PODER E POLIDEZ NOS QUADRINHOS
UMA ANÁLISE PRAGMÁTICA
DA PERSONAGEM JANDIRA

Joseane Serra Lazarini Pereira (UFES)

 

INTRODUÇÃO

Por que conversamos? Porque sentimos necessidade de nos aproximarmos e nos relacionarmos com outras pessoas. Nem tudo o que falamos durante uma conversa tem grande importância, mas o próprio ato de nos aproximarmos de outrem revela a nossa característica de seres sociais, empenhados em nossas interações.

A Pragmática trata justamente dos significados resultantes das relações pessoais. Por isso, ela “se propõe a dar conta das pessoas e do que elas têm em mente.” (Lins, 2002: 53). Tudo o que envolve relacionamentos, ou seja, atitudes, intenções, objetivos do falante, mecanismos de controle para manipular e manter as relações sociais, é objeto de estudo da Pragmática.

Diante disso, o objetivo deste trabalho é observar, especialmente pela teoria da polidez estabelecida pela Pragmática, os mecanismos de polidez utilizados ou não em uma interação de quadrinhos, pela personagem Jandira, tendo como base a relação de poder exercida por ela. Antes, porém, estudamos algumas noções primordiais, como a noção de face e o princípio da cooperação, que dão suporte à teoria da polidez, a fim de compreendermos melhor o processo pragmático de construção de face utilizado pela personagem em análise.

Para concretizarmos a análise, utilizamos seis tiras do livro O bom humor de Gervásio...e o mau humor da Jandira, selecionadas de acordo com o propósito do trabalho: reconhecer a utilização ou não dos mecanismos de polidez nas falas e no comportamento de Jandira, e se o uso da polidez pode se relacionar com o exercício do poder.


 

A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM

Segundo Goffman (1985),

Quando um indivíduo desempenha um papel, implicitamente solicita de seus observadores que levem a sério a impressão sustentada perante eles. Pede-lhes para acreditarem que o personagem que vêem no momento possui os atributos que aparenta possuir, que o papel que representa terá as conseqüências implicitamente pretendidas por ele e que, de um modo geral, as coisas são o que parecem ser. (p. 25).

Em nossa dinâmica de seres sociais, interagimos de diferentes formas tendo diferentes objetivos. Entretanto, um objetivo é certo: o de sermos aceitos pela sociedade. Dessa forma, nos tornamos grandes atores no drama da vida real e a impressão deixada para os nossos espectadores servirá para a construção de uma imagem positiva ou negativa.

Em outras palavras, a imagem que estabelecemos depende de palavras e comportamentos que vamos desempenhando no dia-a-dia. Esse desempenho está relacionado aos tipos de máscaras, ou mais precisamente, de faces que queremos constituir. “Essa visão nos mostra que o homem representa papéis dramáticos no grande drama da sociedade e que, falando-se sociologicamente, ele é as máscaras que tem de usar para representar.” (Berger, p. 119).

 

O CONCEITO E A ELABORAÇÃO DE FACE

O indivíduo, ao longo de sua vida social, interage com o outro e busca, em sua expressividade, uma aceitação. Dentro disso, a face se constitui como algo para assegurar a imagem pública, sendo que o indivíduo buscará sempre mecanismos para firmá-la (a face).

Com fundamento nessa atuação social do indivíduo, Goffman (1980) constrói o conceito de face “(...) como o valor social positivo que uma pessoa efetivamente reclama para si mesma através daquilo que os outros presumem ser a linha por ela tomada durante um contato específico. Face é uma imagem do self delineada em termos de atributos sociais aprovados (...)”. (p. 76-77)

Outra noção de face foi estruturada por Brown e Levinson (1987), seguindo o conceito proposto por Goffman:

Nossa noção de ‘face’ é derivada de Goffman e do termo inglês popular, no qual sujeita ao ato de quebrar a cara com a noção de estar embaraçado ou humilhado, ou ‘perder a face’. Então a face é alguma coisa que é emocionalmente investida, e que pode ser perdida, mantida ou realçada, e mais, ser mais constantemente atendida na interação. (p. 61).

Temos, ainda, a definição de Yule (1996) que explicita: “Quanto ao termo técnico, face significa a própria imagem pública da pessoa.” (p. 60).

