O LEXICÓGRAFO ANTENOR NASCENTES

Celina Márcia de Souza Abbade (UNEB e UCSal)

 

É com imensa satisfação e alegria que mais uma vez, estou nesse Congresso homenageando grandes nomes da Filologia. Muito oportuno a homenagem ao Professor Antenor Nascentes[1] que, apesar de ter estudado os diversos aspectos da nossa língua, foi ao léxico que dedicou maior atenção. E, até os dias atuais, ainda é o estudo do léxico quem talvez careça de maiores atenções dos estudiosos da língua.

Aos 17 de junho de 1886, nasce na cidade do Rio de Janeiro aquele que seria um dos maiores filólogos brasileiro: Antenor de Veras Nascentes. Um homem que começou a carreira cedo, aos dezesseis anos, concluindo, como aluno laureado, o curso de Ciências e Letras pelo Ginásio Nacional (hoje Colégio Pedro II), maior Centro de Humanidades do Rio de Janeiro. Mesmo tendo como colegas de turma, ilustres como Manuel Bandeira e Souza da Silveira, Nascentes foi o primeiro aluno da turma durante os cinco anos do Curso de Humanidades. Com vinte e dois anos, forma-se em Direito e passa a exercer a profissão até os trinta e três anos quando faz concurso e vence em primeiro lugar como professor catedrático de espanhol do Colégio Pedro II, em que, mais tarde, passa a ensinar Português e, como professor universitário, ocupa a cadeira de Filologia Românica na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Rio de Janeiro.

Seu interesse pela Filologia também começou cedo. Conhecedor das línguas clássicas lia os autores gregos e latinos no original, o que lhe deu maior segurança nas pesquisas que envolviam o grego e o latim. Conhecia as principais línguas românicas, dentre elas o francês, que dominava como língua materna. Também era conhecedor do germânico e anglo-saxão. Falou e traduziu o alemão, língua que ele considerava instrumento indispensável ao filólogo.

Do empenho de Antenor Nascentes em anotar as leituras resultou riquíssimo fichário, que lhe serviu de suporte para os consistentes verbetes de seus dicionários.

Por mais de 60 anos, o filólogo, no sentido mais amplo do termo: “aquele que estuda a língua em toda a sua amplitude”, Antenor de Veras Nascentes devotou-se ao estudo da Língua Portuguesa. Sua obra compreende vários dicionários e ensaios sobre o idioma português, publicados no Brasil e no exterior. Conhecido como filólogo, etimólogo, dialetólogo, lexicólogo etc, Antenor Nascentes estendeu suas pesquisas a vários domínios do idioma, mas foi no estudo do léxico da língua portuguesa que dedicou maior atenção de seus estudos. Em 1932, aos trinta e seis anos, com a publicação do Dicionário Etimológico, vai tornar-se um dos autores brasileiros mais citado fora do Brasil. Essa obra lhe valeu muitas glórias, mas também muitas críticas.

Colaborou em várias revistas especializadas brasileiras e estrangeiras, procurando acompanhar as publicações de sua área. As ligações de Antenor Nascentes com os filólogos e lingüistas estrangeiros o levaram a ter o seu Dicionário Etimológico prefaciado pelo grande mestre que consolidou aos estudos românicos: Willian Meyer-Lubke. Notável pesquisador distinguiu-se como didata, sendo também tradutor e editor de textos.

Em 1933, a Academia Brasileira de Letras concedeu-lhe o primeiro prêmio Francisco Alves (monografia sobre o ensino fundamental no Brasil e sobre a língua portuguesa) para a melhor obra sobre a língua portuguesa. Em 1935, a Congregação do Liceu de Goiás conferiu-lhe o título de Doutor Honoris Causa. Em 19 de setembro de 1936, foi condecorado pelo Governo Português com o Oficialato da Instrução Pública pelos serviços prestados às letras portuguesas. Em 1952, recebeu o título de Professor Emérito do Colégio Pedro II.

Falar dos feitos de um estudioso como Antenor Nascentes, é deveras complexo. Por esse motivo, faz-se aqui um recorte de sua trajetória para abordar o que seria talvez o mais extenso dos seus feitos: o estudo do léxico. Antenor Nascentes, um grande filólogo que dentre vários aspectos da nossa história lingüística, dedica-se ao estudo e elaboração de dicionários da Língua Portuguesa.

