TÓPICOS DE ANÁLISE DO DISCURSO
NA PRÁTICA ESCOLAR:
casos de discurso reportado
e a polifonia discursiva

Cleide Emilia Faye Pedrosa (UFS)
Ana Sabrina de Oliveira Leme Domingues (UFS)
Ivana Maria Dias Oliveira (UFS)

 

Introdução

A corrente francesa da Análise do Discurso (AD) tem se estabilizado nestas últimas décadas. Várias pesquisas têm proliferado aqui no Brasil como repercussão e aceitação de suas propostas de análise. Esta não se propõe ser só apenas mais uma investigação, pois tem como meta trabalhar, especificamente, com a polifonia, porém voltada para sua aplicação em sala de aula. Como pode o professor com exemplos da mídia, com textos também de humor vivenciar essa prática enunciativa? Antes de responder a essa questão, ou apresentar sugestões de práticas pedagógicas, iremos retomar alguns aspectos necessários a uma contextualização teórica.

 

Análise do Discurso:
pressupostos e história da disciplina

A Análise do Discurso trata do discurso através de uma compreensão da língua como resultado da materialidade da ideologia. O discurso é visto como uma mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social. Assim, o trabalho simbólico da AD está na base da produção da existência humana, como diz Orlandi:

A primeira coisa a se observar na Análise do Discurso é que ela não trabalha com a língua enquanto um sistema abstrato, mas com a língua do mundo, com maneiras de significar, com homens falando, considerando a produção de sentidos enquanto parte de suas vidas, seja enquanto sujeitos seja enquanto membros de uma determinada forma de sociedade (ORLANDI, 2005: 15).

A AD não trata o discurso como transmissão de informação, não há linearidade na disposição dos elementos da comunicação, para ela o discurso realiza um processo de significação; é dada em funcionamento na linguagem, uma relação de sujeitos e sentidos afetados pela língua e pela história, formalizando assim uma constituição de sujeitos e produção de sentidos com efeitos múltiplos e variados. Pode-se entender o discurso como efeito de sentidos entre locutores.

 

A gênese da Análise do Discurso

A disciplina Análise do Discurso nasce na França em fins da década de 1960, época que coincide com o auge do estruturalismo, como paradigma de formatação do mundo, das idéias e das coisas para toda uma geração da intelectualidade francesa. O principal articulador, o filósofo Michel Pêcheux, tinha um objetivo bem definido quando dá início ao desenvolvimento desse projeto. Sua intenção era intervir teórica e cientificamente no campo das ciências sociais, mais especificamente no da psicologia social, pois como diz Ferreira:

A Análise do Discurso nasceu em uma zona já povoada e tumultuada – de um lado, numa esquina, ocupando quase todo o quarteirão – a lingüística; na outra ponta espaçoso, o materialismo histórico, e no meio dividindo o espaço lado a lado com a psicanálise, a teoria do discurso. Portanto, essa contigüidade, esse convívio fronteiriço entre análise do discurso e psicanálise vem de longe, vem desde o início. Tais vizinhas, contudo, ainda que bastante próximas guardam distância e não confundem seus espaços comuns – são íntimas, mas nem tanto, donde há “estranha intimidade” (FERREIRA, 2005: 213).

As ciências sociais estão na extensão das ideologias que se desenvolveram em contato com a prática política, cujo instrumento é o discurso. Para Agustini (apud FERREIRA, 2005), Pêcheux sabia que a teoria do discurso não pode ocupar o lugar do Materialismo Histórico e da Psicanálise; mas que pode intervir em seu campo. A partir desse pressuposto, ele provocou uma fissura teórica e científica no campo das ciências sociais, em particular, no campo da Psicologia Social, quando tomou o discurso e a teoria do discurso como lugares possíveis de intervirem teoricamente. Tomando emprestados conceitos de outras regiões de conhecimento para produzirem a AD, do Materialismo Histórico, da Lingüística (como ciência-piloto das ciências humanas e que tinha condições de fornecer aos estudiosos da nova corrente as ferramentas essenciais para análise da língua) e da Psicanálise, foi criada a disciplina através de conceitos reinventados.

Assim, a proposta de um novo objeto chamado discurso surgiu com Michel Pêcheux em sua tese Análise Automática do Discurso. Nessa época, ele trabalhava em um Laboratório de Psicologia Social e sua idéia era a de produzir um espaço de reflexão que colocasse em questão a prática elitista e isolada das Ciências Humanas da época, sugerindo que as ciências se confrontassem.

