AS FORMAS NOMINAIS DO VERBO EM ITALIANO E PORTUGUÊS: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

Maria Aparecida Cardoso Santos (UERJ)

 

O presente artigo visa a tratar, de forma resumida, do ensino das formas nominais dos verbos italianos em comparação com os verbos portugueses, enfatizando o gerúndio que, de acordo com Serianni (2006: 140) “è uno dei più duttili tra i modi indefiniti del verbo”.

Com efeito, dentro de nossa prática docente, a qual procura sempre se estabelecer em bases comparativas entre a Língua Italiana (LE) e a Língua Portuguesa (LM), tem sido possível observar que, a despeito das semelhanças existentes entre o Infinitivo, o Particípio e o Gerúndio em ambas as línguas, as diferenças apresentam dificuldades que precisam ser analisadas no sentido de tornar o processo de ensino/aprendizagem da LE o mais profícuo possível.

O ensino e o estudo das formas nominais do verbo são de grande importância para os estudos sintáticos, mais nomeadamente para a análise das orações reduzidas – proposizioni implicite em italiano – que tanto em uma língua quanto em outra podem ser formadas por infinitivo, gerúndio e particípio e que podem, como diz Bechara[1] (200: 514), “estar estruturadas analogamente às orações com verbo de forma finita, as desenvolvidas”.

Compreendemos que o entendimento dos verbos no que concerne às relações modo-temporais e à construção e/ou identificação dos tipos de oração, sobretudo no plano da subordinação, não é uma atividade isenta de dificuldades seja em Língua Portuguesa seja em Língua Italiana. Compreendemos ainda que o desenvolvimento de um estudo focado em contrastes e semelhanças torna-se fundamental para a compreensão mais profunda dos processos lingüísticos presentes em ambas as línguas.

Sendo assim, e seguindo a premissa da análise contrastiva, cujo escopo fundamental é o de colocar em tela as semelhanças e as diferenças entre os fatos gramaticais próprios de cada uma das duas línguas, este trabalho visa a traçar um percurso comparativista.

Esclarecemos, de antemão, que o processo comparativo não obriga ao encontro necessário de diferenças ou de semelhanças. Em outras palavras, a existência de semelhanças ou de diferenças não é condição sine qua non de um processo que surge de uma suspeita, de uma suposição que poderá ou não ser comprovada após estudos e pesquisas. No caso das línguas italiana e portuguesa o ponto de partida será sempre a sua origem, isto é, o latim cuja estruturação morfossintática diluiu-se e assumiu as formas das línguas em que se transformou.

 

METODOLOGIA

Durante as aulas de uma língua estrangeira qualquer (LE) é inevitável que surjam comparações com a língua mãe do estudante e que, dessas comparações, surjam dúvidas e confusões quanto às particularidades de cada língua. Com o italiano, não obstante sua raiz latina, as coisas não se processam de forma diferente. Sendo assim, é importante que o professor esteja aberto à reflexão constante dado que sempre irá deparar com dúvidas das mais variadas naturezas. No caso das aulas de verbo, sobretudo em função da complexidade verbal italiana, e também em parte por causa do desconhecimento dos processos verbais portugueses e latinos, a tendência é que haja, num primeiro momento, instantes de confusão, especialmente quando há modificação da nomenclatura[2]. Diante disso, a comparação apresenta grande utilidade e se processa de acordo com as seguintes etapas:

a)      Levantamento das definições em italiano e português,

b)      Análise e comparação das definições visando a verificar em que pontos as duas línguas se aproximam e em que pontos se distanciam.

Os procedimentos identificados em a e b constituem o levantamento teórico e permitem ao aluno ampliar seus conhecimentos bem como desenvolver sua capacidade de análise e reflexão.

Após este levantamento, procede-se a uma verificação de natureza prática a partir de um corpus constituído textos retirados de jornais e revistas nos quais é possível verificar em que moldes se dá o uso das formas nominais e, no caso particular desse trabalho, do gerúndio e de que forma tal uso corrobora ou não a teoria de base. Ajuda-nos muito, nesse trabalho de recolha de textos, a internet por meio da qual torna-se bem simples, rápido e econômico o acesso a periódicos italianos (Cf. www.giornali.it) como também às publicações nacionais.

 

Comparando definições

Antes de tudo, convém retroceder um pouco ao latim para que se possa compreender a função que as formas nominais do verbo tinham naquela língua.

No caso do gerúndio, ele é classificado como um substantivo neutro cuja função precípua era a de completar os casos que faltavam ao infinitivo, quais sejam, genitivo, dativo e ablativo.

