Aspectos da textualidade
na escrita adolescente em blogs

Carmen Pimentel (UERJ)

 

Analisar um texto e decidir se ele é realmente um texto, não é tarefa das mais fáceis. Se o texto é o corpo de um blog escrito por um adolescente de 10-15 anos, a tarefa fica mais complicada ainda; visto que, para muitos, a escrita de um blog com suas marcas de oralidade, seus termos abreviados e suas frases inacabadas é um conjunto enigmático de sinais ininteligíveis.

Podemos considerar um blog como um texto? É o que me proponho a desvendar neste artigo: mostrar que o produto escrito em um blog de adolescente pode, sim, ser considerado um texto, independentemente do léxico e dos símbolos utilizados. Para isso, tomarei como ponto de partida os conceitos de texto e textualidade encontrados nos estudos sobre os aspectos da textualidade, base para a Lingüística Textual e para a Análise do Discurso, dos autores Beaugrande & Dressler, Halliday & Hasan, Charolles e Bakhtin, retomados por Valente (2001), Costa Val (1999), Koch & Travaglia (2005) e Charaudeau & Maingueneau (2004), entre outros.

 

Blogs de adolescentes

Blogs são diários eletrônicos ou diários virtuais divulgados na Internet. O termo é uma corruptela de WEBLOG (WEB – a rede de computadores mundial – e LOG – tipo de diário de bordo). São como sites com temas específicos e desenvolvidos por qualquer pessoa que tenha algo a contar. Utilizam o texto escrito como base, mas permitem outras mídias como som, imagens, pequenos vídeos. São, portanto, eventos multimídia. Os blogs apareceram no final dos anos 90, e, hoje em dia, acredita-se, já existe um milhão de blogueiros (autores de blogs) espalhados pelo mundo. A idéia é trocar informações e divulgar opinião e sentimentos, não importando muito quem ou de onde é o autor. Forma-se aí uma grande rede social de divulgação de saberes.

A comunicação entre as pessoas só acontece porque existe uma espécie de acordo entre os componentes de um grupo para utilizarem determinada variedade lingüística. Os usuários de blogs (principalmente os adolescentes) optaram por uma forma de escrita com características próprias e passaram a se comunicar através dela. Pode-se chamar esse fenômeno de linguagem digital ou virtual ou, ainda, eletrônica.

A linguagem de um grupo fornece pistas a seu respeito: a que classe sócio-cultural pertence, quais as características dos falantes ou autores, como idade, sexo, nacionalidade etc. Leite & Callou (2004:7) dizem que é na linguagem que se refletem a identificação e a diferenciação de cada comunidade e também a inserção do indivíduo em diferentes agrupamentos, estratos sociais, faixas etárias, gêneros, graus de escolaridade. Dessa forma, o grupo que participa de um blog usando um dialeto[1], diferencia-se do resto, criando uma identidade própria, principalmente em se tratando de adolescentes. Os adolescentes, usuários freqüentes da mídia digital, encontram na Internet o espaço ideal para exercitar aquilo que mais gostam de fazer pela própria natureza da idade: transgredir. E é na escrita digital que encontram liberdade para expressar-se sem o risco de repressão ou sanção, podendo fazer sua análise dos fatos, emitir opiniões, avaliar a realidade que os envolve ou, simplesmente, escrever sobre seu dia-a-dia.

 

Texto e textualidade

O corpus de análise para esse trabalho foi o blog de Tabata[2]. Utilizei este blog para verificar a possibilidade de o texto ali presente poder ser considerado como um texto. Vários blogs de adolescentes seguem a mesma configuração e têm conteúdo semelhante: procuram relatar seu dia-a-dia, acrescentando dados e informações que podem ser de interesse da comunidade que o visita.

Uma breve análise do blog de acordo com suas características relativas ao meio virtual em que se insere, faz-se necessária, antes de prosseguir com as reflexões a respeito da existência de textualidade nos textos dos blogs.

Por ser o blog uma espécie de diário virtual ou digital disponibilizado na Internet, ele traz, na sua transposição do papel para o espaço virtual (ou ciberespaço), algumas características daquele diário tradicional, escrito em cadernos apropriados. Uma dessas características é a data em que foi feita a produção textual. Como se trata de um diário, esse aspecto é relevante para o acompanhamento dos escritos. Pode-se observar essa característica na Figura 1, letra A. Em vários blogs analisados (um total de 20), todos a apresentavam. No entanto, ela é um componente inerente às ferramentas utilizadas para o desenvolvimento de blogs. É verdade que o usuário tem a opção de retirar alguns itens do modelo básico oferecido, por ocasião da construção de seu próprio blog; mas, quanto a esse item específico, não houve modificações para essa amostra.