 

Concepção ideológica marxista

A importância da teoria de Karl Marx (1818-1883) para o estudo da disciplina Análise do Discurso, ao indicar o lugar dos problemas da filosofia da linguagem dentro do conjunto da visão marxista do mundo, apresenta-se na análise e historicidade do discurso. Essa presença se inscreve na produção de sentidos pelo conhecimento da exterioridade constitutiva da linguagem, procurando definir as suas noções no domínio das ciências humanas e sociais.

Orlandi (1987) faz uma comparação entre as diferentes formas de a Sociolingüística, a Teoria da Enunciação e a Análise do Discurso trabalharem com essa exterioridade. Aponta que a Sociolingüística visa a relação entre o social e o lingüístico; a Teoria da Enunciação trata da determinação entre o funcional (enunciação) e o formal (enunciado); a AD procura estabelecer essa relação de forma mais imanente, considerando as condições de produção (exterioridade, processo histórico-social) como constitutivas da linguagem.

Para Maria Virgínia Amaral (1999), a exterioridade do discurso corresponde aos discursos já existentes e com os quais o discurso se constitui como um outro discurso. A produção de sentido é ideológica, tal como cita Bakhtin (2004), toda palavra é ideológica e toda utilização da língua está ligada à evolução ideológica. Por conseqüência, assim como a palavra, o discurso não pode ser desvinculado “da situação social mais imediata ou do meio social mais amplo”, Bakhtin, 1992, (apud AMARAL, 1999).

Com esse mesmo pensamento, Michel Pêcheux, 1988, (apud AMARAL, 1999: 25), afirma que o sentido das palavras não pertence à própria palavra, não é dado diretamente em sua relação com a “literalidade do significante”; “ao contrário, é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, expressões e proposições são produzidas”. Assim, diz Amaral (1999: 26), são as posições ideológicas, que estão em jogo no processo sócio-histórico, que determinam o sentido das palavras. Então, apoiando a noção desse processo sócio-histórico citamos a proposição de Marx:

Na produção social da sua existência, os homens estabelecem relações determinantes, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser que, inversamente, determina a sua consciência (apud AMARAL, 1999: 27).

Esse pensamento apresenta o entendimento das condições de produção do discurso, pois nele é exposta a relação contraditória entre produção e reprodução da vida dos homens em sociedade, como também, a relação do:

Discurso como resultado de um amplo e complexo processo de constituição do sujeito pela ideologia, sendo por isso que as expressões desse sujeito já não são expressões de um indivíduo singular, mas de um sujeito histórico que se define em relação às formações ideológicas de uma dada formação social (AMARAL, 1999: 31).

Para Bakhtin (2004), a filosofia marxista da linguagem deve justamente colocar como base de sua doutrina a enunciação como realidade da linguagem e como estrutura sócio-ideológica.

 

As fases da análise do discurso
e sua relação com o sujeito

No centro desse novo paradigma importava normalizar o sujeito, pois ao longo do percurso dos estruturalistas havia a exclusão desse, como afirma François Dosse (apud FERREIRA, 2005: 14): “reaparecer pela janela, após ter sido expulso pela porta”. Assim, a AD vai à busca desse sujeito, até então descartado, e vai encontrá-lo, em parte, na psicanálise, apresentado como um sujeito descentrado, distante do sujeito consciente; a outra parte, ela vai encontrar no materialismo histórico, na ideologia althusseriana, o sujeito assujeitado, materialmente constituído pela linguagem e devidamente interpelado pela ideologia.

 

Primeira fase da Análise do Discurso: máquina discursiva

Dado como conhecimento para o estudo das três fases que atravessam a Análise do Discurso, Mussalim (2004: 118) propõe procedimentos para fazer as análises:

1. Seleciona-se um corpus fechado de seqüências discursivas;

2. Faz-se a análise lingüística de cada seqüência, considerando as construções sintáticas (de que maneira são estabelecidas as relações entre os enunciados) e o léxico (levantamento de vocabulário);

3. Passa-se à análise discursiva, construindo sítios de identidades a partir da percepção da relação de sinonímia (substituição de uma palavra por outra no contexto) e de paráfrase (seqüências substituíveis entre si no contexto);

4. Procura-se mostrar que tais relações, de sinonímia e paráfrase, são decorrentes de uma mesma estrutura geradora do processo discursivo.