Em português, o gerúndio apresenta uma forma simples e outra composta. A primeira apresenta uma ação em desenvolvimento ao passo que a segunda aponta para uma ação cuja conclusão é anterior ao momento indicado na Oração Principal. Em outras palavras, a forma simples indica ação em curso, que pode ser imediatamente anterior, posterior ou contemporânea à ação expressa na oração principal.

Em italiano, autores como Serianni (2003: 484), Sensini (2004: 281) e Dardano e Trifone (1999: 359) destacam as formas simples e compostas, apontando para o fato de que estas indicam tempo passado ao passo que aquelas são próprias do tempo presente. Tais autores são unânimes em atestar o desuso do gerúndio passado – o qual se encontra restrito ao uso literário – e em ressaltar o seu caráter dinâmico, vinculado ao tempo presente, e também a sua capacidade de indicar, assim como igualmente acontece na língua portuguesa, contemporaneidade, anterioridade ou mesmo posterioridade em relação ao verbo da oração principal. Para que essas relações se tornem mais claras, observemos os exemplos a seguir:

 

Contemporaneidade (simultaneidade)

a)      Português: Laura olhava-me sorrindo

b)      Italiano: Insegnandomi la geografia, mia madre mi raccontava di tutti i paesi dov’era stato mio padre da giovane.

 

Anterioridade

c)      Português: (Aparece anteposto à oração principal): Cantando uma música, subiu as escadas e entrou na sala.

d)      Italiano: Tornavamo ogni pomeriggio, dapprima preavvisando con una telefonata, poi nemmeno.

 

Posterioridade

e)      Português: (sucedendo a oração principal, equivale a uma oração coordenada introduzida por e): No regresso (...) cantavam-na bem perto da casa, deturpando [e deturpavam] intencionalmente a letra (...).

f)       Italiano: pensavo che l’altro riprendesse la corsa, sorpassandomi.

No caso das orações reduzidas portuguesas, convém ressaltar que muito embora as orações adjetivas possam ser reduzidas de gerúndio, o mesmo não ocorre com as equivalentes italianas. Em italiano, ao contrário do que ocorrem em português, as orações adjetivas reduzidas – chamadas de relativas – são as formadas pelo infinitivo e pelo particípio[3]. Por outro lado, tanto em italiano quanto em português verifica-se a ocorrência de redução em gerúndio nas orações subordinadas adverbiais (circostanziali) com a indicação das seguintes idéias:

 

Causa

g)      Português: Estando [porque estava] cansado, dormiu.

h)      Italiano: Sapendo [poiché sapevo] come stavano le cose, sono rimasta zita.

 

Concessiva

i)        Português: Mesmo tendo estudado [embora tenha estudado], não passou de ano.

j)        Italiano: Pur avendo lavorato [nonostante abbia lavorato] tutto il giorno, no mi sento stanca.

 

Condicional

l)     Português: Tendo estudado mais [se tivesse estudado mais], seria aprovado.

m)   Italiano: Solo ubbidendomi [solo se mi ubbidirai], potrai facerla.

 

Modo, meio ou instrumento

n)    Português: Entrou gritando – modo / Estudando [com o estudo/ por meio do estudo], obtém-se conhecimento.

o)    Italiano: La ragazza entrò correndo – modo / Leggendo [ con la lettura] si diventa intelligente.

 

Tempo

p)    Português: Voltando para casa [enquanto voltava para casa], encontrei meu irmão.

q)    Italiano: Andando a scuola [mentre vado], incontro sempre Marco.

 

Locuções Verbais

Em construções perifrásticas, pelas quais são marcados os diversos aspectos do processo verbal, as línguas em tela apresentam os seguintes pontos em comum no que concerne às construções com os verbos estar, ir e vir. Senão vejamos:

Estar / stare: indica ação durativa

A)    Português: Estamos estudando

B)     Italiano: Stavo dormendo, quando squillò il telefono.

Ir / andare: indica ação progressiva, considerada no seu desenvolvimento.

C)     Português: O tempo vai passando e nada acontece.

D)     Italiano: L’allievo va acquistando sicurezza ogni giorno di più.

Vir/ Venire: indica ação durativa/progressiva com destaque para o desenvolvimento gradual da ação.

E)      Português: Pouco a pouco ela vem percebendo quem são seus verdadeiros amigos.

F)      Italiano: Luigi si viene presto accorgendo che le cose non sono come lui pensava.

