Serenissimo Brasiliae Principi Iosepho
A retórica latina de
Alexandre Rodrigues Ferreira

Amós Coêlho da Silva (UERJ)

 

O encômio, do grego ‘enkómion’, criado por Simônides de Ceos, do século V a. C., era um canto entoado durante uma festividade e louvava o anfitrião. Atribuir-lhe o significado de elogio é pouco, já que era um canto coral. Assim, nesse mesmo estilo grego, tivemos a exaltação à vitória dos heróis na guerra e nos jogos olímpicos, formando uma antologia lírica em canto coral.

O cuidado a que é submetida a vida do Príncipe D. José é um apanágio da difícil estrada da realeza. Primeiramente, o autor Alexandre evidencia como fato público o aniversário do Príncipe. O orador realça o carisma do líder nesta passagem:

Cogitabam, atque ea cogitatio vehementer me commovit, quo pacto fieri posset, ut qui, natura duce, libertatem colimus et tuemur, nulla tamen habita conditionis nostrae ratione, Tibi cordium imperium potius, quam corporum tradere contendamus.

Eu meditava, e essa meditação me comoveu vivamente, de que modo poderia acontecer como guardamos e cultivamos a nossa liberdade: conduze por natureza, ocupa, embora de nenhum modo a nossa condição, antes somos levados a confiar em Ti o governo dos corações do que o dos corpos.[1]

O fato de acreditar que a natureza seja provida de regras não apenas confiáveis, mas divinas, nas quais, ao palmilhá-las, tal procedimento do ser humano é sábio. Eis um bem estóico. Vale a citação de (Gazolla, 1999: 27):

Não só a ‘physis’ impregna-se do divino; também a estrutura sociopolítica assinala, no poder e na excelência do rei (basileus), que por sua ascendência divina ele é o núcleo emanador do divino para o humano. (...) Nesse sentido, ser virtuoso é cumprir a determinação da natureza (...)

Além disso, o indicativo expressivamente democrático de guiar, por confiar em Ti, o governo dos corações (ao invés) do (nosso) corpo alcança a motivação de alto grau altruístico e só encontrado unicamente na passagem histórica de Sólon (s. VII a.C.), poeta elegíaco e estadista ateniense, que decretou a ‘seisákhteia’: ‘retirar o fardo de’, por extensão, a abolição da hipoteca somática, ou melhor, o cancelamento de dívida a um terceiro, a qual levava o credor a ser dono do corpo do devedor em termos de vida e morte.

Ainda mais: um príncipe, que governará a nação portuguesa, deve ter o seu natalício como data pública, no sentido de que todo o povo zela por este acontecimento, e em especial. Pessoa pública, e de tal estirpe, que goza mesmo é de uma Juventude Instruída e Religiosa em cujo comportamento geral não tem lugar nenhuma intencionalidade egoísta do poder: sua ação, nunca amesquinhada, é de não caçar qualquer sufrágio compatriota, bem como não ficar perturbado deprimentemente diante um elogio que jogue com outros interesses, ou mesmo até tirar proveito pessoal diante de um elogio oriundo dos bons.

A expressão “Juventude Instruída e Religiosa” põe em elipse múltiplos exercícios exaustivos de preparação na trajetória de um príncipe, que um dia há de ser o comandante de uma nação: o estudo profundo dos clássicos, a filosofia, a biologia, a matemática, a engenharia, a vida militar, as navegações portuguesas, as leis do Estado, o conhecimento de habilidades profissionais de artesãos e múltiplos ofícios menores e não menos importantes da teia social; enfim, a informação dos costumes dos povos colonizados e o dever de conduzi-los ao cristianismo por caminhos que os tornassem dóceis. Cada uma dessas dedicações forma um tópico frasal, detalhado pelo orador em múltiplos parágrafos.

Estendem-se muitos parágrafos finais sobre o tópico religião. Apesar de um panorama social tão complexo, não falta ao Príncipe a lembrança dos mais pobres; por isso, a sua proteção para eles, não os deixando no tormento da fome, da sede e do frio. O Príncipe conquista até mesmo a confiança dos sacerdotes, que se submetem às manifestações dos juízos Dele, quando a causa exige um julgamento mais contencioso:

Hisce ego oculis vidi, audiverunt alii, Te in Divinis Officiis celebrandis, ita e terrenis abreptum, ut quibus satis sit adesse, Tu agendi etiam exemplum praebueris.

Eu vi com estes meus olhos, outros ouviram, que Tu estavas presente para celebrar os Divinos Ofícios, de tal modo arrebatado das coisas terrenas, que Tu, pelas quais seria o suficiente, tenhas oferecido ainda um exemplo de comportamento.

A síntese do pensamento do poeta romano Juvenal (60 a 128 d.C.), ou seja, mens sana in corpore sano (Sátiras X, 356), se aplicou, no discurso do latinista Alexandre, ao Príncipe no que tange a uma vida de enfrentamento de trabalhos hercúleos, mas não em troca de reconhecimento gratificante ou glorificador, e sim no exercício de um dom recebido do Céu. Ficam implícitas atividades não lúdicas para a criança, em latim: infans, infantis, literalmente, a que não fala – e para o adolescens, adolescentis, o que está crescendo. Por isso, diz Alexandre:

Ita prius in Te illuxit ingenium, quam aetas, prius doctrina quam natura. Nihilominus quis nobis futurus esses, vel una Iuventutis Tuae institutio indigitabat.

Assim, antes o talento se divertiu em Ti do que a idade; antes a educação do que a natureza, ainda criança. Apesar de tudo, serias para nós quem haverias de ser, ou seja, um único plano que tornava necessária a Tua Juventude.

Ego enim nullum majus Divinum munus existimo erga humanum genus, quam Principis Iuventutem docilem, et aptam doctrinae.

Eu, por conseguinte, estimo nenhuma maior dádiva Divina em relação à raça humana, do que a Juventude dócil[2] do Príncipe e a conveniência da educação.

O que quer dizer que o regime monárquico exige uma preparação bastante rígida no âmbito educacional. Daí, a valorização de um preceptor com estudo profundo.

O príncipe homenageado era primogênito de D. Maria I de Portugal, portanto, deveria se tornar o vigésimo sétimo rei de Portugal, porém, devido à morte prematura, quem passou a rei foi D. João VI. Como Portugal entrou em conflito com a França, a família real, - tendo à frente D. João VI - veio para o Brasil. Os historiadores registram grandes progressos brasileiros como ação administrativa de D. João VI.

Eis a tradução do discurso de Alexandre Rodrigues Ferreira, quando D. José I, Príncipe do Brasil, completou vinte e um anos:

 

Ao sereníssimo
Príncipe José do Brasil,

Felicita-se, neste seu natalício,

a respeito do que terá dedicado,
em cada ano de sua vida,

até o vigésimo primeiro,

ao cuidado com os estudos e com os valores (espirituais).