Sabe-se então que essa primeira fase da AD (AD– 1) é conhecida como máquina discursiva, mais comumente chamada de AAD (análise automática do discurso), por estar ligada a um período muito marcado, ou seja, a uma estrutura que é responsável pela geração de um processo discursivo a partir de um conjunto de argumentos e de operadores responsáveis pela construção e transformação das proposições, concebidas como princípios semânticos que definem, delimitando um discurso.

Assim, para a AD – 1, cada processo discursivo é gerado por uma máquina discursiva, o que provoca um assujeitamento do sujeito à maquina discursiva. Esse sujeito é submetido às regras específicas do discurso que enuncia.

A esse respeito afirma Paul Henry (apud FERREIRA, 2005: 14):

O sujeito é sempre, e ao mesmo tempo, sujeito da ideologia e sujeito do desejo inconsciente e isso tem a ver com o fato de nossos corpos serem atravessados pela linguagem antes de qualquer cogitação (HENRY, 1992: 188).

Conclui-se que, nessa primeira fase, quem de fato fala é uma instituição, ou uma teoria, ou ainda, uma ideologia.

 

Segunda fase da análise do discurso: formação discursiva

Michel Foucault, na sua apropriação do conceito de formação discursiva, propõe essa como sendo o dispositivo que vai desencadear o processo de transformação na concepção do objeto de análise da AD-2. A formação discursiva (FD), segundo Foucault, é:

Um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço que definiram em uma época dada, e para uma área social, econômica, geográfica ou lingüística dada, as condições de exercício da função enunciativa (apud MUSSALIM, 2004: 119).

Para AD-2, a FD tem um espaço que vem a ser atravessado por outras FDs, aquela FD determina o que pode/deve ser dito a partir de um determinado lugar social. Ela será invadida por elementos que vêm de outro lugar, de outras FDs. Segundo Mussalim (2004: 119), o espaço de uma FD é atravessado pelo “pré-construído”, ou seja, por discursos que vieram de outro lugar e que são incorporados por ela numa relação de confronto ou aliança. Para Mussalin, o papel do analista do discurso é descrever como o espaço de uma FD foi atravessado por outras FDs, buscando estabelecer as regras de formação de cada uma. Assim, para a AD-2, o objeto de análise é as relações entre as máquinas discursivas.

Como diz Mussalim (2004), o papel do sujeito nessa segunda fase da AD sofre uma alteração. O sujeito passa a ser concebido como aquele que desempenha diferentes papéis de acordo com as várias posições que ocupa no espaço interdiscursivo. O sujeito do discurso ocupa um lugar de onde enuncia, e é este lugar, entendido como a representação de traços de certo lugar social, que determina o que ele pode ou não dizer. Esse sujeito, ocupando o lugar no interior de uma formação social, é dominado por uma determinada formação ideológica que preestabelece as possibilidades de sentido de seu discurso.

 

Terceira fase da análise do discurso: o interdiscurso

Na análise de Mussalim (2004), os diversos discursos que atravessam uma formação discursiva não se constituem independentemente uns dos outros, mas se formam de maneira regulada no interior de um interdiscurso. Será então, a relação interdiscursiva que estrutururá a identidade das FDs em questão. Nessa nova concepção do objeto de análise, interdiscurso, o procedimento de análise por etapas, explode definitivamente. Com a AD-3, o sujeito sofre um deslocamento que inaugura uma nova vertente. Para Possenti (2002), a concepção de sujeito é definida de forma um pouco menos estruturalista. Afirmando-se, assim, na AD-3, o primado do interdiscurso sobre o discurso, com um sujeito heterogêneo, clivado e dividido entre o consciente e o inconsciente. O primeiro perde a sua centralidade quando o segundo passa a fazer parte de sua identidade.

Conforme procuramos expor nos fundamentos do materialismo histórico na Análise do Discurso, o cenário da concepção marxista trouxe uma visão sobre a relação da produção material na formação da estrutura social, política e econômica do homem. Partindo dessa concepção é que os teóricos estudiosos da AD passaram a analisar o funcionamento da linguagem através da ideologia e a passagem dessa na materialização da linguagem para estruturá-la no processo de significação. Pode-se dizer que a ideologia é a condição para a constituição do sujeito e dos sentidos. Assim, não há sujeito sem ideologia; o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia para que se produza o dizer.