Outra característica do texto de diário que permanece nesse meio virtual é a escrita sobre si. No blog em questão, a autora conta como tem sido sua semana: provas e trabalhos na escola, problemas com amigas, ida ao shopping para fazer compras, o presente que ganhou do pai. A autora também confecciona “plakinhas” (são pequenos gifs3 animados para ilustrar o blog - uma delas está logo abaixo da data, na Figura 1) e as disponibiliza para quem as quiser.

Figura 1: Blog Totally Tabata. Fonte: http://totallytabatafashion.bigblogger.com.br/. Coletado em 01/07/2006 (as marcações são minhas)

Da mesma forma que os diários de papel, o texto do blog se propõe a ser uma conversa. No diário de papel, o interlocutor é o próprio diário, que recebe nome ou é chamado pelo vocativo “Querido diário”. No meio virtual, o interlocutor é outro: é aquele que visita o blog, lê e deixa comentários, interagindo com o autor. Para isso, o blog dispõe de uma entrada que possibilita a participação de outros internautas3. No blog de Tabata, a entrada está localizada logo abaixo do texto, com a inscrição “Loading”. Esta entrada é um link3 que nos leva a uma outra janela[3] em que estão os comentários dos leitores do blog de Tabata, sob o título “Deixa um comentário, vai?” (Figura 2). Lá também se encontra um pequeno formulário para que o leitor escreva ali seu comentário a respeito do texto que leu ou do blog como um todo.

Figura 2: Comentários para o blog Totally Tabata. Fonte: http://totallytabatafashion.bigblogger.com.br/.

No texto a seguir, retirado do blog de Tabata[4], pode-se observar alguns termos e marcas de oralidade que mostram que a autora “conversa” com o leitor, mesmo sendo um leitor imaginado, pois a autora não sabe de fato quem está lendo seu blog. Esses termos são os seguintes: “Oiiiiiii!”, “Tudo rocks?” (em alusão a “tudo bem”: como a autora é fã de rock, ela usa essa expressão), “Legal, né?”, além de todo o final do texto (“Fique com as plakinhas...Clique no meu game!!”) que utiliza o modo verbal do imperativo com a função de convidar o leitor a realizar aquelas instruções.

Essa “conversa” constitui, na concepção de Bakhtin e Volochinov (in Charaudeau & Maingueneau, 2004:160), o diálogo – a troca de palavras – a forma mais natural da linguagem. E complementam:

Mais ainda, os enunciados longamente desenvolvidos, ainda que eles emanem de um interlocutor único – por exemplo, o discurso de um orador, o curso de um professor, o monólogo de um ator, as reflexões em voz alta de um homem só – são monológicos somente em sua forma exterior, mas, em sua estrutura interna, semântica e estilística, eles são, com efeito, essencialmente dialógicos. (p.160-161)

A esse tipo de diálogo, de um locutor com um destinatário mesmo que virtual e imaginado, Bakhtin denomina de relação interlocutiva (idem, p.161). É o que acontece no texto de Tabata quando ela conversa com um leitor (ou leitores) imaginado a priori e só concretizado a posteriori através dos comentários adicionados a seu blog.

[Sábado, 1 de Julho de 2006]

Oiiiiii! Postando ao som de Empty Apartment, Yellowcard^^ Tudo rocks? Comigo está tuuuuuudo blue, ou pink, lilás... Semana bem agitada, trabalhos, provas da school¬¬ Get over it! Essa expressão é o nome de uma música da Avril e quer dizer algo como "dar a volta por cima", superar... Legal, né? Nem me importo com aquelas "amigas", elas têm medo de me perder... Daí ficam super boazinhas!! Tsc tsc... Fuck it! Ops! Não gosto de usar palavrões, mas não encontrei outra palavra¬¬ Estou muito sussa, nada me tira do sério, nem a Jé falando mal do David do SP- e olha que eu amoooooo ele! A Jé gosta de músicas gauchescas-sem comentários... Pra que magoar? Não sou igual a ela!! ;-) "Sou o que sou; por isso, aceite-me como sou.", Goethe (1749-1832). Além de sussa, ando cult^^ A-do-ro os poemas de Pablo Neruda, quando fui ao Chile, visitei a casa dele^^ "O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.", é um trecho do lindo poema Saudade. Sexta-feira não tive aula! Palestra e curso pros profes. Fui ao shopping^^ Comprei um All Star vermelho, uma pulseira de dadinhos e dois pôsters, um do Blink-182 (aprendi a falar! Hundred Eighty Two.) e outro do Good Charlotte!! Perfeitos^^ Papi, me deu de presente o livro É Isso Aí, Cara, Sou Punk, Domenica Luciani. Ele achou a minha cara^^ Eu vou ler nas férias, parece ser super legal! Tim é um garoto comum que faz um trabalho sobre o movimento punk e acaba se tornando um!! Sem falar que a autora é uma rocker autêntica!! Por falar em punk.. Assisti ao vídeo de Jesus Of Suburbia que foi censurado!! No vídeo, Jesus é um punk esquisitão, picha paredes, fuma, bebe...  Ééé... Não tenho muito o que escrever... Fique com as plakinhas!! Thanks pelos comments, tá? Não deixe de participar do game! Comente abaixo da foto, ok? cLiQuE nO mEnU "gAmE"!! O presentinho eu vou ver ainda... Pode ser gif, lay, midi... Atendendo a pedidos, tirei a trava das plakinhas^^