Alexandre Rodrigues Ferreira

No ano de 1782.

 

[f.138] Quanto a este fato, Príncipe José, há muito eu já tinha formado em meu espírito, por inúmeras vezes, e às mais das vezes por cada qualidade de Teu Espírito, pelos méritos do ótimo povo exclusivamente Lusitano, neste Dia do Teu Natalício; a data de hoje leva-me à origem desta alegria a recomendar à memória de pessoas não mais como testemunhas particulares, mas como públicas. Eu meditava, e essa meditação me comoveu vivamente, de que modo poderia acontecer como guardamos e cultivamos a nossa liberdade: conduze por natureza, ocupa, embora de nenhum modo a nossa condição, antes somos levados a confiar em Ti o governo dos corações do que o dos corpos. De quem eu, relativamente a Ti, se considerasse com atenção, me parece que seja, nisso, como a razão construída do amor, porque então os Antepassados realmente se empenhariam em ser governado, sempre que o Filho – não tanto os Reis da Lusitânia, quanto os Pais da Pátria - se empenhasse em ser nomeado. Porque certamente o empenho de Tua Glória e de nossa felicidade agora deve recear por mim, mesmo que tenha atingido a algo depois da memória dos Príncipes, como se segue gravado no espírito e fixado nas obras, ou como no início deste discurso, para que eu apenas apresente em abundância de coisas tocadas de leve pelos (seus) Lábios superiores e ocupada pelo poder, a qual eu prometa ser degustado por todos. Na verdade, teria, longe de mim, da opinião dos Antigos de venerar mais profundamente e mais desejavelmente a Tua Elevação no meu silêncio, do que de debilitar a força da voz diante da elegância dos Teus Merecimentos. Na articulação dos Teus ofícios e dos meus fica constituído assim, não somente deves ser louvado pela justiça do reconhecimento, mas também diante do peso dos Merecimentos, não podes, suficientemente, ser louvado por mim em novo discurso, todas as vezes haveria de ser agradável, mas projeto a respeito de Ti que uma declaração pública seja vantajosa. São coisas difíceis de dizer, as que, louvadas, se oferecem a Ti, para que eu demonstre ser descoberto algo fácil em Ti, o que ocorre, de preferência nesta exclusividade rara de coisas, Juventude Instruída e Religiosa. Confesso reconhecer existir em Ti aquele: não caças os sufrágios compatriotas, nem ficas atônito num aplauso de todos os bons, nem Tu Mesmo com Tuas expressões de discurso, de valores, de títulos e dos ecos de Tua imagem. Mas, Príncipe, enquanto não tivermos aceitado Teu Nascimento mais de acordo como proveniente do Ótimo Divino, não serás Tu mesmo, este sinal de reconhecimento relativamente ao Próprio Deus a proibir diante da severidade de minha modéstia. Quão grande faculdade, pois, eu deveria ter de expressar, enquanto, apesar de tudo, me ouves discursar, preferiria eu censurar em mim a ignorância da arte à ingratidão do espírito.

E para que comece por esta felicidade, a qual pareceu bem ao Universo Lusitano que Tua data de Natalício é um vaticínio, neste presságio com Lágrimas de todos nós e dos Antepassados, Tu, como sabes, a Ti são devidas todas as Tuas coisas. E quanto a isso, do Céu o Supremo Árbitro, enquanto cuida das coisas por largo tempo e segurança do Governo, quis nos contemplar com o próprio Nascimento do Príncipe, porque, em Seu Nome, o Invictíssimo Rei Afonso I dos Lusitanos teria conquistado e decretado nos dar um Príncipe. Então, habituaste os pensamentos e os olhos de todos voltarem-se a Ti, não para o vagido lançado do Dia Natal, mas para a importância do que há de vir do Governo proveniente do berço que se pressente, embora [f.139] infante na idade, há muito respeitável na autoridade. Em seguida, nenhuma debilidade do corpo atingiu ao benefício da Natureza, nenhum hábito ou forma, que não afastassem para longe o perigo de vida, a disposição das partes profundamente conveniente, agilidade, elegância, como citarei nesta expressão: ‘mens sana in corpore sano’. Assim, antes o talento se divertiu em Ti do que a idade; antes a educação do que a natureza, ainda criança. Apesar de tudo, serias para nós quem haverias de ser, ou seja, um único plano que tornava necessária a Tua Juventude.

Eu, por conseguinte, estimo nenhuma maior dádiva Divina em relação à raça humana, do que a Juventude dócil do Príncipe e a conveniência da educação. Se em verdade a aversão admirável da austeridade, que nos costumes de muitos povos e nas leis encontra quase sempre decisão incrível, na natureza humana, dispõe daquela marca de suas ações, que, em imodesto amor de si mesmo, a juventude livre, a não ser que do Céu tenha vindo, costuma edificar. Sem dúvida, a terás vencido na contenção do estudo, ele o diria; rogo que o vigilantíssimo das Letras Mais Amenas, das Ciências mais sublimes, o Cultor ‘Paci-Iuliensis’ Bispo Emanoel pelo Cenáculo, dentre muitos, de fato, e o único eleito, não só o ótimo como puríssimo informassem a Tua Juventude nas artes e costumes. Pareço, com efeito, ver , oh! quantas coisas, Deus de espírito imortal com admiração, Tu, aquele esplendor nascido, instruído nas Línguas Latina, Grega e Lusitana, aquele que ou negligência dos [f.139v.] nossos pais ou a própria vicissitude dos tempos tinha desfigurado! Pareço ver na antiga autoridade dele, na beleza e dignidade restabelecida na Mãe das Línguas, que se exilando no Lácio, e antes, em poucos dias, ainda conhecida por pouquíssimos Lusitanos, ela parece que ansiava isto, ter-Te como Príncipe discípulo, para que se despojasse de um cultivo prostituído. Em verdade, principalmente desse benefício Teu, Rei, não sei o que dizer, se o Pai e Teu Avô, Nobilíssimo José I deu lugar a tutela da República das Letras, ou se logo nelas devas ter se instruído, ou ainda devas ter se desenvolvido, tanto, em todo gênero das ciências, deu origem a personalidades eminentíssimas, quanto cultivam essas mesmas ainda agora com tanto esplendor do Nome Lusitano e se desenvolvem. O que eu mencionaria de coisas felizes, das quais empreenderam obras, para Ti, e tu, da língua Latina, com habilidade em particulares folhas recreativas, com pequenos dados de jogar e com velhas fábulas pequenas, que arrebatam a juventude em si, e Tu, destinado de glória de coisas tão nobres, cultivaste Cornélio Nepos, Marco Túlio Cícero e outros grandes com excelência? O que mencionaria eu dos ouvidos entregues ao Preceptor, enquanto Te ensinava aquelas coisas, que na oratória Latina afirmam em nós coisas agradáveis de aparência sisuda? O que eu mencionaria de muita lição de Poetas, em Ovídio a admirável variedade dos argumentos, em Plauto a arte elegantísma das facécias, aquele gênero horaciano do lúdico em latim, o jeito discursivo mais humilde de Virgílio nas “Bucólicas”, mais ornamentado nas “Geórgicas”, a representação do tom altaneiro na “Eneida”, principalmente naquelas digressões, proclamaste em comparações e acontecimento com verossimilhança, as que não exprimem apenas fidelidade de pedra e de ferro? O que, em suma, mencionaria do aspecto do estilo mais antigo, da linguagem correta, da palavra primitiva, da integridade de escrúpulo, da modéstia de expressões, na lição e na imitação de outros, um Varão pleno de doutrina, sem expressões contaminadas, sem vícios doentios, antes terás produzido mais searas dos antigos do que terás colhido!