A língua possui dois grandes instrumentos pedagógicos: a Gramática e o Dicionário. Enquanto a primeira estuda o genérico, as regras, o segundo preocupa-se com o particular, o tópico. A Gramática enumera regras e o Dicionário enumera palavras. Preocupada em demonstrar como a língua se organiza, a Gramática se ocupa da fonologia, morfologia e sintaxe de uma língua. Deixa de lado apenas o léxico, que fica afeto ao Dicionário. Mas, assim como há nos dicionários, lugar para elementos de ordem gramatical, deveria haver nas gramáticas um compartimento que tratasse das propriedades lexicais.

Estudar o léxico de uma língua é estudar a história e cultura de quem utiliza essa língua. Dentro dos estudos lexicológicos, podem-se estudar as palavras de uma língua nas mais diversas nuances. A Lexicologia, enquanto ciência do léxico, estuda as relações deste com os outros sistemas da língua, mas, sobretudo a relações internas do próprio léxico. A Lexicologia abrange domínios como a formação de palavras, a etimologia, a criação e importação de palavras, a estatística lexical,   e relaciona-se necessariamente com a  Fonologia, a Morfologia, a Sintaxe e em particular com a Semântica. Neste âmbito, as relações semânticas de sinonímia, antonímia, hiponímia, hiperonímia interessam à Lexicologia.

A Lexicografia é o estudo e a arte de elaborar os dicionários. Considerada um  dos ramos da Lexicologia, ciência que estuda e descreve o léxico da língua, a Lexicografia é  a técnica de redação e feitura de dicionários. Elaborar um dicionário, não é dispor as palavras de uma língua em ordem alfabética e defini-las. Existem elementos teóricos que devem nortear a montagem de um dicionário de uma língua. O léxico de uma língua é um organismo vivo, extremamente complexo em sua composição. Uma língua de cultura como a língua portuguesa, tem uma grande complexidade. Desde o momento em que o português se manifestou como língua literária (por volta de 1200) nos primeiros documentos escritos vamos encontrar lacunas ao reconstituir as fases desse léxico. Mas isso nunca será possível, uma vez que não há como reconstruir todas as fases por ele percorrida e destrinçar as contribuições das muitas gerações que chegaram a construção do léxico dessa língua. Esse léxico é deveras complexo e abstrato para ser plenamente compilado.

Os dicionários, de um tipo ou de outro, existem há muito tempo, mas a maneira como se faziam dicionários na Antigüidade e na Idade Média era muito diferente da que prevaleceu nos tempos modernos. Os primeiros dicionários eram geralmente bilíngües, glossários que ofereciam traduções de palavras de uma língua para outra. O período medieval conheceu a produção de dicionários monolíngües, mas geralmente estes dicionários não adotavam um arranjo por ordem alfabética; ao contrário, as palavras eram agrupadas conforme o sentido, por campos associativos (palavras que diziam respeito às atividades da fazenda, nomes de frutas, nomes de profissões, e assim por diante). Os primeiros dicionários alfabéticos do inglês não eram completos: eram, ao contrário, compêndios de “palavras complicadas”, isto é, de palavras obscuras e difíceis, freqüentemente de origem latina.

O dicionário tem um poder muito grande sobre a nossa cultura. Ele é tido como um tesouro, algo sagrado, onisciente. O seu conteúdo é tido como infalível, definitivo. Mesmo entre pessoas de maior grau de instrução, é comum ouvirem-se frases do tipo: “está no dicionário”, “eu vi no dicionário que é assim.”

Existe uma anedota sobre um homem simples do povo, que após ouvir Rui Barbosa falar, disse-lhe todo orgulhoso: "Eu tenho um livro lá em casa que tem tudo que o Sr. falou". Rui Barbosa indagado, surpreso, pergunta: - "E que livro é esse?" - "Chama-se DICIONÁRIO", replicou o feliz possuidor de tamanho tesouro. Apesar de toda essa “força social”, os dicionários, por melhores que sejam, contêm falhas, omissões, erros e opiniões divergentes entre si. Todo trabalho humano é necessariamente imperfeito e os dicionários com maior razão ainda, em virtude de sua natureza e complexidade. As dificuldades na organização de um dicionário são inúmeras: de ordem ortográfica, prosódica, etimológica, semântica.  A língua, conforme já foi dito, é um organismo vivo e dinâmico, logo, o dicionário é apenas a representação e o registro das palavras de uma língua em um dado momento da sua história. Os lexicógrafos nada mais fazem do que registrar os vocábulos em uso, que eles procuram captar em suas várias acepções nas fontes disponíveis ao seu alcance. Alguns conseguem uma coleta mais ampla e enriquecem os seus trabalhos com citações de textos e autores por eles consultados. A partir daí, registram a categoria gramatical da palavra, a sua pronúncia e a sua etimologia. Há ainda os dicionários que assinalam a data em que a palavra foi introduzida na linguagem escrita.