|| By // 01/07/2006 - 16:09
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Texto, na concepção de Costa Val (1999) e de Koch & Travaglia (2005), é uma passagem do discurso coerente em relação ao contexto de situação – portanto consiste em registro – e em relação a si mesmo – portanto, coeso. Por isso, pode-se dizer que um texto é bem compreendido quando avaliado sob três aspectos: a) pragmático, que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação informacional e comunicativa (dotado de unidade sociocomunicativa); b) semântico-conceitual, de que depende sua coerência; c) formal, que diz respeito a sua coesão. A Lingüística Textual define texto como uma unidade lingüística concreta em uma dada situação de interação comunicativa (Valente, 2001: 5).

Partindo dessa definição, é possível constatar que o texto acima pode ser considerado como tal, já que se propõe a ser uma unidade lingüística concreta, enquanto publicado em um meio a que se tem acesso (virtual, por tratar-se da Internet, porém concreto, por ser o resultado de uma produção escrita). Além disso, o texto é parte integrante de uma situação de interação comunicativa, já que envolve interlocutores que compartilham de um mesmo contexto social.

Para Beaugrande & Dressler (In Valente, 2001), um texto precisa apresentar sete aspectos que o fazem ser considerado como um texto de fato: coerência, coesão, aceitabilidade, informatividade, intencionalidade, intertextualidade e situacionalidade. Esses aspectos constituem a textualidade de uma produção lingüística que depende, em grande parte, do recebedor (seus conhecimentos prévios, sua capacidade de pressuposição e inferência, sua adesão ao discurso) e do contexto (o que é texto em uma situação pode não o ser em outra e vice-versa). Estes mesmos aspectos também foram relacionados por Koch & Travaglia (2005) e Costa Val (1999):

1) Coerência: algo que se estabelece na interação, na interlocução, numa situação comunicativa entre dois usuários. A coerência está ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor do texto tem para calcular o seu sentido (o receptor interpreta para compreender). A base da coerência é a continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas expressões lingüísticas do texto e que deve ser percebida tanto na codificação (produção) como na decodificação (compreensão) dos textos.

2) Coesão: revelada através de marcas lingüísticas, manifesta-se na organização seqüencial do texto. É a relação semântica entre um elemento do texto e um outro elemento que é crucial para sua interpretação. Constrói-se através de mecanismos gramaticais e lexicais: pronomes anafóricos, artigos, elipse, concordância, correlação entre tempos verbais, conjunções, repetição, nominalização, substituição, associação.

3) Intencionalidade: objetivos que o produtor do texto tem em mente numa determinada situação comunicativa. Diz respeito ao valor ilocutório do discurso (informar, impressionar, alarmar, convencer, pedir, ofender etc.).

4) Aceitabilidade: concerne à expectativa do recebedor de que o conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor (sentido, autenticidade, informatividade, pertinência, relevância, precisão, clareza, ordenação, concisão etc.). De acordo com Valente (2001:8), há quem considere que não existe texto incoerente, uma vez que, pelo princípio da cooperação, o receptor esforça-se para dar sentido ao texto e tenta encontrar coerência nele.

5) Situacionalidade: adequação do texto à situação comunicativa. Refere-se aos elementos responsáveis pela pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre.

6) Informatividade: diz respeito à medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, tanto no plano conceitual e como no formal. É preciso que o texto apresente todas as informações necessárias para que seja compreendido com o sentido que o produtor pretende, além de acrescentar ao conhecimento do recebedor informações novas e inesperadas. Aqui faz-se presente uma certa dose de conhecimento partilhado – conhecimento de mundo compartilhado pelos interlocutores.

7) Intertextualidade: a utilização de um texto dependente de outros que funcionam como seu contexto. Dessa forma, a produção e a recepção de um texto depende do conhecimento de outros textos por parte dos interlocutores: conteúdo (questões de conhecimento do mundo), fatores formais e fatores tipológicos (tipos de textos).