Mas compete a quem, como Tu, um Príncipe, as fadigas, e ser ordenado como um Orador. De fato, muitítissimas coisas, de um modo particular, são cogitadas pelos nossos Antigos, e são escritas, as quais apenas perdemos, é lícito, na paz, que se dissessem os vossos bens, ó primeiros de todos os lusitanos, perdestes a Eloqüência. Portanto, o fato não enganou a esperança, Tu, gerado na Luz, há de chegar como glória à parte de manifestação, em que nunca o cuidado omisso da Retórica cultivado desde a Tua primeira adolescência, sempre em crescimento, renovaria a Eloqüência Lusitana. Não como naquelas aplicações, como se mantivesses vazio ao lado com felicidade nos muitos outros propósitos e naquelas mais graves, porém, para que ignorasses elas mesmas, as que nossos jovens se excitam e se inflamam, destinados ao Fórum. Em quais cuidados deves se aplicar, o quanto [f.140], o Teu Labor contínuo avançaria, ou Teu Discurso, oferecido no Reino semelhante à de Sua Mãe, pode exprimir no Dia do Natalício Sereníssima Tia Materna, D. Maria Ana. Harmoniza assim, e honra, ou dissertada sutilmente para ensinar, ou lançada gravemente para Louvar a virtude, como um nobre Prudentíssimo, a quem a honra de a recitar é concedida, encerrou o que hesitava.

Passo adiante para a vivacidade incrível da mente, no conhecer a Arte de declamar e de ouvir. A qual outro cabe a situação da idade, para o qual então o amanhã, como a sabedoria de Ulisses ou como em atitudes fiéis a piedade de Enéias, alcança atribuir? A quem cabe a não ser com labor, e na velhice extenuada, cada uma das coisas mais correntes atrelar ao participante as mais humildes de dizer? A quem cabe a arte abundante de preceitos, e assim entrelaçada de nó dificílimo, converter em ato breve, em vigor e em seiva? Apesar de tudo, ousou converter, enquanto preservado para cada um o que é seu, agora os filhos de Medéia - o assassino perante o povo, agora atreladas as nucas dos cavalos à cabeça humana, em resumo as serpentes às aves, e os cordeiros reunidos aos tigres “dirigiste a atenção”: uma nova raça há de ser esperada por mim, os lusitanos são também como Vergílios, e os que não hão de tomar parte enquanto a realização dos relatos poéticos no argumento para as Musas na verdade, Tu, Príncipe José, não Mecenas, prometes o que agrada .

[f.141] Mas o máximo de Tua Juventude que é louvor, eu julgo que ela seja, faltar quase nada de Labor infinito com assiduidade. Longe disso comparados as novas personalidades para a História, apenas retomes inteiramente a própria gênese do mundo, de lá afastar, à semelhança das feras nas selvas, os primeiros homens errantes, desde então contemplar os contidos nos costumes, nas leis e na sociedade; considerar o progresso, as descobertas, as ruínas, as vicissitudes da própria sociedade; percorrer os lugares nativos dos homens, alguns tão remotamente distantes de outros; distinguir os efeitos: as ações, as paixões, as virtudes, os vícios, em cada tempo respectivo, nos dias, nas semanas, nos meses, nos anos, nos períodos de cinco anos e nas Gerações; inspecionar as guerras de reis, as causas delas, e acontecimentos: desse modo, os crescimentos e degenerações dos Reinos e das cidades, com os quais decidiste em absoluto erguer por cima, como fundamentos, o edifício da Filosofia.

Compreendeste, portanto, porque principalmente todos os homens Príncipes deveriam o seguinte: afastar de si o crime, ocultar a força de calcular a cada um de narrar a sua glória dada pelo Estado e se tornarem servos inúteis. De qualquer modo, o culto de suprema servidão dele não podia ser realizado por estes, que ou derrubam os costumes principais ou de tal modo se enfurecem contra os fundamentos mais honestos da sociedade, que ameaçam os cidadãos deliberantes da aflita República, inquietantes perigos à Pátria, feridas recebidas e enfim encontro mortal. Daí foi [f.141] que conhecestesde antemão nos estudos e tiveste aqueles Preceptores da Filosofia Racional e Moral os elementos de História Natural, da Física Experimental, da Matemática, os quais, Intérpretes da natureza, não consideraste Mestres por mera vontade; daí honraste com atenção Tua, Príncipe, o ensinamento do honestíssimo e experimentadíssimo Michaelis Franzini; daí aprovaste a instrução do Teu Horto Botânico, os Labores e viagens do meu suavíssimo Preceptor “Dominici Vandeli”; daí ajustaste as observações , as experiências científicas, hipóteses, demonstrações de todos os Físicos, cada uma tomada a seus fins, e também aos Teus limites de império tão remoto aos outros mais sublimes.

Com efeito, foi aquela parte não inferior da Dignidade Real, de priscos séculos, desde o fundador Pisão, extensão de terra, espaço de mares, perguntar propriedades, querer o bem pelos mensageiros deles, nos estudos combinados da guerra e da paz, assegurar uma possessão mais segura e mais feliz do império para si. Está também em Ti o cuidado, embora distante, mais elevado da Filosofia Natural, que, nada julgando, estar mais presente de tal modo ou da Glória da Suprema Divindade, ou da felicidade pública, que, se porventura não se ocultam os teus conhecimentos, quase todo o orbe contém aqueles Animais, aquelas Plantas e Minerais. Aprendeste todas aquelas, de fato, não por Causa de Tua vontade, mas em benefício do povo. Com efeito, apenas servir nos seus princípios viste as Artes Estatuárias, as Reparadoras, as das Livrarias, [f.142] as de Tecelões, as de Vidraceiros, as de Caçadores, as de Oficinas de Ferreiros, as de Lenhadores, as de Escolas Náuticas, os Ginásios de Arquiteturas, todo ensinamento de assuntos Militares, Econômicos e Agrários, tanto a Ti sem demora foi dedicado um estudo de História Natural na sua classificação quanto se testemunham o desejo insaciável de aprender os assuntos da natureza, graças à Tua liberalidade, o cuidado com as bibliotecas, graças aos curiosas avaliações sobre a Natureza, coisas instituídas para o Teu e nosso benefício o quanto meditas assiduamente, ó Mestre da fraterna verdadeira Política.

