livre e sabe utilizar cada um dos discursos adequadamente, narre, em poucas linhas, os fatos que ocorrem naquele cartum, utilizando a fala presente no segundo quadro para apresentar seu conhecimento sobre esse conteúdo. Apresente uma versão para cada um dos três tipos de discurso (discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre).

A língua em foco

Estamos na última parte do capítulo: a seção em que se propõe trabalhar especificamente o conteúdo gramatical. Desligando-se totalmente da temática do capítulo, os autores apresentam uma tira em quadrinhos, com o único fim de identificar termos, especificar nomenclatura e conduzir o aluno a uma conceituação – principalmente classificatória – de oração subordinada substantiva.

Nas páginas seguintes a essa “construção de conceito”, encontram-se os tipos dessas orações, com exemplos soltos, em frases descontextualizadas. Alguns exercícios de percepção dos diferentes tipos de orações subordinadas até podem ser utilizados, mas nada que vá além do estritamente necessário, para o conhecimento da estrutura. Lembremos que a gramática em si não é a finalidade da nossa disciplina. Ela é mais uma ferramenta que o discente deverá dominar na prática – e não na teoria – para exercer a sua competência enquanto agente de leitura e de escrita.

(Questões propostas no Anexo IV)

CONCLUSÃO

Com o objetivo de desenvolver uma percepção mais clara do que é uma leitura profunda, uma leitura além do que está explícito nas linhas para ser decodificado, várias questões foram elaboradas por nós na exposição desses exercícios. Perguntas como: “O que está por traz das escolhas vocabulares, das escolhas sintáticas?”, “Que conhecimentos são pré-requisitos para a leitura de cada texto?” ou “Como a construção de um texto influi nas informações transmitidas, nas intenções?” nortearam nossas propostas ao longo desse trabalho.

É preciso destacar que nossa meta não é recriar um livro didático, mas apenas mostrar que, muitas vezes, basta reformular o modo como algumas questões estão sendo cobradas, ou ainda, explorar um pouco mais algumas possibilidades. Afinal, o objetivo maior do ensino de língua materna, segundo os PCN, como já até destacamos, é dotar o aluno da capacidade de ler, de observar, de pensar e de expor suas reflexões através de uma produção escrita crítica, pautada, prioritariamente de acordo com as necessidades sociais, na variedade culta da língua.

É surpreendente constatar que as considerações iniciais dos autores, constantes no Manual do Professor, vão de encontro ao que o livro apresenta ao longo dos textos e dos exercícios propostos. Principalmente no que diz respeito ao modo raso de tratar discussões que oportunizariam debates construtivos entre os alunos da série em questão.

Sob o mesmo ponto de vista, a maneira como os aspectos gramaticais são explorados não colabora com essa discussão de assuntos interessantes ao alunado jovem. Detectamos, ainda mais gravemente, que a unidade estudada – no que diz respeito à exploração dos conhecimentos lingüísticos – não consegue harmonizar teoria gramatical e compreensão e interpretação dos textos de cada capítulo. Perde-se, dessa forma, a oportunidade de concretamente contextualizar elementos morfológicos, sintáticos e estilísticos que colaborariam – e muito – no enriquecimento da competência oral e escrita do aluno.

Precisamos ressaltar a grande lacuna encontrada no material: as seções destinadas ao estudo de gramática comportam-se como material à parte das outras seções de cada capítulo. O material selecionado – tiras, charges, propagandas, entre outros – parece que são utilizados apenas para que haja comprovadamente tipos variados de textos e, dessa forma, se possa dizer que o livro abrange uma variedade de gêneros textuais, permitindo uma maior reflexão e amadurecimento desse aluno-leitor. É penoso constatar, no entanto, que textos com uma enorme riqueza de significados são colocados, única e exclusivamente, com a finalidade de se fazerem perguntas cujas respostas resumem-se à identificação de uma determinada classe gramatical, uma função sintática ou qualquer outra percepção vazia de reflexões ou maiores significados (CEREJA, 2002: 26, 30, 43, 46, 50, 63, 64, 68, 70). Destacamos de outro capítulo, para comprovar a manutenção da estrutura detectada, o texto “Vovó poderosa”, cujo título já traz uma enorme riqueza de significados, principalmente se relacionado ao texto que o segue. Pede-se, no entanto, ao aluno que apenas “Identifique no texto (...) os pronomes relativos e seus antecedentes” (2002: 46). Isso, infelizmente, confirma que as notícias, charges, quadrinhos são somente um rosto mascarado para apresentar aquela mesma estrutura gramatical já tão conhecida nossa, isto é, volta-se – ou se mantém – o estudo da metalinguagem.