Como afirmam Brown e Levinson, a face é constantemente atendida na interação e, por esse motivo, dependendo do desempenho dos interactantes, ela pode ser perdida, mantida ou realçada. A partir disso, observamos dois tipos de face: uma positiva e outra negativa.

De acordo com Brown e Levinson (1987), “face positiva é uma imagem própria consistente ou ‘personalidade’ (crucialmente incluindo o desejo que se possui de que a sua face seja apreciada e aprovada) reivindicada pelos interactantes.” (p. 62).

A face pode se estabelecer como positiva traduzindo a vontade do indivíduo de ser aceito. Este se comportará de modo a transparecer suas qualidades, sendo educado, gentil, responsável não cometendo gafes, sabendo o momento de falar e de escutar..., tudo isso para satisfazer um desejo que se resume em conviver bem com as pessoas.

Já, a face negativa “é a reivindicação básica de território, preservação pessoal, um certo descuido – i. e. para liberdade de ação e a liberdade da não-imposição.” (Brown e Levinson, 1987: 62).

A regra do convívio social é revelar a face positiva e ocultar a negativa. Muitas vezes, porém, ela tende a aparecer, mostrando características ocultas, nem sempre agradáveis aos outros. Isso costuma acontecer quando nos sentimos ameaçados de alguma forma. O descobrimento da face negativa, no entanto, não nos deixa a vontade, por sermos vistos despidos de nossas máscaras, tão comuns no dia-a-dia.

Conforme Tannen (1992), podemos dizer que necessitamos de uma aproximação para termos um senso de comunidade, para sentirmos que não estamos sozinhos no mundo. Por outro lado, necessitamos manter nossa distância para preservarmos nossa independência, para que outros não nos imponham. Essa dualidade reflete a condição humana. Somos criaturas individuais e sociais. Necessitamos do outro para sobrevivermos, mas queremos sobreviver como indivíduos.

 

O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A MÁXIMA DA POLIDEZ

O filósofo Paul Grice (1982), em seus estudos sobre lógica e conversação, afirmou, de acordo com suas observações, que nossos diálogos são esforços cooperativos, ou seja, a seqüência de informações contida na conversa não é desconexa e, faz sentido, a partir do momento em que os participantes reconhecem um propósito e se esforçam para compreender o que foi dito. A conversação é vista por Grice como um acordo prévio tácito entre os falantes.

Nessas condições, o filósofo formulou como princípio geral para a conversação: “Faça sua contribuição conversacional tal como é requerida, no momento em que ocorre, pelo propósito ou direção do intercâmbio conversacional em que você está engajado.” (p. 86).

Esse princípio ficou conhecido como Princípio da Cooperação (P.C.) e, a partir dele, Grice criou quatro categorias chamadas máximas (com suas respectivas submáximas), as quais estão, geralmente, em harmonia com o P.C. São elas:

 

Quantidade

a)       Faça com que sua contribuição seja tão informativa quanto requerido (para o propósito corrente da conversação).

b)       Não faça sua contribuição mais informativa do que é requerido.


 

Qualidade

a)       Não diga o que você acredita ser falso.

b)       Não diga senão aquilo para que você possa fornecer evidência adequada.

 

Relação

a)       Seja relevante.

 

Modo

a)       Evite obscuridade de expressão.

b)       Evite ambigüidades.

c)       Seja breve.

d)       Seja ordenado.

Brown e Levinson defendem que essas máximas são uma caracterização intuitiva dos princípios conversacionais que poderiam constituir linhas-guias para uma comunicação mais eficiente.

O autor ainda afirma que “há, naturalmente, toda sorte de outras máximas (de caráter estético, social ou moral), tais como ‘Seja polido’, que são também normalmente observadas pelos participantes de uma conversação (...)”. (p. 88).

Todavia, essas máximas podem ser violadas, gerando implicaturas, que são significados adicionais ao que foi dito. O ouvinte, nesse caso, precisa fazer inferências, um esforço maior, para compreender o que está implícito, as metamensagens presentes no diálogo. Esse fato não é visto negativamente, pois as implicaturas fazem parte da conversação e elas podem dar destaque a elementos já conhecidos na linguagem como a ironia, a metáfora, a ambigüidade, entre outros.