Este conhecimento de uma nova Política, de tal modo, era necessário, ainda por um novo Mestre. Pois, esta nova face da moderna Europa teme perante os olhos, põe à frente apenas a Tua prudência e solércia, certamente para que, proveniente de uma era sem hesitação, este assunto público se exercite como a profetizar; qual quietude de Tua Alma sabiamente o quanto destes assuntos públicos aproveite no reino de Portugal, sob o Teu Antepassado, bem como sob Augustíssimos Consangüíneos, o empenho das realizações, ou Tu mesmo testemunhares, quem, para que poupes com sangue, preparas o termo do reino entre seus limites, não cometer guerras sem plano, preparas prosseguir os segredos pátrios no juramento e na palavra com ardor, amplificar a felicidade do povo lusitano, aumentar com felicidade o comércio estabelecido, preparas realizar esta nova Lusitânia com novas Leis, com honras, com doações; oxalá possam ser vistos em tão bons Antepassados, de tal modo quando vieres a estreitar, não tanto em capitais quanto em reinos, mas em um só Príncipe [f.142v.], um só povo, e um só império, separado apenas em comunidades.

Entretanto, aquele que não se recorda de salvar uma nova cidade, prestastes atenção sem artifícios de jogos para outrem, e poder deter os que, sem os trabalhos agrícolas, nem ousam reter os bens. Por isso, perscrutar as razões de plantar e de colher: não culpar a infecundidade dos campos agrários pelo costume dos Príncipes, não lamentar a intempérie agora do tempo pelo costume do Céu e suplicar pela fecundidade do tempo precedente no solo natal sobre os quais uma base alguém se queixou, mas devem ser menos freqüentadas as oficinas dos vícios da juventude lusitana, do que estabeleceste de escolas de agricultura. Pois, tanto a minha opinião cresce com o tempo, a que censura a humildade do assunto rústico, quanto meditaste sobre a necessidade mais simples do povo, eu não direi aquele que desloca o pão proveniente de províncias exteriores, mas o que permite o pão ser deslocado de províncias exteriores.

Pois bem, na verdade, recolheste destes únicos discípulos uma grande doutrina do comércio. Consideraste, pois, como conseqüência algo de tais negócios separados ser próprio da agricultura e das artes mecânicas, oculto pelo Teu sucesso, percorreste sociedades comerciais: Bélgica, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, e outros mais; os trabalhos de infra-estrutura: dos lenhadores, de tecelões, das indústrias de couro, das indústrias de tecido, Tu mesmo decidiste observar com os Teus olhos os transportadores delas na terra e no mar, intimamente cultivar e cavar para colher. Como partes do seu comércio seriam Na[f.143]vegação e Troca, tanto mais quanto serias arrebatado pelo amor a Náutica, aguçando-se de atração pelo estudo, pela observação do sol, e pelo recurso de esquemas hidrográficos, também pela exploração dos negócios, os quais nascem no solo de Portugal, nos quais abunda ou carece, foi dado por eles para testemunhar, o que, enquanto fala deles familiarmente a Ti, ouvem uma dissertação científica.

Enquanto eu cogito mui freqüentemente comigo mesmo estas coisas, não deixo de poder esconder de ninguém o grau de disciplina militar, não deixo de admirar a capacidade extraordinária de Tua mente. Pois, se se glorificam obedecendo a regras provenientes do militarismo, os que, em favor de dever proteger e de dever defender as cidades, ora investigam a natureza da pêra e do pó, ora preparam os cálculos e planilhas, aquelas coisas que ensinam colocar em favor de dever mirar e dever atirar com massas de ferro, ou bombardas, ou almofariz em linha reta, que não avançariam além destes estudos, o quanto é conveniente mais Te glorificar, quem não está cansado na variedade literária, tanto dispuseste aquelas coisas na mente, que, diante de si, uns produziriam luz e fachos para outros. Deste modo então não murchar na tranqüilidade da vida, mas cuidar Tua Juventude agitada em assíduas buscas, como superando num corpo mais firme, os Labores de Milícia, quando alguém tenha solicitado com obstinação, que tenhas em mão sem hesitação, e na paz fortalecido que não sejas tido por menos inativo, deste modo então tomar a seu cargo toda arte que há de equipar [f.143 v.] e disciplina de sobriedade, de vigilância, reter mais profundamente no espírito, às vezes experimentar as últimas coisas, às vezes conter o ímpeto como pessoas mudas, conhecer quaisquer máquinas e fábricas, das quais seja alguém exercitado pelo recurso não só da virtude mais também da prudência.

Enfim, tinha superado algo em Ti, tu que tinnhas aprendido assuntos tão graves e tão ilustres, não deter-se em pequenas sentenças introdutórias de uma e outra Jurisprudência, não em palavras isoladas mas por estudar nos próprios assuntos. Assim, é que tens investigado nas leis públicas, privadas e testemunhais, que a brevidade de recurso do discurso proíbe enumerar, não desconhece ninguém em quanta vivacidade de mente tenhas investigado as sociedades em suas Leis Naturais ou suas Leis Civis! Em quanto esforço de aproveitar por algum tempo, em que tenhas habituado a distinguir leis, tópicos de Direito – Natural ou Civil, aplicar em casos que vêm adiante, em algum momento seja necessário afinar ou ampliar a severidade das leis! Enfim, em quanta tenacidade de ler, constância de ouvir, tenhas conservado as coisas protegidas pelas leis, em todo momento tenhas extraído costumes diversos provenientes de diverso clima do Céu, de lá tenhas decifrado admiravelmente enquanto se exercita tanto o modo de pensar quanto o de agir, para que saibas, pelo plano do Céu para o povo Lusitano, na meditação da índole e na comparação dos costumes, acomodar as avançadas Leis Lusitanas. [f.144] Nem, efetivamente, tem limite em Ti, Juiz de Jurisprudência, ó Príncipe, glorificar em nome do Magistrado, não bigas, mas quadriga, não à moda de César, mas ser visto por fachos, não ser escoltado por lictores ou carrascos, mas pelo benefício de leis humanas, quando te apressas em produzir uma raça de universo humano com felicidade.