Uma observação deve ser feita quanto ao uso do gerúndio em consonância com a prática discursiva do usuário, seja ele falante de português, seja falante de italiano. Com efeito, de acordo com estudos como os realizados por Rosaria Solarino (apud Serianni, 2006), na Itália, e por Maria Luiza Braga, no Brasil, tanto na Itália quanto no Brasil o uso do gerúndio varia de acordo com o contexto sociopsicocomunicativo em que se encontram os falantes. Ambas as autoras falam de motivação icônica que, nas palavras de Serianni (2006:  143), pode ser compreendida como “il rapporto tra il valore di una forma linguistica e la sua collocazione materiale: viene prima l’elemento che indica l’anteriorità, dopo quello che indica la posteriorità (…)[4]”.

A pesquisa de Solarino, com base na análise de material escrito ou oral indicam duas tendências no uso do gerúndio, quais sejam,

1)      A expansão da forma simples em detrimento da forma composta e o seu posicionamento pré-verbal para as relações temporais de anterioridade e de inclusão verificada sobretudo quando “l’azione del gerundio inizia prima e finisce dopo quella del verbo finito, includendolo: ‘passegiando, Antonio incontrò Gianni’” (idem ibidem).

2)      Posição pós-verbal nas relações de posterioridade e de contemporaneidade como se percebe no seguinte exemplo: Gianni entrò togliendosi il cappotto.

Em português, a pesquisa de Maria Luiza, vinculada ao Programa Gramática do Português Falado (PGPF) e publicada em livro homônimo, apresenta dados sobre o gerúndio no âmbito da oralidade e a partir de um

corpus mínimo compartilhado do PGPF [o qual] revelou que, no registro oral do português do Brasil, as orações reduzidas de gerúndio podem codificar relações semânticas diferenciadas, referendando assim, as descrições das gramáticas tradicionais. (2002: 240)

Muito embora voltada para a análise da modalidade oral da língua, chamou-nos a atenção, no corpus apresentado, a prevalência da forma simples em detrimento da forma composta. Em análises de textos publicados em jornais e revistas do Brasil e da Itália, foi possível observar a incidência tanto da pré-verbalidade quanto da pós-verbalidade. Em português, a análise do corpus permitiu perceber o uso da pré-verbalidade para relações de natureza temporal em anúncios publicitários como o do exemplo 4 em que também se verifica um uso que recai na idéia de continuidade. Assim, vejamos os exemplos[5] que servem de amostragem para esse texto e que constituem o início de um trabalho que requer análise detalhada em função da complexidade do tema.

1)      E proprio guardando la foto si può capire perché [Mischa Barton] è stata eletta tra le donne più sexy del pianeta (…).

2)      Poi ha labbra piene, pelle liscia e aspetto rilassato, tipico di chi, pur stando attento a quello che mangia, si gode la vita.

3)      Internet, come sappiamo, è un'incommensurabile opportunità di informazione, apprendimento, svago e comunicazione; rappresenta uno strumento in più per i ragazzi perché li supporta nello svolgimento delle attività quotidiane come lo studio, attraverso la consultazione di giornali ed enciclopedie online, o il gioco, accedendo a siti di entertainment, di musica o cinema, o di scambio culturale grazie alla possibilità di chattare o partecipare a forum con persone di ogni parte del mondo.

4)      Observando [quando se observa] o desempenho da Aracruz, é fácil concluir que essa maneira moderna de conduzir uma companhia acaba sendo muito boa também para os negócios (...)[6].

5)      Quem sabe isso tudo – a declaração de Aécio Neves quebrando o padrão de hipocrisia dos políticos e as decisões judiciais dando exemplo de grandeza – ajude a desbloquear a legalização do casamento gay.

O exemplo 5 foi retirado de um artigo de opinião[7], gênero no qual foi possível observar uso freqüente de orações adjetivas reduzidas de gerúndio. No caso do verbo quebrar, parece-nos que o mais adequado, a fim de evitar ambigüidade, seria optar por uma oração desenvolvida a fim de tornar o mais claro possível se o padrão de hipocrisia de que fala o texto foi quebrado pela declaração de Aécio ou por ele próprio através de uma atitude concreta e destemida que vai além das palavras.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Algumas diferenças entre as línguas italiana e portuguesa, no que concerne ao uso do gerúndio, podem ser identificadas e delas falaremos brevemente.

A primeira diferença refere-se ao uso da preposição EM antecedendo o gerúndio. Segundo Serianni (2006), em italiano esse uso não é moderno e encontra-se circunscrito no passado. De acordo com Cunha (2001), entretanto, o gerúndio precedido por essa preposição indica anterioridade imediata em relação ao verbo da oração principal. Já Bechara (2002) ressalta o fato de que esta construção – EM + GERÚNDIO – indica tempo, condição ou hipótese. Neste caso, e tratando-se naturalmente de português moderno, o verbo da oração principal deve denotar acontecimento futuro ou ação que costuma acontecer – ação de caráter permanente – como nos mostram os exemplos abaixo:

·  Futuro: Em se aproximando o dia, todos serão avisados (verbo da oração principal no futuro).