É necessário que nos questionemos sobre o ato de estudar: o que é estudar? É pegar o caderno ou uma gramática para saber, por exemplo, o que é uma oração subordinada substantiva objetiva direta, reduzida de infinitivo? Estudar não pode ser ler e reler um texto, em busca do sentido? Escrever e reescrever um texto, em busca de uma interação adequada com um leitor? Refletir sobre uma estrutura lingüística, em busca do sentido que ela acrescenta ao texto?

Se o trabalho proposto pelos autores no Manual do Professor fosse efetivamente explorado, essa variedade textual – hoje jogada – nas páginas dos livros didáticos, certamente, motivariam o enriquecimento da competência oral e escrita por parte dos discentes. Enriquecimento esse, ressaltemos, tanto almejado pelos educadores e proferido nos PCN.

Precisamos, na verdade, – a sociedade como um todo – ressignificar o sentido de estudar, pois, infelizmente, carregamos um peso muito grande da tradição sobre o conceito de estudo e também de gramática.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico – o que é, como se faz. 14ª ed. São Paulo: Loyola, 1999.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. 8ª série. 2ª ed. São Paulo: Atual, 2002.

FARIA, Ana Lúcia Goulart de. Ideologia no livro didático. São Paulo: Cortez, 1989.

NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola? São Paulo: Contexto, 2003.

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2001.

ANEXOS

ANEXO I

Propostas de questões de compreensão e interpretação

1) Nos primeiros parágrafos do texto, o autor descreve formas diferentes de educação familiar. Identifique dois modos de educar do passado e faça a correlação com dois modos do presente.

2) O que o autor expõe sobre a forma de educar atual condiz com a educação que você recebe? Justifique, relatando um exemplo prático.

3) Segundo o narrador, no passado, o relacionamento entre pais e filhos era difícil e autoritário e o jovem tinha pouca liberdade. Apesar disso, o narrador, hoje, não vê apenas o lado negativo daquele tipo de relacionamento. Transcreva, do sexto ou do sétimo parágrafo, apenas o trecho que justifique essa idéia.

4) De acordo com as idéias gerais do texto, explique por que o autor, hoje, consegue enxergar um lado positivo na educação do passado – a educação que ele recebeu?

5) A nossa formação moral se baseia no princípio de que mentir é errado. No entanto, segundo o autor, o não, muitas vezes, gerava a mentira e a hipocrisia.

a) Com que finalidade se mentia naquela época?

b) Nesse contexto, mentir se torna positivo ou negativo? Por quê?

c) Identifique uma situação atual em que a mentira é positiva e outra em que é negativa. Justifique a necessidade ou não da mentira.

6) Ao contrário dos jovens de antigamente, a expectativa que o autor apresenta sobre a juventude atual é que ela não cometa “erros infantis” (15o. §).

a) Em que tipos de “erros infantis” o contexto nos leva a pensar? Indique pelo menos três.

b) Por que os jovens de hoje, em oposição aos do passado, não poderiam cometer esse tipo de erro?

7) Relendo o penúltimo parágrafo, vemos que o autor apresenta sonhos, angústias, preocupações dos jovens dessas duas gerações distintas.

a) Identifique a grande diferença na conduta dos pais do passado em relação à postura dos de hoje.

b) O narrador considera as angústias dos jovens atuais mais complexas que as do passado. Justifique essa posição.

c) Comparada à geração atual, que qualidade o narrador vê nos jovens da sua geração?

8) Eu tenho um sonho: estudar e me formar.

Eu tenho um projeto de vida: estudar e me formar.

Podemos dizer que “ter um sonho” e “ter um projeto de vida” apresentam valores semânticos distintos? Justifique sua resposta e transcreva do penúltimo parágrafo somente o trecho que indica o que, segundo o autor, a geração atual busca.

9) Releia, com atenção, o último parágrafo. O autor apresenta sua posição final a respeito da discussão iniciada? Justifique sua resposta com dados desse parágrafo.

10) O título do texto confirma a posição final do autor? Justifique.

ANEXO II

Propostas de questões para se aprender a ler um texto não-verbal

Quando seu pai ou sua mãe chega à casa de noite com um semblante fechado, irritado, mostrando pouca paciência, você se sente seguro e animado para pedir-lhes algo que tanto deseja, mas que não pode correr o risco de receber uma resposta negativa?

Pois é, lembrando um pouco o que você já aprendeu nas séries anteriores, a leitura não se resume ao entendimento das palavras que estão escritas em um papel. O ser humano lê no dia-a-dia a imagem do outro, as posturas do outro, as cores da paisagem, os fenômenos da natureza. Tudo isso nos traz informações.