A que fim, portanto, tende este nosso discurso? Por acaso, que algum português ignora ora as criações nas Letras, ora nas Gramáticas: aprendeste as reflexões Retóricas, Históricas, Filosófica e Políticas, e ainda mais: estes singulares estudos: amenidades das Línguas, observações da Filosofia e matemática, efemérides literárias, uma por uma em cada momento do seu tempo? Por acaso, para que estarias inclinado sobre os mesmos, o que era costume dos Príncipes Romanos, principalmente com o lastimável Sêneca, por algum tempo esperaste que se intercalassem os deveres escolares, ou para que alguém interviesse nos dias chuvosos? Consagro como testemunho estes discursos honorificentíssimos, que Portugal ouve sobre Ti; quando, de todas as maneiras, de fato, costuma ser um cuidado rigoroso, ora elevam Tua diligência ora, a Tua perspicácia; estes discernimentos estão instituídos como testemunhos familaríssimos para Tuas personalidades doutas examinar uma declaração deste assunto pelo reconhecimento: em suma, testemunhas que devem ser louvadas alguma vez pela avidez de aprender, com paciência de ouvir, com persistência de investigar, com desejo ardente em todas as coisas em relação ao Teu povo [f.144 v.], com insaciável sede de consultar. Ó afortunado Portugal! Tu, como Príncipe! Ó presságio eminente do Futuro Império!

Retorno ao Zelo da Religião Cristã, em que, prosperando para as coisas melhores, pretendes ainda que Tu restituas a Deus aqueles fora dos costumes. Na austeridade dos quais como tal estes, tão grande mas não como a nossa, Tua juventude terá de proteger, de tal modo cabe a Igreja lusitana evoluir. Portanto, ou se eu considerasse Tua observação das Santíssimas Leis, ou se eu considerasse o estudo de ambas uma “Teodisséia”, ambas respondem assim à risca o que eu não saberia para que lado me voltar. No princípio, nada mais agradável em Ti, que tinhas visto o Criador de tudo através das coisas criadas e que tinhas ficado maravilhado existindo do que retrocedendo através de gerações passadas, beijar a mão diletíssima do supremo dos Pais dos homens. Em suma, louvaste aquela comida preparada do mesmo para os corvos e para as pombas, ora pela palavra, ora pelo trovão aconselhando sua herança, através de outros, larga herança na qual as regiões das terras abrem com exércitos o que resiste, Pai de Israelitas, Senhor e Rei, ora companheiro, ora Juiz, seja brando ao povo bárbaro, seja vingador, neste lugar misericórdia, naquele lugar inexorável, tanto no sobressalto da mente, quanto no obséquio da razão, como Jeová, três vezes Santo na Ortodoxia da Fé, Jovem entre os mais Velhos? Sua Piedade pelos Antepassados que devem ser castigados, Paciência para um Caim que deve ser aconselhado, Misercórdia para um Noé que deve ser libertado; Vocação de Abraão e Bendita redenção de Lote, amor de Jacó, dos filhos deste, mão orientadora através de inacessíveis solicitudes, por dupla maravilha de sustentáculo da nuvem, e do fogo, e outras provas da Onipotência, da Bondade, da sabedoria, da Justiça e da Liberdade! Prudência de Moisés conduzindo o povo e ensinando destreza; Jesus, dele a imitação dos sucessores, a aceitação de Judá, o combate de Samgar, a vitória de Débora, milagre de Gedeão, de Tola, de Jair, de Jefté de Hesebon, de Zabulão, de Abdão, de Sansão, acontecimento de Siquém, aprovações, reprovações, vitórias, escravidão até reis de Israel! Quão grande quantidade de exemplos para ti, ceifa de doutrina!

A oração de Samuel afasta do insano conselho em vão a plebe; nem avalia a dominação despótica, nem sentiu medo do soberbo império, mal suplica o Rei, quando Tu Próprio choras Saulo lacrimoso antes por Samuel do que por um ungüento sacerdotal: do que advertes aí mesmo o fácil esquecimento de benefício! Do que a força levada para algum lugar por leis; do que a paciência aceitável de David, [f.145 v.] a peregrinação, a penitência do pecado e remissão! do que a índole diversa na série de reis dos tempos que sucedem, pelos sacerdotes que ora devem ser consultados, ora devem ser punidos, pelos profetas que ou devem ser censurados ou devem ser exaltados, deve ser cultuado pelo Verdadeiro Deus, ou devem preferir Ídolos, conseqüente queda de Adão, necessária para todos!

Eis, ó Príncipe, conheceste a necessidade do Supremo Mediador; frente à debilidade da razão: insuficiência da Religião Natural e nada: a não ser a grandeza das riquezas; e em Jesus Cristo na Promessa, no Nascimento (de Jesus), na Profecia, no Exemplo, na Vida, na Paixão, na Morte, na Ressurreição, na Ascensão Quão certamente necessitava que tu confesses, quem já não meditava sobre Deus Criador destas coisas, os discípulos Escritores, a situação Cristã, o final e bem estar da raça humana inclinando não nos livros profanos, mas no Evangelho.

Mas são essas as coisas, Tu dizes, não apenas para Ti, como as obrigações de cada Cristão; o Senhor exige tais coisas no juramento dos mortais. Em proveito de Ti [honra] a Deus, e não por Deus em si. Contudo, muitíssimos se glorificam que conheceram isso mesmo: ensinam a juventude, que se inflama não na vã persuasão, mas, para a norma da humildade Evangélica: derrubem o falso obelisco de vaidade, construam um muro de bronze acima da presunção da culpa [f.146], não se submetam a tais coisas, mas as coisas à humildade cristã. Por quais exemplos e doutrinas assim se deve agregar a humanidade; por quais começas exibir aquela doutrina e grande exemplo conforme o semblante e voz, não sei que penhor aceitarão dado por Ti, do qual se deve gerar a República. Com efeito, não só para cada um dos melhores, embora existam certas personalidades muito calamitosas, tens a intenção de prosseguir com aprovação: defender os pontos principais da própria República, dissipar distúrbios, mas também não dificultar acesso a ninguém, não proferir uma voz áspera a ninguém, nem acreditas num povo nascido para Ti, Príncipe, mas para o povo Tu, um Príncipe nascido.

Que seja comentada por mim aquela atividade de Tua Caridade, na qual, ocultando a mão protetora afastada daquela sinistra, prevines as faltas de alguns particulares pela mão estendida do cônsul. Que aqueles pobres falem de Ti, sobre os quais, se não proporcionas a metade da vestimenta à nudez e um pequeno bocado de pão à fome, concedes inúmeros mantos intactos, quantidade de trigo, pesos de ouro e de prata; não submissos Teus, mas julgando-os como irmãos, e isto não de tal forma saído do preceito da lei, do que proveniente da piedade natural do Teu Espírito, o que a própria Lei eleva, santifica e predestina para a segurança. Que a multidão comum fale de Ti, de quem as catequeses de Religião estão em volta pela (Tua) autoridade, ó Príncipe exemplar, em quem a comunhão dos Sacramentos se refaz, a dignidade da Igreja se recria, a própria Igreja, enfim, os seus auspícios, para as suas ordens legais, e para os poderosos perante os súditos, pelos quais vemos que Tu, Príncipe, se dedica.