 

A Polifonia e a heterogeneidade discursiva

O termo Polifonia designa o fenômeno da manifestação de vozes, as quais são ouvidas num mesmo texto, que falam de perspectivas ou pontos de vistas diferentes com os quais o locutor se identifica ou não. Tal termo faz parte também do ato da enunciação e serve para mostrar que não existe enunciado puro, mas um confronto de vozes explícitas e implícitas no interior de um discurso, que pode se misturar de acordo com Maingueneau (2001) a diversos tipos de seqüências e fazer transparecer de maneira bastante variável a subjetividade do enunciador, fazendo dele o “eu”, responsável por aquilo que enuncia. A polifonia, assim, passa a existir quando se torna possível distinguir, em uma enunciação, tanto seus enunciadores quanto os seus locutores.

Essas vozes que se cruzam determinam o fenômeno da heterogeneidade, ele indica as falas dos outros discursos na infinita corrente da construção da linguagem.

No plano da heterogeneidade, a polifonia apresenta-se em dois aspectos distintos: o da heterogeneidade mostrada e o da heterogeneidade constitutiva. A primeira pode acontecer através de formas marcadas ou não marcadas, sendo marcadas o caso do discurso direto, do discurso indireto, das aspas, do itálico e do metadiscurso do locutor (comentários, expressões etc.), e não marcada, o caso do discurso indireto livre, dos jogos de linguagem, sendo possível perceber a que vozes os discursos devem recorrer para criarem sua historicidade. A heterogeneidade constitutiva se refere ao tipo de polifonia que retrata as vozes culturais e históricas que estão presentes em todo um universo discursivo e que muitas vezes o autor que a utiliza não tem seu total controle racional ou consciência.

A polifonia pode ser demonstrada em muitos discursos, tornando-se fruto da combinação de muitas vozes, que produzirão efeitos polifônicos, nos quais aquelas poderão ou não ser ouvidas no decorrer de suas execuções. Tal processo acontece, consoante Pedrosa (2006) para que seja distinguido o individuo real (que produz de um enunciado) e o sujeito do enunciado (narrador ou emissor do enunciado). Desta forma, a polifonia (a mostrada e marcada) trará consigo alguns aspectos da linguagem que serão importantes para esta identificação em um discurso.

Conforme Cunha (2002), estudar a polifonia textual nos ajuda a identificar tanto o diálogo entre os diferentes discursos que formam o texto como a compreender as diversas vozes dos sujeitos que se confrontam nesse espaço interlocutivo.

É por meio das formas marcadas e não marcadas de dialogismo que percebemos a posição e os pontos de vista do enunciador do discurso atual, o grau de distância ou de adesão aos discursos dos enunciadores citados ou mencionados, e os lugares ocupados por eles (CUNHA, 2002: 166).

 

Polifonia na prática escolar

Torna-se uma tarefa mais ou menos árdua transformar aspectos teóricos em práticas efetivas em sala de aula, principalmente com assuntos que são veiculados praticamente no 3º grau.

No entanto, se examinarmos as propostas dos PCNs (para o ensino Médio), especificamente no que se refere à tessitura do texto, verificaremos a orientação para trabalhar as diversas vozes que circulam em um texto, em outras palavras, a polifonia. Vejamos em duas citações dos PCNs (sites oficiais, Mec, Governo):

O homem pode ser conhecido pelos textos que produz. Nos textos, os homens geram intertextos cada vez mais diversificados, o princípio das diferenciações encontra no social o alimento de referência.

A língua dispõe dos recursos, mas a organização deles encontra no social sua matéria-prima. Mesmas estruturas lingüísticas assumem significados diferentes, dependendo das intenções dos interlocutores. Há uma “diversidade de vozes” em um mesmo texto.

O espaço da Língua Portuguesa na escola é garantir o uso ético e estético da linguagem verbal; fazer compreender que pela e na linguagem é possível transformar/reiterar o social, o cultural, o pessoal; aceitar a complexidade humana, o respeito pelas falas, como parte das vozes possíveis e necessárias para o desenvolvimento humano, mesmo que, no jogo comunicativo, haja avanços/retrocessos próprios dos usos da linguagem; enfim, fazer o aluno se compreender como um texto em diálogo constante com outros textos.

Verificar essas diversas vozes que circulam no texto torna-se uma prática a ser vivenciada no ensino médio. Dentre os aspectos lingüísticos disponíveis na língua para marcar essa polifonia, destacaremos, entre outras, o discurso direto, o discurso indireto, as aspas e a negação. Entre os não-marcados, enfatizaremos a ironia.