Tratando, especificamente, da máxima da polidez, sabemos que esta é uma máxima indispensável para que o relacionamento interpessoal seja agradável e harmonioso. Tannen (1992) apresenta três regras formais de polidez, citando Lakoff, que os falantes devem seguir quando desejarem ser polidos:

Regra 1: Não imponha; mantenha sua distância.

Regra 2: Dê opções; permita a outra pessoa falar.

Regra 3: Seja amigo; mantenha a camaradagem.

A autora afirma que nós temos um modo natural de falar, mas as regras servem para orientar nossa conversa de modo apropriado de acordo com o momento, nos mostrando boas pessoas. É claro que o uso das regras não é inconsciente. Falamos com um objetivo. O modo como conversamos é que constitui nossa imagem e é básica para que formemos impressões de cada um.

 

TEORIA DA POLIDEZ

Observamos que o indivíduo fica exposto na maior parte do seu tempo e está sujeito a qualquer tipo de situação. Nesse contexto, ele apresentará as suas faces, conforme o momento vivido, podendo construir uma face positiva ou uma face negativa. Essa construção nos remete a uma idéia de que o indivíduo agiu com mais polidez, ou seja, mais atento às regras da boa convivência, ou com menos ou nenhuma polidez, menos rígido em relação a essas mesmas regras. Isso implica que a polidez faz parte do processo de construção da face.

Segundo Yule (1996), “polidez, na interação, pode então ser definida como os meios usados para mostrar qualidade de ser atento de uma outra face da pessoa. Neste sentido, polidez pode ser inteligente em situações de distância social ou proximidade.” (p. 60).

 

POLIDEZ POSITIVA E NEGATIVA

De acordo com Yule (1996) a tendência a usar formas polidas positivas, enfatizando proximidade entre locutor e receptor, pode ser igualada a uma estratégia solidária. Esta talvez seja a principal estratégia operacionada entre todo grupo ou talvez ele seja uma opção usada por um locutor individual numa ocasião particular. Lingüisticamente, a estratégia inclui uma informação pessoal, uso de apelidos, às vezes igualmente termos abusivos (particularmente entre homens), e alguns dialetos ou expressões. Freqüentemente, uma estratégia solidária marca a inclusão dos termos “nós” e “vamos”.

Todas as vezes que nos munimos de atitudes e discursos, evitando cometer erros em nossa representação, sendo discretos, compreensivos, simpáticos, utilizando palavras que traduzam respeito, educação, boas maneiras, com o objetivo de convivermos tranqüilamente com as pessoas, mantendo o nosso lugar social, sem transgredir as regras dessa convivência, estamos preservando a nossa face e a face do outro.

Ao tratar das estratégias utilizadas pelos indivíduos para manter o seu lugar social, Goffman (1967) fala da arte de manipular a impressão. Conceitua o indivíduo como um ator disciplinado que representa uma personagem nas dadas situações sociais. Para representar com sucesso o seu papel, o ator não pode cometer gestos involuntários como ‘gafes’ ou ‘mancadas’. Deve ter autocontrole e domínio do rosto e da voz. (Lins, 2000: 114).

Por outro lado, Yule (1996) afirma que a tendência a usar formas polidas negativas, enfatizando a direita liberdade do ouvinte, pode ser uma estratégia diferente. Ela pode ser uma estratégia típica de um grupo todo ou apenas uma opção usada numa situação particular. Uma estratégia diferente é envolvida no que é chamado 'polidez formal'. Ela é impessoal e pode incluir expressões não referentes ao locutor nem ao ouvinte (por exemplo: Clientes não fumam aqui, senhor). A linguagem tem uma estratégia diferente, uma independência do locutor e do ouvinte.

Consideramos atos ameaçadores da face todo tipo de atitude ou de discurso que transgrida as leis da boa convivência. Ao nos apresentarmos de maneira grosseira, autoritária, contraditória, indelicada, ao utilizarmos um nível baixo de polidez, ao cometermos "gestos involuntários", não tendo autocontrole sobre nossas ações, tendemos a ameaçar a face do outro e a expor em perigo a nossa própria face.

 

DISTÂNCIA SOCIAL/ PODER/ POLIDEZ

Conforme Gnerre (1987), “as regras que governam a produção apropriada dos atos de linguagem levam em conta as relações sociais entre o falante e o ouvinte.” (p. 80).