·  Ação de caráter permanente: Em se dizendo a verdade, tudo se resolve bem mais facilmente (acredita-se que a verdade, por mais difícil que seja, torna os problemas mais leves).

No caso das locuções, registramos em português o uso de uma locução com o verbo andar em que subjaz a idéia de intensidade ou de movimento reiterado. Assim, na expressão ando trabalhando muito está implícita a idéia de movimento repetido e também, de certa forma, intenso.

Outros usos do gerúndio português não observados na língua italiana se referem ao que Celso Cunha chama de construções afetivas e que visam a:

·  Indicar idéia de progressão indefinida: brincando, brincando diz verdades indiscutíveis.

·  Indicar imperativo: andando! (em lugar de anda / ande!).

As orações adjetivas não encontram redução em gerúndio na sintaxe italiana contrariamente ao que acontece em português. Em italiano, as adjetivas / relativas são reduzidas apenas de infinitivo e particípio conforme consta nas gramáticas consultadas.

A breve análise apresentada neste trabalho visa a ser apenas o ponto de partida de investigações maiores e mais profundas, que envolvam o aluno (futuro professor) e lhe permitam municiar-se das pesquisas para a sua prática profissional. Paralelamente, esse ponto de partida surge da observação de que os estudos feitos com base no modelo de comparação são mais eficazes do que aqueles em que as línguas são estudadas isoladamente umas das outras porque permitem a um só tempo que se aprenda não apenas a sintaxe das línguas em questão – neste caso as línguas italiana e portuguesa – como também aprofunde o conhecimento dos processos de formação das mesmas.

Assim, partindo das semelhanças existentes, colocamos em tela algumas diferenças – ou particularidades – que se verificam quanto ao uso do gerúndio, o qual apresenta alguns valores distintos em ambas as línguas, e acreditamos promover uma consciência crítica que permita ao discente perceber de que forma as nuances lingüísticas de cada língua estão vinculadas não só ao modo de elaborar o pensamento quanto ao modo de expressá-lo em uma determinada comunidade de falantes.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMENDRA, Maria Ana; FIGUEIREDO, José Nunes de. Compêndio de gramática latina. Porto: Porto Editora, 1999.

AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos de gramática do português. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2000.

––––––. Lições de português pela análise sintática. 16ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2000.

BRAGA, Maria Luiza. Processos de redução: o caso das orações de gerúndio. In: KOCH, Ingedore G. Villaça (org). Gramática do português falado. Vol. VI: Desenvolvimentos. 2ª ed. Campinas: Unicamp, 2002.

CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

DARDANO, Maurizio; TRIFONE, Pietro. Grammatica italiana con nozioni di linguistica. 3ª ed. Bologna: Zanichelli, 1999.

FREIRE, António. Gramática latina. Braga: AI, [s/d.].

SENSINI, Marcello. La grammatica della lingua italiana. Milano: Mondatori, 2001.

SERIANNI, Luca. Grammatica italiana. Italiano comune e lingua letteraria. Torino: Utet, 2003.

––––––. Prima lezione di grammatica. Roma: Laterza, 2006.


 

[1] Em sua Moderna Gramática Portuguesa, Bechara (2000) apresenta de forma clara e sucinta a polêmica que envolve o uso do termo reduzidas para as orações constituídas por formas verbo-nominais às quais ele prefere dar estatuto à parte desde que sejam sintaticamente autônomas.

[2] A nomenclatura a que nos referimos é o nome que alguns elementos gramaticais podem receber numa língua e em outra. No caso das formas nominais, é de notar que em italiano chama-se infinito o modo que em português é conhecido por infinitivo. Já as orações reduzidas recebem, em italiano, a denominação de proposizioni implicite.

[3] Cf. Sensini (2001:  515; Serianni (2003: 623); Dardadno e Trifone (1999: 470). Sensini bem como Dardano e Trifone falam em orações relativas de infinitivo e particípio. Serianni menciona apenas a adjetiva reduzida de infinitivo.

[4] Traduzindo: a relação entre o valor de uma forma lingüística e a sua posição material: vem primeiro o elemento que indica anterioridade, depois aquele que indica posterioridade.

[5] O exemplos foram retirados das revistas Donna Moderna, de 26/07/1965, disponível em www.giornali.it, consultado em  29/07/2006, e Veja, edição de 23/08/2006.

[6] Anúncio publicitário publicado na Revista Veja de 23/08/2006.

[7] Tributo à tolerância: artigo escrito por André Petry a respeito do Governador de Minas Aécio Neves. Fonte: Revista Veja de 23/08/2006