Discurso Direto: É o discurso que propõe reproduzir as palavras exatas de um enunciador de modo fiel, entretanto, por mais que tente manter fidelidade ao enunciado sempre contará com um enfoque pessoal, pois segundo Maingueneau (2001), mesmo quando o discurso direto relata falas de pronúncia efetiva, estas poderão sofrer modificações que poderão ser enunciações sonhadas ou futuras por parte daquele que a reproduz, que acaba por se isentar da responsabilidade da enunciação.

Exemplo 1– enunciação sonhada: No jogo contra Gana, teria gostado de poder dizer que o jogo foi perfeito, mas isso não aconteceu porque o time ainda tem muito a evoluir. (Jornal da Cidade, 28/06/06 Caderno de Esportes, p. 11)

Exemplo 2– DD efetivo: É uma pena não ter feito gols. Considero um jogo perfeito quando dou passe, faço gols. Isto não aconteceu.

Discurso indireto: O discurso indireto para Maingueneau (2001) é uma forma independente do discurso direto e a idéia de que se pode passar mecanicamente deste para o indireto não possui veracidade, pois ambos são independentes e possuem enunciados próprios. Existem inúmeras formas de traduzir falas e neste processo será inserido o conteúdo do pensamento de quem as traduz.

Exemplo 1: Tarso desabafa: “ Estou demitido e com uma missão cumprida”(DD) (www.itelefonica.com.br. Acesso em 28/06/06)

Exemplo 2: Após demissão, ministro afirma estar com a missão cumprida.(DI)

Exemplo 3: Desapontado, o ministro Tarso Genro diz ter cumprido sua missão (DI)

O discurso indireto, no plano sintático é introduzido por verbos dicendi e por orações subordinadas substantivas, que se torna diferente do DD, o qual relata um discurso e não apenas o classifica sintaticamente, possibilitando que este atribua certo direcionamento ao discurso citado, consoante Maingueneau (2001).

No discurso midíatico, as grandes empresas de notícias adotam para a camada popular, menos instruída o DD, que ilustra melhor o processo da enunciação e colabora para um melhor entendimento dos fatos, já para o público mais instruído, é dada a preferência ao DI, sem a necessidade de ser tão explícito.

As aspas: Maneira de se manter distância do que se diz, colocando a responsabilidade para o outro. Aqui, segundo Silva (2005), é explicitado a heterogeneidade mostrada, em que as aspas vão indicar que a expressão não pertence a quem a pronuncia, mas a um locutor, podendo este ser identificado ou não no texto. Ao utilizar este recurso, o locutor tenta eximir-se ou distanciar-se da responsabilidade sobre o que está sendo dito.

Exemplo: O técnico de Gana, Dujkovic, criticou duramente o árbitro da partida dizendo: Os brasileiros são imbatíveis, mas também são intocáveis. (Folha de São Paulo. Esportes, pág. 17. 28/06/06)

As aspas em “intocáveis” anuncia uma terceira voz que aparece no discurso.

A ironia: Segundo Maingueneau (2001) a enunciação irônica desqualifica a si mesma e subverte no mesmo instante em que é proferida. Este é um caso de polifonia, em que o enunciador profere seu discurso seriamente, mas que na verdade o classifica como sendo ridículo tal ato no enunciado. Exemplificando melhor, este processo se dá, de acordo com Pedrosa (2006), quando ao concordar com o locutor, o editor monta sua estratégia, para em um segundo momento “atacá-lo” com uma idéia oposta que dará ênfase a uma enunciação irônica.

Exemplo: “Ronaldo fenômeno é o melhor artilheiro do mundo, agora só falta Parreira ensiná-lo como é que se fazem gols.” (Bianca Santos, estudante, 19 anos, em resposta a uma entrevista à Folha, no Vale do Anhangabaú em São Paulo, em 14/06/06).

Neste exemplo, a entrevistada utiliza a primeira afirmativa concordando com a opinião pública e no segundo instante da enunciação, ironiza a atuação do craque no jogo de estréia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo.

Exemplo: “Assumi o Brasil quando ele era uma coisa meio desarranjada e cheguei a se questionar se deveria disputar a Presidência diante de algumas avaliações de que o país iria quebrar”. Presidente Lula, sobre sua participação nas eleições de Outubro, exibindo a eficácia de seu governo e de sua concordância no Palácio do Planalto. (Jornal da Cidade – Bauru, 24/05/06).