Agora, com um olhar atento a tudo que aparecer na sua frente, comece a ver – ler – o que o cerca com mais cuidado. E, para treinar esse olhar, leia este Cartum, de Quino (ver página 18):

11) Agora que você já conhece um trabalho desse cartunista, procure descobrir o que você e seus colegas, com a ajuda do professor, sabem sobre Quino e sobre o que é um cartum.

12) Com o objetivo de verificar – e também aprimorar – a sua capacidade de leitura de um texto de linguagem mista, responda às questões abaixo ou siga as instruções.

a) Em quantas partes se divide o cartum?

b) Narre, resumidamente, os acontecimentos presentes em cada quadro.

c) Descreva fisicamente as personagens e o ambiente.

13) Agora que você construiu uma leitura detalhada do cartum, relacione o seu conhecimento de mundo ao que está explícito, para tirar suas próprias conclusões.

a) O que representam, na nossa cultura, uma postura abatida, olhos caídos, corpo curvado?

b) E uma postura ereta, braços firmes, abertos, cabeça erguida, olhos expressivos e sorriso nos lábios?

Relacione, agora, as posturas da personagem principal com todo o conteúdo escrito, presente no Cartum. O que podemos inferir?

14) Algumas expressões populares têm seu sentido alterado ou deturpado por ignorância do povo ou má fé de alguns que lhes impõem outras interpretações. Você conhece a expressão “A coisa ‘tá preta”?

a) Explique o sentido dela no seu entender.

b) Pesquise o sentido real dessa expressão.

c) É possível associar a idéia dessa expressão ao futuro do jovem retratado por Quino e por Inácio de Loyola Brandão? Justifique.

15) Em relação ao jovem de hoje e ao futuro da humanidade, esse cartum apresenta uma visão mais otimista ou mais pessimista que o texto de Loyola? Justifique sua resposta. (CEREJA: 2002, p. 19, adaptada).

16) Na sua opinião, a resposta a que você chegou na questão seis se baseou predominantemente no conteúdo em geral ou foi mais influenciado pela parte visual? Justifique.

17) De acordo com as suas conclusões acima, produza um parágrafo crítico que discuta o poder da imagem na sociedade atual.

ANEXO III

Propostas de questões para a leitura do conto

18) O conto que você acabou de ler pertence ao grupo de tipos de textos do gênero narrativo. Esse texto ficcional caracteriza-se por ser curto, apresentando poucas personagens, poucas ações e tempo e espaço reduzidos. O primeiro texto lido neste capítulo não é conto. É uma crônica. Pesquise quais são as semelhanças e quais as diferenças existentes entre esses dois tipos de texto. Verifique os elementos da narrativa, o público-alvo, a linguagem utilizada.

19) Você já aprendeu anteriormente os elementos da narrativa. Relembrando quatro dentre os cinco elementos, identifique, no conto lido:

a) as personagens envolvidas nessa história.

b) o local onde acontecem os fatos.

c) marcas textuais que indiquem o tempo em que se desenrolam as ações.

d) o tipo de narrador.

20) De acordo com as marcas textuais indicativas de tempo, pode-se identificar se é um tempo cronológico ou psicológico? Justifique.

21) Como você deve saber, enquanto na crônica as personagens são, em geral, mostradas de forma superficial, no conto, características psicológicas mais complexas são exploradas na criação delas. Em “O apagar das luzes”, duas personagens se destacam: a família – personagem coletiva – e o filho mais moço. Caracterize psicologicamente essas duas personagens.

22) Nos gêneros narrativos, a seqüência de fatos que mantêm entre si uma relação de causa e efeito constitui o enredo. O conto tradicional estrutura-se seqüencialmente com introdução, complicação, clímax e desfecho. Isso se modifica, no entanto, em relação ao conto moderno, que não obedece a uma seqüência fiel e pré-estabelecida. Leia os dois quadros da página 22 (“A estrutura do enredo” e “O conflito”) e, depois, faça o que se pede.

a) Identifique o conflito do conto lido.

b) Identifique o momento de maior tensão.

23) Quando lemos um texto, dialogamos com ele. Isto é, relacionamos o conteúdo expresso no texto com o nosso conhecimento de mundo. São esses conhecimentos que possibilitam uma maior ou menor compreensão do que está sendo lido e que completam as lacunas, as brechas, intencionais ou não, deixadas pelo autor. Apesar de as expectativas criadas pelo leitor poderem se confirmar ao longo da leitura, muitas vezes algumas delas são quebradas, isto é, tornam-se impossíveis.

a) A partir somente do conto lido, dê uma explicação coerente para o desfecho da história sem solução ou revelação.

b) Considere, agora, um dado novo: esse conto foi escrito por encomenda de O Estado de São Paulo, que pediu a alguns escritores que escrevessem sobre a escassez de energia elétrica entre os anos 2001 e 2002. A partir dessa informação, não conhecida por você anteriormente, que intenção há no desfecho do conto lido?

c) A falta de luz impossibilita efetivamente o diálogo entre as pessoas ou se transforma em uma desculpa ou fuga? Por quê?