Eu vi com estes (meus) olhos, outros ouviram, que Tu estavas presente para dever celebrar os Divinos Ofícios, de tal modo arrebatado das coisas terrenas, que Tu, pelas quais seria o suficiente, tenhas oferecido ainda um exemplo de comportar-se. Ouvi as vozes dos Sacerdotes ajudadas por Tuas palavras, pelos Louvores (Teus), misturados louvores de Príncipe, com lágrimas derramadas sem culpa sobre lágrimas vertidas, ó argumento singular de Caridade em Ti! Cônscio de nenhum crime Teu choras pelos crimes do povo: Legatário de tantos Reinos, quão digna virtude! Produz quão grande imortal glória! Anima aquele amor do supremo Nume, que ordena que tu desenvolva assim, assim, para que a vida de Augustíssimos Antepassados tome as regras da Piedade e da Justiça! Ó faustíssimos dias, que predisse que Tu, como tal, haveria de existir!

O Louvor não é enriquecido por estas palavras, [sem tradução]? Mas ocorre que isso seja a condição de um Príncipe Religioso, para que não tenha a virtude separada de si mesmo: perseguir outras virtudes! Mas quando a eloqüência é igual ao do Louvores delas? Acaso eu faria silêncio dela, por quais nada [f.147] existe mais fecundo? Mas a Oração é ímpar em si: pois bem! E assim, como se nivelem e nem dizendo tanta fecundidade de louvores, e nem cogitando eu poderia alcançar, ainda que seja uma forma repentina de dizer.

Tens exemplos de Reis Fortíssimos, daí glorificas guiar a origem e a raça, tanto os assuntos gloriosos do mar, ó célebre, Herói ilustre na terra, quanto às coisas do Invicto Afonso Primeiro, às do Glorioso João Primeiro, às da África de Afonso Quinto, às de Manoel Venturoso, testemunham os Gloriosos Títulos: tens, devido aos costumes, o de Augustíssimos Antepassados, e devido às recomendações, perante Deus de suprema Religião, perante os súditos de extraordinária Clemência, os devotamentos da paz, o Exemplo de um República tranqüila e a Sabedoria. Tens, enfim, tanta a riqueza das coisas que se devem louvar, a que não fora prevista para um orador e sufoca de repente um orador, o que foi deposto em função disso, a não ser com esforço [ ]um Ótimo Máximo suplicar que Tu, ó Sustentáculo de Portugal, Honra da Literatura, e Ornamento do Trono, de tal modo muito tempo preserva incólume, que se quando puderes já ter vivido bastante e puderes ser visto a Ti, Tu nem parecerás ter vivido bastante alguma vez de Glória


 

SERENISSIMO
BRASILIAE PRINCIPI IOSEPHO

Quod

Singulos Aetatis Suae Annos,

Vsque ad Vigesimum Primum,

Literarum, et Virtutum Studio[3]
dicaverit, in Natali Suo Gratulatur

Alexander Rodrigues Ferreira

An. 1782[4]

 

... cupidum, pater optime, vires defierunt...../

 

f.138/ Quod animo meo, Iosephe Princeps, jam pridem constitueram, pro innumeris, et fere singularibus Animi Tui dotibus, de Vniverso populo Lusitano optime meritis, Natalem Tuam Diem, non[5] jam privatis, sed publicis testimoniis hominum memoriae commendare, hujus gaudii initium hodierna dies mihi adfert. Cogitabam, atque ea cogitatio vehementer me commovit, quo pacto fieri posset, ut qui, natura duce, libertatem colimus et tuemur, nulla tamen habita conditionis nostrae ratione, Tibi cordium imperium potius, quam corporum tradere contendamus. Cujus ego erga Te amoris rationem[6], si attente considerem, in hoc positam esse vide[or][7] quod tum Parentes, cum Filius, non tam Lusitaniae Reges, quam Patriae Patres vocari Se, et reipsa haberi studeant. Quod quidem Gloriae Tuae, et felicitatis nostra[e] studium, cum nulli po[s]t[8] Principum memoriam, ita animo infixum, et operibus firmatum contigerit, vel in orationis initio, verendum jam mihi est, ne rerum d[i]centarum[9] copia, et majestate det[e]ntus, quae degustanda omnibus promittam, vix summis Labiis delibanda praebeam. Atqui ex Veterum sententia longe mihi esset optabilius sile[n]tio meo Altitudinem Tuam profundius venerari, quam vocis gracilitate Meritorum vim debilitare. In quo rerum Tuarum et mearum articulo constitutus, nam et jure gratitudinis Laudari debes, et prae Meritorum pondere, a me novo oratore satis Laudari non potes, utcumque mihi futurum sit, unum intendo, praeconium de Te pu[f.138v.]blicum juvare. Sunt ita dictu difficilia, quae se Laudanda in Te offerunt, ut quod potissimum in hac rerum vniversitate raro occurrit Iuventus Litterata et Religiosa, id in Te facile reperiri ostendam. Eum, fateor, Te esse nosco, qui neque popularia suffragia venaris, neque in isto bonorum omnium plausu, Tuis Ipse litteris, virtutibus, titulis, et imaginibus obstupeas. Sed cum nihil Tua, Princeps, Nativitate a Deo Optimo Maximo melius acceperimus, Tuum non est, signum hoc gratitudinis erga ipsum Deum meae prae modestiae severitate vetare. Quantaquanta enim mihi sit dicendi facultas, dum dicere tamen audes, objurgar[i][10] in me artis inscitiam, quam animi ingratitudinem malim.

Vtque ab ea felicitate incipiam, quam Lusitaniae Vniversae Natalis Tua Dies augurari visa est, Avi, Parentum, et nostrum omnium Lacrymis, Tu, scis, Te, Tuaque omnia deberi. E Coelo namque prospiciens Summus rerum Arbiter pro Imperi[i][11] diuturnitate, incolumitateque, quod Nomini Suo Invictissimus Lusitanorum Rex Alphonsus I, acquisiverit, quem nobis Principem dare decrevisset, ex ipsa Principis Nativitate suspicari nos voluit. Ergo omnium oculos, animosque in Te convertere assu[e]visti[12], non ad vagitus Natali Die abjectus, sed Venturum Imperij pondus ab incunabulis praesentiens, aetate quamvis [f.139] infans, majestate jam pridem venerabilis. Deinde, Naturae beneficio, nulla Tibi contigit corporis infirmitas, non habitus et figura, quae a vitae periculo non procul absunt, imo apta partium dispositio, agilitas, venustas, ut verbo dicam, mens sana in corpore sano. Ita prius in Te illuxit ingenium, quam aetas, prius doctrina quam natura. Nihilominus quis nobis futurus esses, vel una Iuventutis Tuae institutio indigitabat.