Neste exemplo, o editor, ao recontextualizar o enunciado, ironiza a fala do presidente Lula, ao executar erroneamente sua concordância no decorrer da entrevista.

Pressuposição: o pressuposto é uma hipótese que se cria a respeito de um enunciado já mencionado, eximindo a responsabilidade do locutor que assume o posto. Kerbrat-Orecchioni (apud MAINGUENEAU, 1997, p. 79) afirma que “toda asserção é assumida, explícita ou implicitamente, por um sujeito enunciador e é para este sujeito, em primeiro lugar, que ela é verdadeira”. Este recurso pode, muitas vezes, vir auxiliado por uma negação ou a afirmações ligadas à organização temática do enunciado.

Exemplo: “Eu não estou gordo”. (Ronaldo Fenômeno – Folha On-line 16/06/2006) em resposta à exposição de caricaturas preparada em São Paulo, (para homenagear os famosos jogadores de futebol do mundo).

Aqui a proposição enunciada pelo jogador nos dá a entender que existe um pressuposto que se omite por trás da negação mencionada: a hipótese ou pressuposição de alguém ter pronunciado que Ronaldo está gordo. A pressuposição pode aparecer ligada à organização temática do enunciado como no exemplo abaixo:

Implantar a TV digital no Brasil é vencer o ceticismo, diz Lula” (Veja, 29/06/06)

Neste exemplo, existem, pelo menos, dois pressupostos: o primeiro é o de que “Existe uma falta de confiança na implantação da TV digital” ou “as TVs analógicas não são boas”.

Para Ducrot (apud Maingueneau, 2001) o objetivo de um pressuposto é procurar prender a atenção de seu co-enunciador, para que se estabeleça uma condição de diálogo, que promoverá a aceitação ou negação de um enunciado, podendo seu co-enunciador contestá-lo ou fazer dele um elemento de auxílio na construção do discurso.

Negação: A negação constitui a teoria polifônica quando em um enunciado negativo distingue duas proposições, a primeira é mencionado o que se quer transmitir e na segunda é negado o que se foi dito, fazendo uma distinção entre o locutor/enunciador. Nesse contexto, existem dois enunciadores, o primeiro personagem assume o ponto de vista rejeitado, e o segundo assume a rejeição desse ponto de vista.

Exemplo: “Eu não estou gordo”. (Ronaldo Fenômeno – Folha On-line, 16/06/2006) em resposta à exposição de caricaturas preparada em São Paulo, (para homenagear os famosos jogadores de futebol do mundo).

Esta negação é resposta a uma outra voz que afirma que Ronaldo está gordo.

Outros exemplos podem ser citados:

Negação polêmica: é aquela que se opõe a uma asserção anterior, explícita ou não, emitindo um verdadeiro estado de negação de um pressuposto que anteriormente era positivo, mas que é rejeitado na proposição negativa.

Exemplo: “Sou loira, mas não sou burra”. (Xuxa Meneghel, em 02/05/06, no TV Xuxa, da Rede Globo.-Fonte:Contigo on-line).

Neste exemplo o enunciador rejeita o pressuposto anterior que afirmava que Xuxa é loira e burra, de forma explícita e polêmica.

Negação descritiva: Eu não acho que ele esteja gordo” (Raica Oliveira, sobre o namorado, Ronaldo, em 14/06/06, no Programa do Jô, da Rede Globo. – Fonte: Contigo On-line)

Apesar do exemplo acima parecer semelhante ao mencionado na negação polêmica, este possui diferentes estados de negação, pois a mesma frase poderia ser parafraseada da seguinte forma: Ele está em forma ou Ele encontra-se com excelente condicionamento físico ou Eu acredito que ele esteja absolutamente em forma. Segundo Maingueneau (2001) a negação polêmica apresenta contradição com o enunciado que reprova, enquanto a negação descritiva é compatível tanto com a contradição como com a contrariedade.

 

textos: análise de marcas polifônicas

Quadro 1: texto com DD, DI e aspas

n

Marcas

polifônicas

texto

1

 

 

 

 

2

 

 

 

 

 

 

3

 

 

 

 

 

4

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5

Título: Aspas

A que voz social se refere a palavra “vive” utilizada com aspas?

 

Chamada da matéria: Aspas e discurso indireto

Verificar o uso do discurso indireto e aspas para marcar a fala do locutor e do jornalista.