Para a análise do blog de Tabata, trabalharei apenas com cinco desses aspectos e os organizarei aos pares; e, ainda, acrescentarei um outro aspecto relativo ao suporte (a Internet) em que o blog é construído: a interatividade. Dessa forma, o texto será analisado a partir de (1) aceitabilidade e informatividade; (2) coerência e coesão; (3) intertextualidade e interatividade.

 

Os aspectos da textualidade nos blogs

(1) A aceitabilidade do texto está relacionada à informatividade que este apresenta para o leitor. Sabemos que o autor de um blog, por seus escritos, deseja compartilhar suas experiências, suas vivências no cotidiano, com seu leitor. Isso transparece no blog de Tabata já no título escolhido para ele: “I don’t know how to keep it all inside” (numa tradução livre: “Não consigo guardar segredos”) – ver Figura 1. Essa frase é um verso da letra da música “Another Perfect Day”, do grupo de rock American Hi-Fi. Tabata é uma fã de rock, daí iniciar seu texto informando ao leitor que ela escuta, no momento da postagem, um rock. Além disso, cumprimenta seu leitor com um “Tudo rocks?”.

O desejo de compartilhar suas vivências também aparece na intenção de relatar os fatos de seu dia-a-dia e convidar o leitor para trocar essas experiências com ela, fazendo com que o texto tenha boa aceitabilidade por parte daqueles que visitam o blog regularmente e que, aparentemente, compactuam do mesmo contexto de vida. O leitor que visita o blog busca novas informações: sobre a autora, quer encontrar mais relatos de sua vida para compartilhá-los com ela; e sobre rock’n’roll, alguma novidade, músicas diferentes, ´plakinhas´ de cantores etc.

A partir da análise dos comentários deixados por esses leitores, é que se percebe que todos que por ali passam pertencem ao mesmo universo: são estudantes, adolescentes, amantes de rock, gostam das tais “plakinhas”, deixam seu ponto de vista sobre algum fato narrado pela autora, demonstram ter participado de alguma forma do blog em questão (por exemplo, o tal game elaborado por Tabata, citado em seu texto).

Oi Tah ^^
o seu new lay tá liiindo *-*~
parabéns querida pelo seu trabalho
te adimiro muito (Y)
Hum... festa junina é bem legal e com certeza o seu look vai ser super fashion. inveja é fogo.não liga para as suas "amigas".
Sobre akele seu game,os fofos da foto são Benjamin Madden e Joel Madden? *-)
Bjokas querida e uma boa semana
;**

Olá Tabata! Tudo bem? Nossa, vocè foi dispensada do trabalho porque vai dançar? Vai ficar com média 10? Parabéns! Por que suas amigas não dançam também? Achei o perfil desse lay muito legal, tá tudo combinando, a obra completa está super bacana! Muito fofo o gif dos carros! Gostei também o da Gwen, estou de acordo com a frase: "Tô precisando de férias!"... rs... ainda tenho mais uma semana de aula, será que eu aguento?

Beijinho
Andressa | Homepage | 06.29.06 - 5:19 pm | #

Dois comentários reproduzidos do blog Totally Tabata. Fonte: http://totallytabatafashion.bigblogger.com.br/.
Coletado em 01/07/2006.

Dessa forma, percebe-se que a aceitabilidade, no caso da escrita de blogs, está relacionada à busca do Outro (o leitor, no caso) para as respostas às questões subjetivas explicitadas pelo autor do blog. Isso fica constatado em Komesu (2004:119): A necessidade do Outro para a constituição do sujeito é imprescindível e independe dos suportes materiais utilizados. Em outras palavras, os diários, antes escritos em cadernos secretos e proibidos para leitores, tinham esse caráter de amigo íntimo, pronto para “ouvir” desabafos e compartilhar os fatos do dia-a-dia de seu autor. Quando esses diários passam a ser públicos, porque disponibilizados na Internet, o Outro, antes materializado no objeto de papel, agora torna-se um grupo de pessoas reais (embora virtuais em função do suporte) que interage com o autor e compartilha de seus “segredos”, não mais silenciosamente, mas deixando comentários de apoio, de solidariedade, de participação.

Nesse sentido, o texto produzido pelo autor do blog apresenta-se como sendo útil e relevante, capaz de levar o leitor a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do autor, que é o de receber uma resposta a seus questionamentos subjetivos. Em termos de informatividade, o texto também atende às expectativas do leitor, que visita o blog em busca de novas informações sobre seu autor.