A linguagem carrega consigo o poder embutido no papel social representado por cada indivíduo. Esse poder, criado socialmente e veiculado pela linguagem, aumenta à medida em que a distância social entre os interactantes se torna também maior.

Em termos de relações, situações formais são caracterizadas por uma excepcional orientação indicando posição, status, e 'face'; poder e distância social são evidentes, e conseqüentemente há uma tendência forte com respeito à polidez. Polidez está baseada no reconhecimento de diferenças de poder, posições de distância social, e assim por diante (...). (Fairclough, 1941: 66).

Dessa forma, o uso da polidez está diretamente relacionado à distância social e à aquisição de poder, porque em uma relação de distanciamento social, aquele que detém mais poder utiliza menos recursos de polidez, enquanto que aquele que está em uma hierarquia inferior, deve ficar atento para ser mais polido, de acordo com as normas sociais. Quando, no entanto, existe uma proximidade ou hierarquias semelhantes, não há necessidade de uma maior vigilância quanto à polidez.

 

O HUMOR EM GERVÁSIO E JANDIRA

Gervásio e Jandira aparentemente é um casal como qualquer outro. Mas, ao começar a ler as tiras dos interessantes personagens, percebemos rapidamente a presença do humor através da inversão de papéis.

De acordo com Zappa (1999), o criador das tiras, Gervásio é o típico cidadão brasileiro que não incomoda e nem se incomoda. Já, sua esposa Jandira, representa a ascensão feminina, porém com um pouco mais de “força” (tendo em vista o pau de macarrão, entre outros artifícios, para controlar Gervásio).

Essas intrigantes características despertam nos leitores das tiras diferentes impressões e opiniões a respeito dos personagens, especialmente, de Jandira. Uns acham que sua atitude de bater no marido é o máximo; outros afirmam que ela é uma covarde; mas há aqueles que se identificam com Gervásio.

Segundo Lins (2002) o humor das tiras de quadrinhos está exatamente na junção do código verbal com o código não-verbal, já que representam interações, em que a encenação e o comportamento dos personagens permitem ao leitor ler e visualizar, buscando o humor próprio de cada personagem.

Assim, Jandira (a personagem em análise), com os seus trajes de dona-de-casa, mas com o seu “jeitão” masculino, atrai o leitor justamente por essa oposição, estando sempre em evidência seus gestos, suas feições, suas atitudes.

 

PODER E POLIDEZ EM JANDIRA

Baseando-nos nas três regras formais de polidez estabelecidas por Lakoff, analisamos, a seguir, a personagem Jandira, observando o seu discurso e o seu comportamento perante Gervásio.

 

Regra 1: Não imponha

Essa regra se refere ao ato de respeito à individualidade do outro, ou seja, não impor significa não impedir a outra pessoa de agir como deseja. Geralmente, há esse respeito em situações de distância social, um professor e seu aluno, por exemplo. Porém, em situações de proximidade, a condição da não-imposição também deve ser observada, porque uma vez infringida, surgirá um mal-estar entre os interactantes.

No caso de Jandira, essa observação não é feita. Ao querer dominar a situação, ela impõe a Gervásio os serviços domésticos e a sua volta para casa. Ele, consciente dos castigos que poderá sofrer se não cumprir as ordens dela (ver o pau de macarrão), obedece a esposa sem reclamar.

Com isso, a personagem transgride a regra 1, ao ameaçar a face de Gervásio, impondo a sua vontade sobre ele, como mostram as tiras 1 e 2.

TIRA 1

TIRA 2

 

Regra 2: Dê opções

A segunda regra consiste em dar possibilidades ao interlocutor de aceitar ou negar a fala apresentada a ele, sem constrangê-lo.

Nas tiras 3 e 4 apresentadas a seguir, Jandira parece dar opções a Gervásio, quando coloca-o debaixo da cama e ao sugerir-lhe a opção de lavar o banheiro. Na verdade, ela não permite ao marido escolher, sem falar que as opções dadas por ela são constrangedoras para os homens em geral (ainda mais para um mecânico). Simplesmente, ela o priva de tomar decisões e manipula sua autonomia.

Mais uma vez, Jandira viola uma regra de polidez, assumindo seu controle e seu poder excessivos diante de Gervásio.