 

 

Matéria (1º parag.): DI, aspas

Indicar mais uma vez os recursos lingüísticos utilizados no texto e enfatizar que efeitos discursivos são gerados a partir dessa prática.

 

 

 

 

Matéria (2º parag.): DD, DI, aspas, DD

A fim de autenticar a veracidade das informações, a jornalista opta pelo DD no 2º parag. E para variar os recursos discursivos, mais uma vez utiliza o DI, as aspas e novamente o DD. Explore esses recursos em seus aspectos lingüísticos e também como produtores de textos, indicativos de como as vozes podem se manifestar em um texto.

 

 

 

 

Matéria (3º parag.): DD, DI

Verificar como ocorre a intercalação na escolha entre os DD e DI. Ressaltar mais uma vez as vozes do locutor e da jornalista.

30/06/06 às 16:18 Varig "vive" " e comprador herdará todas as linhas

 

 

Presidente da Agência Nacional de Aviação Civil afirmou que a companhia opera "normalmente", apesar das linhas estarem "congeladas" Por Simone Menocchi e Renata Stuani

 

São José dos Campos, 30 (AE) – O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Sérgio Zuanazzi, disse hoje (30) de manhã, na sede da Embraer em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, que a Varig está operando "normalmente" e que as linhas da companhia estão "congeladas", porque quem comprar a empresa levará todas as linhas apesar do cancelando de diversos vôos. Segundo ele, somente após 30 dias de paralisação total da companhia haverá distribuição dos vôos para os concorrentes.

"A Varig está viva. O programa de emergência não deixou nenhum passageiro em casa até agora, ninguém deixou de chegar. Houve transtornos, mas foram resolvidos", afirmou Zuanazzi, que participou da cerimônia de certificação do jato comercial Embraer 195. Sem esconder a expectativa sobre a compra da Varig, Zuanazzi disse que gostaria que o problema fosse resolvido "hoje" e acredita que até terça-feira os vôos sejam retomados normalmente. "A Varig que solicitou este prazo até dia três. Não sabemos se será preciso prorrogá-lo."

Zuanazzi explicou o plano de estratégia para atender os passageiros. "Nas rotas nacionais a Anac opera com as demais empresas e a demanda está diminuindo já que desde a semana passada as passagens não foram mais vendidas. De acordo com a demanda, e por causa do período de alta temporada estamos autorizando vôos extras das outras empresas". Informou também que nas rotas internacionais a Varig colocou aviões menores e fez acordos com outras empresas. "E antes que vocês perguntem, na Alemanha está operando normalmente".

 


Quadro 2: ironia e negação

n

polifonia

textos

 

1

Destacar as duas vozes presentes no texto: a do locutor e a do editor.

Analisar como ocorre a ironia na fala do editor.

Considerar o conhecimento de mundo de que Ana Maria Braga é Bióloga, então sua afirmação sobre a água precisa ser analisada sob essa ótica.

(V/012– 10/01/01) "A água tem um grande poder de transmitir energia. Além disso, umedece o ambiente quando o ar-condicionado o deixa ressecado."
Ana Maria Braga, apresentadora da Rede Globo, que descobriu as qualidades umectantes e de condutividade da água

2

Explorar o uso do adjetivo (pobre) e o substantivo (bagatela) como índices que podem orientar o leitor para a leitura irônica do posicionamento do editor.

Pode-se também explorar a negação na fala do locutor como sendo resposta a uma outra voz que afirmava que ele brincava de trabalhar.

(V/479 – 27/06/01) "Não estou brincando de trabalhar. Tenho filha pequena para criar e uma pilha de carnês para pagar."
Fausto Silva, o pobre Faustão da Globo, que ganha uma bagatela acima de 1 milhão de reais por mês, preocupado com o leite das crianças

 

Exercício:
Indicar a polifonia e os recursos lingüísticos e discursivos

05/05/06 às 13:29 Garotinho admite pela primeira vez inviabilidade de candidatura

''Atingiram o objetivo: me encheram de denúncia, anteciparam a convenção onde vão dizer que caí nas pesquisas e por isso não posso ser candidato'' RIO DE JANEIRO