(2) Coerência e coesão, para Koch & Travaglia (2005:23), estão intimamente relacionadas no processo de produção e compreensão do texto e por isso estes aspectos serão tratados conjuntamente. Um texto apresenta coerência quando suas marcas lingüísticas e, portanto, a coesão, são escolhidas e trabalhadas com o intuito de formar um todo coerente semântica e pragmaticamente; em outras palavras, que tenha sentido e estabeleça a interação entre os interlocutores.

Entre os recursos coesivos elencados por Halliday & Hassan (in Valente, 2001) estão a referência, a substituição, a elipse, a conjunção e a coesão lexical. A coesão lexical de Halliday & Hassan se confunde com a metarregra da repetição de Charolles (idem, 2001). Este autor não diferencia coesão de coerência. Para ele, o que muitos denominam coesão é coerência microtextual, e a coerência seria a coerência macrotextual. Charolles dá ênfase aos parâmetros pragmáticos do ato comunicacional, não fazendo separação rígida entre o plano do discurso e o da comunicação textual e elenca quatro metarregras: de repetição, de progressão, de não-contradição e de relação.

Analisando-se o blog de Tabata sob esse enfoque, podemos verificar a presença de referência em vários momentos do texto. Por exemplo, marcada por anáfora (3ª linha) – “Essa expressão é o nome da música...”, o pronome essa referindo-se à expressão em inglês citada anteriormente. Na frase “Nem me importo com aquelas ´amigas´, elas têm medo de me perder...”, os pronomes aquelas e elas têm valor exofórico, pois referem-se às tais amigas da escola que possivelmente apareceram numa conversa anterior e, portanto, fora do texto em questão. Na linha 10, a expressão “Além de sussa” retoma um momento anterior do texto em que a autora diz estar “muito sussa” (=sossegada) na linha 6. Na linha 19, o mesmo acontece com “Por falar em punk...” que faz referência ao que foi contado antes sobre a temática de um livro comprado no shopping.

A substituição aparece em “Sem falar que a autora é uma rocker autêntica!!” (linha 18), em que a palavra autora substitui o nome da autora do livro citado anteriormente. A elipse do sujeito de primeira pessoa mostra uma construção mais elaborada das orações, já que muitos adolescentes, ao escreverem textos sobre si mesmos, utilizam o pronome eu em abundância. Outra elipse acontece no trecho em que a autora se refere aos pôsteres comprados: o uso dos pronomes um e outro fazem a perfeita substituição do termo (l.14,15). O uso de conjunções, no entanto, é bem escasso. O texto é construído basicamente por coordenação, podendo ser encontradas conjunções aditivas (e – l.3,7; nem – l. 4,7) e adversativas (mas – l.6). A conjunção subordinativa temporal quando aparece na linha 11: “quando fui ao Chile”. O uso de períodos compostos também é mais raro. Nas linhas 17-19, para falar sobre o livro que vai ler, a autora utiliza pronome relativo e conjunção aditiva. Mais abaixo, na linha 21 também há uma ocorrência de pronome relativo: “Não tenho muito o que escrever...”. Isso caracteriza um texto de frases curtas e objetivas, muito na produção textual dos jovens.

A metarregra de repetição, de Charolles, constitui-se no uso dos termos sussa e punk, já mencionados anteriormente. A progressão textual acontece de maneira clara, no desenrolar do contar os fatos acontecidos durante a semana e no que irá acontecer posteriormente, quando a autora entrará de férias e lerá o livro que ganhou de presente do pai. A seqüência lógico-temporal da narrativa é bem construída, apesar da quase inexistência de termos apropriados a essa construção. A metarregra da não-contradição também pode ser observada ao longo da narrativa, já que a autora não acrescenta dados que a contradigam, além de reiterar seu gosto pelo rock em outras passagens do texto.

Pode-se dizer que a metarregra de relação aparece na referência que a autora faz a frases e poemas de escritores consagrados para explicar seus próprios sentimentos. Essa atitude mostra conhecimento, tanto em relação aos escritores e sua obra como em relação à variedade de recursos para construir um texto.

Pode-se destacar ainda o uso de campo semântico como recurso coesivo: em relação ao estado de espírito - blue, pink, lilás, ´sussa´, superar, cult; sobre música - ´rocks´, rock, ´rocker´, punk, músicas gauchescas. O caráter polissêmico da palavra blue, no início do texto, também vale ser ressaltado: blue, em contraponto a rock; blue como sentimento; blue como cor, no jogo com pink, lilás.

Dessa forma, fica claro que, quanto aos itens (1), aceitabilidade e informatividade, e (2), coerência e coesão, o conteúdo do blog de Tabata pode ser considerado um texto, pelo menos um texto adequado à faixa etária da autora e de seus leitores (14 anos) e ao gênero utilizado (escrita sobre si – o diário).