24) O conto lido foi escrito com base em que variedade lingüística? Transcreva um período que ilustre sua resposta.

25) É possível identificar um tempo verbal predominante? Justifique sua resposta.

26) Com base numa leitura reflexiva, compare a atitude do filho mais novo, desse conto, com a postura dos jovens, traçada por Ignácio de Loyola Brandão nas duas épocas apresentadas por ele: a antiga e a atual.

27) “Agora é a sua vez”. Você vai criar o seu conto. Apodere-se do desfecho de Lya Luft e transforme-o no conflito de sua história. Apresente suas personagens em uma situação narrativa, tendo como base as questões discutidas nesse capítulo: o jovem, o sonho, a utopia.

Ao produzir seu texto, lembre-se de que ele será publicado no livro de contos de sua turma, portanto, será lido por várias pessoas – colegas, pais, amigos, professores de outras disciplinas – além de seu professor de redação.

Antes de escrever, crie seu roteiro para saber como utilizar o conflito proposto e como superá-lo para a produção do desfecho. Dessa vez, você deverá construir seu texto com base no modelo tradicional de conto (introdução, complicação, clímax e desfecho).

Redija seu texto de acordo com a variedade culta da língua. E, antes de passar seu rascunho a limpo, veja se você colocou em prática o que aprendeu sobre a estrutura dos contos.

ANEXO IV

Propostas de exercícios do conteúdo gramatical exigido

28) Todos os trechos destacados abaixo foram retirados do texto que você leu no início do capítulo. Agora que você já conhece a estrutura das orações subordinadas substantivas, observe atentamente cada um deles e depois faça o que se pede.

ü “Chegar de volta às dez da noite, em ponto, era arriscado.” (5o parágrafo)

ü “Não adiantava bater na janela do irmão (...)” (6o parágrafo)

ü “Ali aprendemos que a vida era assim, uma camisa-de-força (...)” (7o parágrafo)

ü “ (...) espera-se que não cometam erros infantis” (15o parágrafo)

a) Todos os trechos apresentam orações subordinadas substantivas?

b) Se você tivesse que agrupar esses trechos por características comuns no que diz respeito à presença ou não de conectivo específico introdutor desse tipo de oração, como você faria?

c) Destaque os verbos das orações e observe sua forma.

d) Que papel/função cada oração subordinada substantiva está exercendo no período?

e) Tente reescrever cada trecho, retirando o conectivo quando houver (reduza as orações subordinadas) e colocando-o quando não houver (desenvolva as orações reduzidas).

f) Que diferenças expressivas você percebeu? Que períodos ficaram mais claros ou melhor construídos?

29) Releia os dois primeiros períodos do último parágrafo do texto, destacado abaixo, e, depois, leia as frases que seguem:

“Nós não acreditamos que nossos pais saibam. Nossos filhos acreditam que não nos incomodamos com eles, que os abandonamos no mundo. Uma geração teve o não. A outra teve o sim. Somos felizes? Nossos filhos serão?” (último parágrafo)

Nós não acreditamos nos nossos pais.

Nossos filhos acreditam em abandono paterno.

a) Observe o uso do verbo acreditar em todos os casos dessa questão.

b) Levante hipóteses: por que o verbo acreditar foi utilizado de modo diferente no período simples e no período composto?

c) O verbo saber no primeiro período do exemplo tirado do texto exige um complemento que não foi expresso. Reescreva esse período, dando ao verbo saber um complemento oracional que mantenha a idéia do texto.

30) Leia as duas construções abaixo:

É fato que os pais de hoje não dizem “não”.

É pena que os pais de hoje não dizem “não”.

Dentre as diversas escolhas que se pode fazer para expor a proposição “os pais de hoje não sabem dizer ‘não’”, escolhemos duas para que você possa pensar sobre seus valores semânticos.

Observe, atentamente, a relação de subordinação existente entre as orações em cada um dos períodos e responda às questões propostas.

a) Em qual das duas opções a proposição é apresentada de forma imparcial? Justifique com exemplos da (s) frase (s).

b) De acordo com essa leitura, que frase deveria ser utilizada em: 1) uma pesquisa estatística; 2) uma entrevista com um educador, que expõe seu ponto de vista a respeito da formação dos jovens atuais? Justifique.

c) Reescreva a primeira frase, substituindo a oração subordinada substantiva subjetiva, por uma predicativa.

d) Reescreva a segunda frase, reduzindo a oração subordinada.

 

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