A dificuldade maior na organização de um dicionário, entretanto, reside no que Houaiss chamou de "explosão vocabular", que fez com que o corpus lexical da língua portuguesa passasse de cerca de 20.000 a 30.000 palavras no início do século XIX para aproximadamente 350.000 a 400.000 palavras atuais. Essa explosão vocabular se deve, sobretudo, ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Os novos termos criados são de uso internacional, sofrendo adaptações morfológicas em cada idioma em particular.

O importante, quando consultamos um dicionário, seja técnico ou geral, é que estejamos conscientes de que nem sempre vamos encontrar tudo que desejamos; de que o registro que buscamos pode revelar apenas um ponto de vista sobre uma questão que comporta duas ou mais interpretações. Devemos estar convictos de que os dicionários não são infalíveis e que os seus ensinamentos podem ser questionados. É importante que façamos o cotejo entre um e outro léxico, que consultemos mais de um autor, comparando o que escreveram sobre a mesma palavra. Por vezes os textos são idênticos; por vezes há divergências quanto à grafia, quanto à prosódia, quanto ao gênero da palavra, quanto à etimologia, quanto à semântica. Uns são mais completos que outros, ao assinalarem as diversas acepções de um mesmo vocábulo, e mais ricos no exemplário das fontes consultadas. Assim, ao nos referirmos a um dicionário, é necessário mencionar sempre o autor, a edição, o editor e o ano da publicação.

Os melhores dicionários existentes em língua portuguesa resultaram do esforço de alguns abnegados lexicógrafos, que dedicaram parte de sua existência a um trabalho árduo e penoso nem sempre compensador, para nos legarem o que de melhor existe em matéria de Lexicografia.

No século XVIII o Vocabulário Português e Latino, de Rafael Bluteau, publicado em Lisboa entre 1712 e 1728, representou um marco na história da língua portuguesa.

No início do século XIX surge o dicionário de Antônio de Moraes Silva, cuja segunda edição, de 1813, é considerada obra clássica de lexicografia portuguesa. Seguiram-se, entre outros, os dicionários de Francisco Solano Constâncio (1836), Eduardo de Faria (1849), Frei Domingos Vieira (1871), Correa de Lacerda (1874), Caldas Aulete – Santos Valente (1881), Cândido de Figueiredo (1899), cada qual apregoando sua superioridade sobre os seus antecessores, todos com falhas, omissões e incorreções. À exceção do dicionário de Constâncio, publicado em Paris, os demais foram impressos em Lisboa.

O primeiro dicionário da Língua Portuguesa, escrito e publicado no Brasil, data de 1832, e se deve ao goiano Luiz Maria da Silva Pinto, que o compôs e imprimiu na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Intitula-se Dicionário - Língua brasileira.  Trata-se de obra rara e de valor histórico, infelizmente pouco conhecido. Os dicionários de Moraes Silva e Caldas Aulete tiveram edições posteriores ampliadas, enriquecidas, atualizadas.  No século XX surgiram no Brasil obras notáveis no campo da lexicografia, como as de Laudelino Freire-J. L. de Campos, Antenor Nascentes, Silva Bastos, Silveira Bueno, Prado e Silva, Aurélio Ferreira, Antônio Houaiss.