(3) Quanto ao aspecto de intertextualidade, segundo Costa Val (1999), este conceito diz respeito a um texto estar ligado a outros que funcionam como contexto do primeiro. Tanto o autor como o leitor deste texto estão envolvidos na sua compreensão pelo conhecimento que têm a respeito do conteúdo, da tipologia textual e dos aspectos formais. Koch & Travaglia (2005:88) também compartilham dessa idéia: a intertextualidade diz respeito aos fatores que tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais textos previamente existentes.

Seguindo esta linha de raciocínio, Rajagopalan (2003:713) diz que o texto que o autor produz sempre porta marcas de interlocução que ele trava com outros autores, pois todo texto revela-se, sob leitura detida e minuciosa, um exercício dialógico. Em outras palavras, no processo de intertextualidade diz-se novamente aquilo que já foi dito antes, consultando-se “as bases”.

Valente (2001) diz, a respeito de intertextualidade, que o autor intenta fazer o destinatário perceber as conexões semânticas do texto por ele produzido com outro(s) texto(s) anteriormente produzido(s). Valente ainda classifica intertextualidade em:

a) interna – quando o autor cita a si próprio;

b) externa – quando cita outro(s) autor(es). Esta pode ser subdividida em explícita – citação na íntegra de uma frase, um verso, um fragmento de texto; ou implícita – citação parcial, modificada. (idem, p.8)

Na análise do texto do blog de Tabata, encontramos alguns exemplos de intertextualidade, além dos já mencionados em interatividade. Entre eles estão:

·   intertextualidade explícita – a autora cita versos de Goethe (linhas 9 e 10) e de Pablo Neruda (linhas 11 e 12) para falar de seus sentimentos;

·   intertextualidade implícita – através da metonímia em “Comprei um All Star vermelho” (linha 13), já que existe a premissa de se saber que All Star é uma marca de tênis.

Como o suporte do gênero blog é a Internet e, portanto, um meio hipertextual[5], faz-se necessária a inclusão de aspectos específicos ligados ao meio digital, na listagem dos aspectos de textualidade citados no início deste trabalho, na realização da análise deste gênero. É aí que incluo o aspecto da interatividade.

O termo interatividade surge nos anos 70 juntamente com a popularidade do computador como ferramenta conversacional, que permitiu ao usuário mudar da posição de espectador passivo para a de sujeito participativo. Tinland (in Silva, 2000:97) chama a atenção para a especificidade da interatividade: “dinâmica espiralada”, “desenvolvimento imprevisível”, “criação aberta” e “comum aos participantes”. Isso equivale a dizer que no processo de interatividade, autor e leitor são, na verdade, co-autores da atividade computacional, já que ambos têm poder de decisão sobre o produto hipertextual. Ainda em Silva (2000:105) temos que

um produto, uma comunicação, um equipamento, uma obra de arte, são de fato interativos quando estão imbuídos de uma concepção que contemple complexidade, multiplicidade, não-linearidade, bidirecionalidade, potencialidade, permutabilidade (combinatória), imprevisibilidade, etc., permitindo ao usuário-interlocutor-fruidor a liberdade de participação, de intervenção, de criação.

Assim, pode-se dizer que o conceito de interatividade está diretamente relacionado ao conceito de navegabilidade, característica eminente do hipertexto em que os links são seus principais responsáveis.

Os blogs também possuem links que buscam estabelecer contato com o leitor e que pedem a participação deste, uns de forma direta, outros de forma indireta. Xavier (2006) diz que

para efetivar essa participação, exige-se uma reação lingüística concreta, uma ação interativa real que se efetiva quase sempre pela modalidade escrita da língua. (...) O hiperlink [6] é uma ferramenta que procura envolver o outro no processo dialógico, chamá-lo à participação ativa na construção do texto digital.

No blog de Tabata, temos vários links, entre eles “Sobe o som” (marcado com a letra B, na Figura 1). Este link permite ao leitor do blog aumentar, dar pausa ou desligar a música que toca ao fundo. A letra C mostra um pequeno menu que permite ao leitor acessar outras janelas: “Home” (retorna à janela principal), “Destaque” (a ´plakinha´ que a autora disponibiliza para seus leitores colocarem em seus blogs), “Plakinhas” (todos os gifs disponíveis em seu blog), “About Tah” (um pequeno texto sobre as características da autora) e “Game” (esta janela é um jogo e mostra uma ´plakinha´ com uma pergunta sobre ela). Todas essas janelas possuem entradas para que o leitor possa enviar seus comentários ou respostas à autora. A letra D da Figura 1 também é um link, só que para um outro site, de onde Tabata retira as imagens que utiliza na criação de seus gifs (as ´plakinhas´).