Ego enim nullum majus Divinum munus existimo erga humanum genus, quam Principis Iuventutem docilem, et aptam doctrinae. Mirabilis siquidem in natura humana austeritatis aversio, quae in variis gentium moribus, ac legibus incredibile fere discrimen reperit, illam actionum suarum tesseram ponit, quam in immodico sui ipsius amore, juventus libera, nisi a Coelo sit elapsa, statuere solet. Ea vero qua studii contentione eviceris, ille dicat, rogo, vigilantissimus Amoeniorum litterarum, sublimiorumque scientiarum Cultor Paci-Iuliensis Episcopus Emmanuel a Coenaculo, e multis quidem optimis [u]t Iuventutem Tuam artibus et m[o]ribus informarent, unus electus et optimus, et candidissimus. Videre enim videor, proh quanta, Deus immortalis mentis admiratione[13], Te nativum illum Lusitanae, Graecae, et Latinae Linguae splendorem edoctum, quem aut [f.139v.] nostratum incuria, aut ipsa temporum vicissitudo deturpaverat! Videre videor in pristinam sui auctoritatem, pulchritudinem et dignitatem resti[t]utam[14] Linguarum Matrem, quae Latio exulans, et paucis ante diebus paucissimis etiam Lusitanis cognita, hoc desiderare visa est, Principem Te auditorem habere, ut meretricium cultum exueret. Ex quo namque Tuo praesertim beneficio. Rex nescio dicam, an Pater et Avus Tuus Augustissimus Iosephus I Litterarum Reipublicae tutelam suscepit, mox in eas seu docendas, seu amplificandas, tot in omni scientiarum genere eminentissimos viros creavit, quot ipsas etiamnum tanto cum Lusitani Nominis splendore colunt, et amplificant. Quid commemorem felices Tui conatus, quorum opera, atque dexteritate sepositis foliis lusoriis, taxillis, et anilibus fabellis, quae juventutem in se rapiunt, Tu rerum gerendarum gloriae destinatus, Nepotem, Tullium, caeterosque de Latina lingua optime meritos coluisti? quid arrectissimus Praeceptori aures deditas, dum ea Te doceret, quae de Latino sermone dele[c]ta in nobis superc[il]iosi Exteri adfirmant? quid variam Poetarum lectionem, et a Te felicius perceptam, quam ab auctoribus traditam, mirabilem in Ovidio argumentorum varietatem, elegantissimam in Plauto facetiarum doctrinam, Horatianum illud latine jocandi genus, humiliorem Vir[f.140]gilii in Bucolicis dictionem, floridiorem in Georgicis, magnifice expictam in Aeneide, iis utique digressionibus, pronuntiasti, comparationibus, et eventum verisimilitate, quae menti tantum ferreae, imo saxeae fidem non exprimant? quid denique antiquioris stili faciem, sermonis puri, nativi, perspicui castitatem, verborum modestiam, quorum lectione, imitationeque, Vir plenus doctrina, non verba innovans, non vitia affectans, uberiorem antiquitatum segetem potius produxeris, quam collegeris!

Sed ejus erat molis Iuvenem Te Principem, et Oratorem institui. Permulta quidem, eaque (a)egregie a Majoribus nostris cogitata, et scripta sunt, quae vix perdidimus, pace vestra dixisse liceat, primi omniu[m] Lusitani Eloquentiam perdidistis. Res igitur spem non fefellit, Te in Lucem edito, speratam dicendi gloriam venturam qua nunquam intermissum Rhetorices studium, a prima Tui adolescentia cultum, semper auctum, Lu[sita]nam Eloquentiam renovaret. Non ut iis studiis, quasi cogitationibus bene multis aliis, hisque gravioribus vacuus adhaereres, sed ne ea ipsa ignorares, quae juvenes nostros Foro destinatos excitant, inflamantque. In quibus studiis cognoscendis, quantum [f.140v.] profecerit assiduus Tui Labor, vel Oratio Tua in Natali Die Serenissimae Materterae Tuae D. Mariae Annae, et in Regia Matrensi habita, exprimere potest. Concinna ita, et decora, vel subtiliter ad docendum disputata, vel graviter ad Laudandam virtutem acta, ut Prudentissimum virum, cui eam recitandi honor delatus est, titubantem [c]luserit[15].

Praetereo vivacitatem mentis in discenda Poesi dictu, audituque incredibilem. Cui enim alii contigit, id aetatis, in quo tunc cras, modo Ulyssis prudentiam, modo Aeneae pietatem fidibus adscribere? Cui nisi labore, et senio confecto, vulgatiora quaeque, dictuque humiliora soceo[16] adjungere? cui artem praeceptis abundantem, et difficillimis ita nodis implexam, brevi in sanguinem et succum convertere? Convertere tamen ausus es, dum suo cuique jure servato, nunc Medeae filios coram populo trucidator, nunc equorum cervices humano capiti adjunctas, postremo avibus serpentes, agnosque [ti]gribus geminatos di[v]isisti[17]: novum mihi sperand (i)um genus, Lusitanos etiam Marones, eosque quamplurimos non defuturos, dum Poematum argumento gesta, Musis vero Iosephum Te Principem, non Moecenatem quem libet promittis.

[f.141] At quae Tuae Iuventutis summa Laus est, eam esse arbitror, Laboris propemodum infiniti assiduitate nihil deficere. Imo novis ad Historiam viribus comparatis, vix ipsam adusque mundi genesim adscendis, illine primos homines belluarum adinstar in silvis errantes detegere, hinc moribus, et legibus, in societate contentos admirari; societatis ipsiusmet vicissitudines, detecta, fata, progressus intueri; loca hominum natalia, alia aliis quam longe dissita percurrere; actiones, passiones, virtutes, vitia, suis quaeque temporibus, diebus, hebdomadibus, mensibus, annis, Lustris, Saeculis [e]ffacta[18] distinguere, Regum bella, eorumque causas, et eventus, quemadmodum Regnorum et civitatum incrementa, et decrementa inspicere, quibus utique fundamentis Philosophiae Aedificium super struere decrevisti.

Intellexisti enim, quod omnes homines Principes praesertim, id a se crimen avertere deberent, ratiocinandi vim cuique ad enarrandam gloriam suam a Res datam abscondere, et [ser]vos se inutiles facere. Hujus tamen servitutis summae cultus ab his tradi non poterat, qui vel moralia principia evertunt, vel ita insaniunt in honestissima societatis fundamenta, ut bonos cives afflictae Reipublicae consulentes, Lacessita pro Patria pericula, vulnera excepta, mortem denique oppetitam increpent. Inde fuit quod [f.141v.] Philosophiae Rationalis, et Moralis studiis praenissis, eos Historiae Naturalis, Physicesque Experimentalis, et Mathematicae Praeceptores habuisti, quos naturae Interpretes, non merae voluptatis Magistros existimasti; inde honestissimi, et spectatissimi viri Michaelis Franzini doctrinam Tua, Princeps, attentione decorasti; inde suavissimi Praeceptoris mei Dominici Vandeli itinera, Labores, Horti Tui Botanici institutionem approbasti; inde Physicorum omnium observationes, experimenta, hypotheses, demonstrationes, suos quaeque in fines capta, Tuis etiam, et Imperii finibus longe aliis, sublimioribusque accommodasti.