Relacionando o Professor Antenor Nascentes ao contexto de elaboração de dicionários, podemos dizer que em um Brasil ainda sem Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, sem editores para obras de vulto, após vinte anos de ininterrupta pesquisa, Antenor Nascentes em 1932, hipoteca a própria casa para custear as despesas de produção do seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Obra muita bem recebida pelos romanistas é prefaciada pelo príncipe dos neogramáticos W. Meyer-Lubke. Até então, conhecia-se apenas o Dicionário Etimológico de Adolfo Coelho. Constituindo o primeiro tomo, concernente aos nomes comuns, essa obra esgotou-se rapidamente. Em 1952, sai o segundo volume de sua obra, dessa vez concernente aos nomes próprios. Esse teve também um prefácio honroso, desta vez de Serafim da Silva Neto, outro grande filólogo. Devido à edição esgotada do primeiro tomo, o mesmo é reimpresso sem nenhum acréscimo, apenas corrigindo erros de revisão. Isso se deve ao fato de, ao publicar o primeiro tomo, Antenor Nascentes, assinou compromisso com os adquirentes de que esta seria uma edição primeira e única. Pelo fato de não publicar uma segunda edição de sua obra, recebe críticas. Outra crítica que recebeu foi em relação a estrutura de sua obra: ao apresentar as etimologias, Antenor teria sido tímido não se atrevendo a dar opinião própria, conforme citou Karl Vossler em carta dirigida a Antenor Nascentes em 29/12/1932. No ano seguinte, Said Ali, seu mestre, defende as acusações feitas por Vossler a Antenor, em artigo publicado no Jornal do Comércio (10/12/1933), lembrando que nem todas as palavras têm ou podem ter etimologia afixada.

Outra crítica que Antenor sofre foi o fato de não ter utilizado a terceira edição do REW na elaboração do seu dicionário. Crítica desnecessária, uma vez que quando o dicionário foi feito, a terceira edição do REW ainda não havia sido publicada.

No ano de 1940, estava Antenor Nascentes credenciado por Afrânio Peixoto como o técnico que poderia apresentar o projeto do Dicionário da Língua Portuguesa que a Academia Brasileira de Letras almejara havia muito. Ainda neste ano, a Academia Brasileira de Letras, designou o Professor Antenor Nascentes para elaborar o que se propôs chamar de projeto de um Dicionário da Língua Portuguesa. Isso foi em 1940, com a promessa de completar a obra no prazo de dois anos; e, realmente, na sessão de 2 de dezembro de 1943, Afrânio Peixoto passou à presidência da instituição o projeto concluído, com cerca de 100 mil verbetes. Organizado por Antenor Nascentes, o Dicionário da Língua Portuguesa concretizou, ao menos temporariamente, o projeto da Academia Brasileira de Letras: um dicionário da Língua Portuguesa. Vários planos de dicionários haviam sido apresentados à Academia, entre eles, o projeto organizado por Laudelino Freire do Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa que, após alguns anos de discussões na Academia, foi publicado independentemente dessa instituição. Depois de ser dissolvida a comissão do dicionário de Freire, a Academia solicita um “técnico externo” para a confecção de um dicionário, cabendo assim a Antenor Nascentes o projeto de dicionário da Academia Brasileira de Letras.

Apesar de o Professor Nascentes ter concluído o seu trabalho em 1943, por não haver verba para impressão da mesma, a obra ainda esperaria até 1956 pela interferência do acadêmico Josué Montello para ser encaminhada à Imprensa Nacional. Sua publicação só ocorre mesmo de 1961 a 1967. Composto de quatro volumes e baseado em cerca de 100 mil fichas foi elaborado segundo os parâmetros mais modernos da Lexicografia, contribuindo muito para o conhecimento dos estudos lingüísticos. Cada entrada do Dicionário da Língua Portuguesa apresenta transcrição fonética (até a década de 1940, segundo Nascentes, somente as palavras inglesas possuíam esse tipo de transcrição). Algumas dessas palavras são acompanhadas de suas etimologias e também de exemplos, estes criados pelo autor do dicionário e não abonados de autores consagrados: “Uma Academia não cita autores. Ela tem autoridade” (Nascentes, 1961-1967). O dicionário inclui também alguns brasileirismos, de caráter regional, no entanto, foram omitidos barbarismos, estrangeirismos inúteis, palavras chulas, gírias. Já na 2ª edição, esse dicionário apresenta algumas modificações em relação à 1ª edição. Publicado em 1988, pela editora Bloch, a 2ª edição é apresentada em um único volume e contém 88.818 entradas. Nessa edição as entradas não apresentam mais sua transcrição fonética.

Entre publicações escolares, que dizem respeito ao idioma nacional e os estudos dialetológicos, Antenor publica outras obras lexicográficas: Em 1941 é a vez do Dicionário de Dúvidas e Dificuldades do Idioma Nacional. Em 1946, publica Léxico de Nomenclatura Gramatical Brasileira, em 1949 é a vez do Dicionário Básico do Português do Brasil. Em 1952, o segundo volume do seu dicionário etimológico: Dicionário etimológico da língua portuguesa: nomes próprios. Em 1957 o Dicionário de sinônimos, em 1966 o Dicionário Etimológico Resumido, em 1972, o Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa e da Academia Brasileira de Letras em quatro volumes. Já como obra póstuma é publicado em 1988, o Dicionário da Língua Portuguesa e da Academia Brasileira de Letras.