Na visão de Lévy (1996), num hipertexto, o interlocutor amplia as ocasiões de produção de sentido, enriquecendo sua leitura, cada vez que acessa um link. Nesse sentido, o hipertexto tem a capacidade de retomar e transformar antigas interfaces da escrita. É neste ponto que interatividade e intertextualidade se encontram.

De acordo com Araújo & Biasi-Rodrigues (2005:13),

A comunicação mediada pelas novas tecnologias digitais, decorrente dos usos do computador conectado à Internet, vem transformando e ampliando as possibilidades das práticas discursivas (...). Tais transformações não só operam com os tradicionais princípios de textualidade como os subvertem e os sofisticam em função de novas estratégias de textualização (...).

Ou seja, tanto Lévy como Araújo & Biasi-Rodrigues, anteriormente citados, encaminham nosso raciocínio para a idéia de que a interatividade é uma espécie de intertextualidade, pois através dos mecanismos dos links e da hipertextualidade, pode-se dizer que acontece uma intertextualidade explícita (Valente, 2001, supracitado), já que os links abrem janelas com outros textos que complementam a idéia do texto principal.

Além disso, nas entradas para os comentários dos leitores também acontecem interatividade e intertextualidade. Por interatividade percebe-se o ato de participar da discussão proposta pelo texto principal, dar palpites, deixar a sua marca, navegar pelos links; por intertextualidade compreende-se a complementação do texto principal, visto que se apresentam ali uma dependência textual entre o texto principal e os comentários e um exercício dialógico entre o autor e seus leitores. Tudo isso diz respeito ao todo da atuação/interação dos interlocutores/usuários levando, assim, àquele conceito de relação interlocutiva apontada por Bakhtin e ao conceito de texto de acordo com a Lingüística Textual, ambos já abordados anteriormente neste trabalho.

 

Uma breve consideração
sobre a linguagem dos blogs

Cada tipo de linguagem apresenta natureza específica, manifestando-se por diferentes tipos de elementos lingüísticos e extralingüísticos, passíveis de reconhecimento. Neste sentido, a linguagem virtual, em particular a dos blogs, não é uma exceção. A linguagem da Internet, que se estrutura especialmente calcada no fator tempo, constrói-se a partir da língua comum, adaptando vocábulos, no intuito de extrair o essencial de cada palavra, descartar o supérfluo e inevitavelmente ceder à tentação dos apelos fonéticos. Vogais, por exemplo, são quase dispensáveis. Assim, também vira "tbm"; muito, “mt”; certeza vira "ctza"; beleza, "blz"; você, “vc”. Outra adaptação é a substituição de duas letras por uma: qu, ch e ss se transformam em k, x e c ("eskecer", "xegar", "ece"). Acentos são raros; quando utilizados, viram uma letra: a indicação de acento agudo, por exemplo, é a letra h ("jah", "eh"). O til desfigura-se na expressão "aum" ("naum" para não, "entaum" para então). Símbolos, repetição de letras e onomatopéias também são adicionados ao texto como recurso de expressividade: “oiiiiiiiii!”, “tuuuuuuudo”, “tsc,tsc”, “ops!”, símbolo ou carinhas de felicidade (^^) e de olhar dissimulado (¬¬), entre tantos outros.

Xavier (2006) diz que a Internet é basicamente um espaço de produção de linguagem e a forma de linguagem hoje que predomina nas páginas digitais da Internet ainda é a linguagem verbal na modalidade escrita da língua. A partir daí, criar uma variação lingüística para esse meio de comunicação passou a ser uma meta para os adolescentes, no sentido de situar uma comunidade e diferenciá-la das demais. Além disso, também podemos afirmar que, pelo menos, a palavra escrita voltou a ser o centro das atenções e a ter um lugar garantido na vida do homem contemporâneo.

O que se verifica, no entanto, é que os jovens, em pouco tempo, abandonam esse tipo de escrita e passam a escrever com mais clareza e correção, como no caso do blog de Tabata, que aos 14 anos já não utiliza tantas abreviações e transformações como os exemplos citados acima. O texto de Tabata ainda não pode servir de exemplo para a “boa escrita” (até porque faltam paragrafação, períodos mais complexos, conteúdo aprofundado, vocabulário mais especializado), mas já está bastante distanciado da escrita que se vê em chats e até mesmo nos comentários de seu blog.

Na verdade, as pessoas usam e acabam incorporando tal linguagem para interagir socialmente e apenas por um determinado período da vida. Depois, e felizmente, a linguagem utilizada pelos adolescentes vai se aproximando da linguagem padrão.