– Pela primeira vez desde que começaram as denúncias de irregularidades sobre as doações para sua pré-campanha à Presidência, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho admitiu que sua candidatura não é mais viável. Eu não tenho mais ilusão. Minha candidatura só sai por um milagre" disse ele em entrevista à radio Tupi hoje de manhã.
"Atingiram o objetivo: me encheram de denúncia, anteciparam a convenção onde vão dizer que eu caí nas pesquisas e por isso não posso ser candidato".
Garotinho atribuiu as denúncias a uma estratégia usada por seus inimigos para lhe destruir. "Isso tudo foi armado por um triângulo formado pelos bancos, pelo presidente Lula, que sabe que se eu for candidato ele não ganha, e por gente de dentro do PMDB", disse, também, na entrevista.
Pela primeira vez ele citou nomes de outros peemedebistas que teriam interesse em armar as denúncias. Para Garotinho, os senadores José Sarney, Renan Calheiros e Ney Suassuna, todos da ala governista do partido, são alguns dos responsáveis pela crise que atingiu sua candidatura.
Na entrevista à rádio, Garotinho voltou a dizer que só vai parar a greve de fome, iniciada no domingo, quando obter direito de resposta na revista Veja e nos veículos das Organizações Globo.   
No quinto dia de greve de fome, Garotinho acordou às sete da manhã, e recebeu a visita do médico Abdu Neme; do presidente da Assembléia Jorge Picciani (PMDB) e do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB).

(http://www.oi.com.br/data/Pages/0368EBB1ITEMID4ABE4FA1DC0547549BCC848C8296EBB4PTBRIE.htm)

 

conclusão

Propusemos com este mini curso extrapolar os limites de verificar os recursos presentes em um texto apenas pelas perspectivas gramaticais e estilísticas. Aspectos da AD podem ser aplicados com propriedade a estudos também no ensino médio. A polifonia, como um desses aspectos, constitui um estudo produtivo para se fazer uma releitura dos DD e DI, da negação, da ironia, e do uso das aspas entre outros.

 


Referências bibliográficas

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Glossário

Análise do Discurso: disciplina que trabalha a formação discursiva dos textos e propõe a idéia de que um discurso é tecido a partir do discurso do outro. Busca sempre associar uma enunciação a certo lugar social.

Discurso: efeito de sentido que é produzido na interlocução entre falantes, dentro de contextos determinados. Ele sofre mudanças de acordo com as escolas em que é utilizado e surge em situações sociais variadas.

Enunciação: manifestação do pensamento através das palavras, utilizada por indivíduos socialmente organizados. Ela jamais se repete e é marcada pela singularidade.

Enunciado: figura da enunciação que representa o ponto de vista construído por um enunciador, que pode estar de acordo com o que narra ou em oposição a esta narrativa.

Heterogeneidade: termo utilizado na AD para explicitar a forma como diversas vozes cruzam o discurso do outro e se completam ou se contrapõem em sua execução. Segundo Authier (1982) ela pode ser mostrada ou constitutiva.

Heterogeneidade constitutiva: trata-se da formação do discurso constituído por várias vozes que fazem parte de todo um universo discursivo, o qual é formado por vozes da história e cultura (e também do inconsciente), em que o locutor não tem controle racional e em alguns momentos nem sequer consciência.

Heterogeneidade mostrada: é a forma pela qual o discurso torna-se detectável no decorrer de um texto. Ela nos revela a que vozes os discursos necessitam recorrer para se constituir, ao mesmo tempo em que

possuem relação com estas em campos discursivos diferentes. Ela pode ser dividida em marcada e não-marcada.

Heterogeneidade marcada: aparece de modo único e pode ser identificada através do discurso direto ou indireto, aspas, itálico ou metadiscurso.

Heterogeneidade não– marcada: é Identificada através do discurso indireto livre, da ironia, da metáfora.

Interdiscurso: é o conjunto de discursos que se relacionam entre si, procurando estabelecer uma formação discursiva entre discursos semelhantes ou diferentes.

Intertexto: são os fragmentos implícitos ou explícitos de discursos que são citados efetivamente no discurso.

Intertextualidade: é a relação existente entre uma formação discursivas e outras formações, podendo ser interna (quando trata-se de um mesmo campo discursivo) ou externa, quando existir relação.

Polifonia: fenômeno lingüístico em que todo discurso é tecido por outro discurso, através de várias vozes que falam de perspectivas ou pontos de vista diferentes com os quais o locutor se identifica ou não.

Sujeito: é aquele que existe socialmente, marcado por uma ideologia. Não se apresenta como fonte absoluta de sentido, por ser marcado por outras falas que o constituem.

Texto: unidade que para ser compreendida exige um conhecimento prévio das condições sociais e ideológicas em que foi formado. Elemento construído semanticamente no espaço discursivo de interlocutores.