 

TIRA 3

TIRA 4

 

Regra 3: Seja amigo

Mesmo em relações de intimidade, é necessário ser polido, mostrando atitudes de atenção e confiança, demonstrando interesse pela vida do outro, dentre outros fatores. Um relacionamento íntimo que não observa essas formas de polidez pode estar fadado ao descontentamento, ao desinteresse e, até, à ruptura.

Jandira, ao contrário de Gervásio que faz elogios e que espera uma declaração de amor, jamais demonstra preocupação, ou qualquer gesto de atenção para o marido. Não usa nenhuma forma de polidez ao se expressar com ele. A sua expressão fisionômica não mostra sentimentos de amizade ou de amor, senão uma imensa agressividade. O discurso e o comportamento de Jandira transformam a proximidade do casal em uma distância permanente, negando o status de relacionamento íntimo.

Deixando de ser amiga e camarada, Jandira perde todas as possibilidades de ser polida (conforme as tiras 5 e 6), fazendo com que seu casamento pareça ser profundamente desagradável.

TIRA 5

TIRA 6

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Pragmática nos permite compreender com maior clareza os significados que os falantes querem dar em interações sociais. Quando nos propomos a analisar pragmaticamente tiras de quadrinhos, percebemos a riqueza desse material no que diz respeito às interações, aos códigos não-verbais, à “teatralização” dos personagens, favorecendo uma análise desse porte.

Ao observarmos a personagem Jandira, constatamos que ela não se preocupa em utilizar formas polidas na convivência com seu marido. Isso é detectado pelo seu discurso autoritário, sua feição agressiva e, principalmente, pela infração das três regras de polidez propostas por Lakoff.

Transgredindo as regras, a personagem constrói uma imagem negativa, ameaçando a face de Gervásio e a sua própria face, já que muitos leitores declaram não gostar de Jandira. Com essa atitude, ela estabelece uma distância entre o casal, o que privilegia a concentração de poder.

Chegamos, então, a conclusão de que, para manter o controle sobre Gervásio, Jandira não necessita usar nenhuma regra de polidez, o que parece gerar um poder maior dela sobre ele. Esse poder indica uma distância expressiva entre os dois.

Toda essa encenação traz humor às tiras e permite ao leitor rir da situação, devido à inversão de papéis e à ruptura com o estabelecido pela sociedade ou, por outro lado, pelo fato de o leitor se identificar com um dos personagens, fazendo uma conexão entre o imaginário e o real.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERGER, Peter I. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística. 6ª ed. São Paulo: Vozes.

BROWN e LEVINSON. Politeness. Some universal in language usage. Cambridge: Cambridge Univesity Press, 1987.

FAIRCLOUGH, Norman. Language and power. Longman, 1941.

GNERRE, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Tradução de Maria Célia Santos Raposo. 9ª ed. Petrópolis: Vozes, 1985.

––––––. A elaboração da face: uma análise dos elementos rituais na interação social. Francisco Alves, 1980.

GRICE, Paul H. Lógica e conversação. In: DASCAL, Marcelo (org.). Fundamentos metodológicos da lingüística. Pragmática. Campinas, 1982. v. 4.

LAZARINI, Joseane Serra. A relação poder versus polidez em interações de quadrinhos: análise do discurso da personagem Jandira em “O bom humor de Gervásio… e o mau humor da Jandira". Monografia (Pós-graduação em Lingüística) Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2005.

LINS, Maria da Penha Pereira. Anticonversa na televisão brasileira: uma análise do programa Manhattan Connection. Contexto. Revista do Departamento de Línguas e Letras – UFES. Vitória, ano VIII, v. 7, p. 109-135, 2000.

––––––. Mas, afinal, o que é mesmo Pragmática?. Revista Fala palavra. nº 2. Aracruz: Facha, 2002.

––––––. O humor em tiras de quadrinhos: uma análise de alinhamentos e enquadres em Mafalda. Vitória: Grafer, 2002.

TANNEN, Deborah. The workings of conversational style. In: That’s not I meant. New York: Ballantine, 1992.

YULE, George. Pragmatics. Oxford: Univ-Press, 1996.

ZAPPA, Gilberto. O bom humor de Gervásio… e o mau humor da Jandira. Vitória: Zappa Criações, 1999.