 

Considerações finais

Levando-se em conta os cinco aspectos da textualidade analisados, além do aspecto de interatividade, específico do meio digital, apresentados aqui, conclui-se que o texto do blog de Tabata pode ser considerado como tal, já que atende aos princípios de textualidade elencados pelos autores evidenciados neste trabalho.

Costa Val (1999) cita, em sua conferência, os três princípios reguladores constitutivos da comunicação textual como indicativos do processo de textualidade, de acordo com Beaugrande & Dressler – a eficiência, a eficácia e a adequação –, que funcionam de maneira integrada com os sete aspectos da textualidade e viabilizam o processo comunicativo.

Analisando esses princípios reguladores no blog de Tabata, pode-se perceber que, em termos de eficiência, o texto permite a comunicação entre autora e leitores com o mínimo de esforço de ambas as partes. Consegue, assim, eficácia, pois envolve o receptor criando condições favoráveis para que este participe do objetivo do produtor: no caso, conseguir a participação ativa do leitor e receber um retorno sobre o conteúdo de seu blog através dos comentários. Por fim, pode-se dizer que o texto possui adequação, já que pertinente e relevante no que tange ao contexto em que ocorre: adolescência e seus percalços do dia-a-dia.

Segundo a autora, esses princípios reguladores contribuem para o inter-relacionamento dos aspectos constitutivos da textualidade “de modo que determinado texto venha a ser considerado comunicativamente satisfatório, apropriado, em função dos objetivos e disposições dos interlocutores e das circunstâncias em que ele é produzido e interpretado”.

E é isso, com certeza, o que acontece no texto analisado – o blog de Tabata.

 

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, Júlio César & BIASI-RODRIGUES, Bernardete (orgs.). Interação na Internet: novas formas de usar a linguagem. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

CHARAUDEAU, Patrick & MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2004.

COSTA VAL, Maria da Graça. Repensando a textualidade. IV Fórum de Estudos Lingüísticos. Instituto de Letras da UERJ. 21/10/1999 (conferência)

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.

KOCH, Ingedore G. V. & TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. 10ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

KOMESU, Fabiana. Blogs e a prática de escrita sobre si na internet. In: MARCUSCHI, Luiz Antônio & XAVIER, Antônio Carlos. Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004, p. 110-119.

LEITE, Yonne e CALLOU, Dinah. Como falam os brasileiros. 2a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

LÉVY, Pierri. O que é o virtual? 3ª ed. São Paulo: Editora 34, 1996.

RAJAGOPALAN, Kanavillil. Austin, intertextualidade e a questão ética. In: ALBANO, Heleonora et al (orgs.). Saudades da língua. Campinas: Mercado das Letras, 2003.

SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quarter, 2000.

VALENTE, André. Coesão e coerência em textos jornalísticos. Revista Comum. Rio de Janeiro, v. 6, no. 16, p.5-23, jan./jul. 2001.

XAVIER, Antonio Carlos. Reflexões em torno da escrita nos novos gêneros digitais da Internet. In www.ufpe.br/nehte/artigos/ recolhido em 01 de julho de 2006.


 

 

[1] Dialeto de acordo com o dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa:

“1. conjunto de marcas lingüísticas de natureza semântico-lexical, morfossintática e fonético-morfológica, restrito a dada comunidade de fala inserida numa comunidade maior de usuários da mesma língua, que não chegam a impedir a intercomunicação da comunidade maior com a menor [O dialeto pode ser geográfico ou social.]; 2. qualquer variedade lingüística coexistente com outra e que não pode ser considerada uma língua (p.ex.: no português do Brasil, o dialeto caipira, o nordestino, o gaúcho etc.); 3. modalidade regional de uma língua que não tem literatura escrita, sendo predominantemente oral.”

[2] Tabata tem 14 anos, em 2006, e vive em Santa Catarina (de acordo com informações colhidas em seu blog)

[3] Gifs são figuras feitas para a Internet e podem ser animadas, com movimentos. Internauta é o usuário da Internet. Link é um termo utilizado nos ambientes virtuais (sites, blogs e outros) e significa ligação. Ao clicar em um link, o internauta se conecta a outro espaço virtual – uma janela – com um novo conteúdo relacionado ao anterior (uma tela dentro de outra tela, como pode ser visto na Figura 2).

[4] As imagens foram retiradas por motivo de economia de espaço, visto que já foram mostradas anteriormente na Figura 1.

[5] Segundo Koch (2002), todo texto é um hipertexto, partindo do ponto de vista da recepção. Sob sua ótica, tratando-se da relação do hipertexto eletrônico, a diferença incide somente no suporte (o computador e a Internet) e na forma e rapidez do acesso (através de links e janelas).

[6] O mesmo que link.