Além da vasta bibliografia, há muitos artigos seus em jornais e revistas, brasileiras e estrangeiras, que até então não foram reunidos em volume.

Em 1972 na mesma cidade em que nascera, aos oitenta e seis anos de idade, desencarnou o Professor Antenor Nascentes. Um Bacharel em Ciências e Letras e Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais que se dedicou ao estudo da Língua Portuguesa e aos problemas lingüísticos brasileiros, além de estudos na área de Fonética – dentre os quais o estudo da pronúncia do Rio de Janeiro - e Dialetologia. Ao longo de sua trajetória, desenvolveu atividades como professor, filólogo, lexicógrafo e ensaísta. Como professor ministrou aulas no Colégio Pedro II, na Escola de Filosofia e Letras da Universidade do Distrito Federal, na Faculdade Fluminense de Filosofia e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Rio de Janeiro. Como filólogo participou da Sociedade de Estudos Filológicos de São Paulo, foi membro da Comissão da NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) e, além de membro e presidente da comissão que definiu as regras da Nomenclatura Gramatical Brasileira, integrou o Comité International des Linguistes e foi sócio do Institut Voor Namekund, da Sociedade Brasileira de Romanistas e da Academia Brasileira de Filologia. Na Academia Brasileira de Filologia, presidida atualmente pelo grande filólogo, o Professor Leodegário Amarante de Azevedo Filho, Antenor Nascentes ocupou a cadeira de número 03, cujo Patrono foi outro grande  lexicógrafo: Antonio de Moraes e Silva, e que tem hoje como titular da cadeira a Prof. Cilene de Cunha Pereira.

E já que citamos a Profa. Cilene Cunha, encerro esta conferência com as palavras de outro grande mestre da nossa Língua Portuguesa, o Professor Celso Cunha que em 1966 prefaciou o Dicionário Etimológico Resumido de Antenor Nascentes, proferindo as seguintes palavras:

O exame da obra realizada pelo Mestre em tão precárias condições convida-nos a pensar no que poderia ser atualmente a Filologia Brasileira se tivéssemos tido mais cedo as nossas Faculdades de Filosofia e em cada uma delas uns poucos Antenor Nascentes, com o espírito sempre  aberto ao progresso da ciência, a orientarem e animarem os seus alunos de acordo com as inclinações pessoais, como em toda a sua vida ele invariavelmente e exemplarmente soube fazer. (Nascentes, 1966)

Muito obrigada!

 


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSUMPÇÃO JÚNIOR, Antônio Pio de. Dinâmica léxica portuguesa. Rio de Janeiro: Presença, 1986.

BARBOSA, Maria Aparecida. Lexicologia: aspectos estruturais e semântico-sintáticos. In: PAIS, Cidmar Teodoro et al. Manual de lingüística. Petrópolis: Vozes, 1978.

BORBA, Francisco da Silva. Organização de Dicionários: uma introdução à lexicografia. São Paulo: UNESP, 2003.

CASARES, Julio. Introducción a la lexicografia moderna. Madrid: CSIC, 1950. cap. 2.

LUDTKE, Helmut. História del léxico románico. Vers. esp. de Marcos Martínez Hernández. Madrid: Gredos, 1974.

NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico da língua portuguêsa. 1ª e única ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1932. Pref. de W. Meyer-Lübke.

––––––. Dicionário etimológico da língua portuguesa: nomes próprios - Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1952.

––––––. Dicionário etimológico resumido. Rio de Janeiro, INL, 1966.

––––––. Dicionário de língua portuguesa da Academia Brasileira de Letras – Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1967.

ULMANN, Stephen. Semântica: uma introdução à ciência do significado. Trad. de J. A. Osorio Mateus. 2ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1970.

VILELA, Mário. Estudos de lexicologia do português. Coimbra: Almedina, 1994.



 


 

[1] Antenor Nascentes foi o Filólogo homenageado do X Congresso Nacional de Lingüística e Filologia, realizado na UERJ de 21 a 25/08 de agosto de 2006, sob  a Presidência do Professor José Pereira da Silva.