Atqui fuit illa priscis Saeculis, Pisone auctore, Regiae Dignitatis pars non infima, coelique, terraeque tractus, et marium spatia, atque proprietates percontari, eorum interpretibus bene velle, et combinatis belli, pacisque studiis, firmiorem, ac beatiorem sibi imperii possessionem firmare. Est etiam in Te quamvis longe prae stantior Philosophiae Naturalis cura, qui nihil ita aut Supremi Numinis Gloriae, aut publicae felicitatis interesse existima[ns], quam si tuos non lateat, quae Animalia, quas Plantas, et Mineralia, vniversus fere orbis contineat. Quae quidem omnia non voluptatis Tuae Causa, sed populi beneficio didi[s]cisti. Vix namque suis famulari principiis vidisti Artes Statuarias, Sartorias, Lib[r]arias, [f.142] Textorias, Vitrarias, Venatorias, Officinas Ferrarias, Lignarias, Nauticae Scholas, Architecturae Gymnasia, omnemque Rei Militaris, Aeconomicae, et Agrariae doctrinam, Tibi illico tot nominibus devinctum fuit Historiae Naturalis studium, quot Munificentiam erga se Tuam testantur inexplebilis rerum naturalium discendarum aviditas, Musaeorum Cura, erga Naturae curiosos favor[es], Tuo et nostro quanta assidue meditaris, o germanae Politices Magister, beneficio instituta.

Tam necessaria erat haec notitia novae Politices, novo etiam Magistro. Nam quae hodiernae Europae nova facies terret oculos, Tuam tantum prudentiam et solertiam vix officit, quippe quae, ab incunte[19] aetate, ut res, ita rerum tempora, quasi divinare consueverit; cui sane Animi Tui quieti, quantum profuerit rerum in Portugaliae regno, sub Avo Tuo, et Augustissimis Parentibus, gestarum studium, vel Ipse testaris, qui ut sanguini parcas, regnum intra Limites finire, bella temere non commitere, jure commissa fortiter prosequi verbo, Lusitanae gentis felicitatem amplificare, commercium feliciter restitutum adaugere, novam hanc Olysiponem novis Legibus, honoribus, donationibus perficere paras; utinam tam bonis Avibus, ut postquam caeteros Principes summae necessitudinis juribus adstrinxeris, non tot Capita quot regna, sed unus Princeps, [f.142v.] una gens, unumque imperium corporibus tantum divulsum videri possint.

Novae interim servandae urbis non immemor, sine lud (i)eris artibus animadvertisti ali[i], consistereque posse, qui sine Agricultoribus, nec patrimonia retinere audent. Inde plantandi rationes, et colligendi perscrutari, non Principum more, de quibus queritur columella, agrorum infaecunditatem culpare, non Coeli intemperiem nunc temporis Lugere, ubertateque prioris aevi defatigato solo natali imprecari, sed vitiorum officinas Lusitanae juventuti minus esse frequentandas, quam Agriculturae scholas statuisti. Nam quamvis inveterascit opinio, quae Rei rusticae sordiditatem exprobat, sordidiorem populi necessitatem putasti, qui abexteris provinciis panem, non dicam evehit, sed ab exteris evehi sinit.

Age vero ex his unis disciplinis copiosam commercii doctrinam collegisti. Illud enim esse Agriculturae et artium mechanicarum veluti consequitionem considerasti, sepositisque negotiatorum quorundam questiunculis, Tuo abditus secessu, Negotiales Societates, Belgicam, Britannam, Gallicam, Germanam, Italam, caeteras peragrasti, Artes Serviles, Lignorum, Lanarum, Pellium, Lini, earum transvexiones terra, marique Tuis ipse oculis intueri, intime colere, et colendo exaltare constituisti. Cujus Commercii cum partes sint Na[f.143]vigatio, et Permutatio, quanto in Nauticam amore rapiaris, acuns Magneticae studio, solis observatione, et tabularum Hydrographicarum ope, mercibus etiam exploratis, quae Portugaliae solo nascuntur, quibus abundet, carcatve, illis testari datum est, qui de his Te familiariter loquentem, et disputantem audiunt.

Quae cum ego mecum saepissime cogitem, neminem Militaris disciplinae gra[d]um[20] Latere posse, sigularem[21] mentis Tuae capacitatem mirari non desino. Nam si de pare[n]tia militari gloriantur, qui pro muniendis defendendisque urbibus, modo pulveris pyrii naturam inquirunt, modo rationes et tabulas conficiunt, quae pro collineandis, ejaculandisque globis ferreis, seu bombardas, seu mortaria recte collocare docent, quin ultra haec studia progrediantur, quanto plus gloriari Te oportet, qui litterarum varietate nihil defessus, eas ita mente ordinasti, ut aliae aliis lucem facemque prae se ferrent. Hinc non umbratili vita [la]ngescere, sed assiduis venatibus Iuventutem Tuam exercitatam curare, ut firmiori praevalens corpore, et Militiae Labores, cum respostulaverit, facilius sustineas, et pace induratus non ignavior habearis, hinc omnem armaturae artem, [f.143v.] et disciplinam sobrietatis, vigilantiae, agilitatis sustinere, mente altius retinere, quando ultima experiri, quando impetum continere statuas, machinas quaslibet et fabricas cognoscere, loricarias, scutarias, ferrarias, quarum ope et virtus et prudentia exerceatur.

Vnum tandem Tibi supererat, qui res tam graves, tamque praeclaras didi (s)cisses[22], non proemialibus Iurisprudentiae utriusque sententiolis immorari, non verbis sed rebus ipsis studere. Ita publicis, et privatis testimoniis, quae numerare vetant orationis angustiae, neminem latet, quanta mentis vivacitate hominum societates, seu Naturales, seu Civiles investigaveris! Quanto aliquandiu proficiendi studio, earum conventa, pacta, jura, leges distinguere consueveris, casibus obvenientibus applicare, quando legum severitatem modera[v]i[23], quando augere necessum sit! Quanta demum legendi [t]enacitate[24], et audiendi constantia, singulas Nationes, singulis legibus munitas observaveris, ex diversa ubique Coeli temperatu[ra] diversas consuetudines [e]rueris[25], inde mire ludentem, tam cogitandi, quam agendi modum explicaveris, ut Lusitano populo a Coeli studio, indolis meditatione, morumque comparatione profectas Lusitanas Leges accommodare scias. [f.144] Neque enim, Te Iudice Iurisprudentiae finis est, o Princeps, Magistratus nomine gloriari, non bigis, et quadrigis, non Caesarie, et facibus distingui, non lictoribus stipari, sed humanarum legum beneficio, ut efficere properas, humanum genus vniversum bea[t]e[26].

Quorsum igitur tendit nostra haec oratio? an Lusitanus quis ignorat nulla in Litteris tum inventa, tum Grammaticis, Rhetoricis, Historicis, Philosophis, et Politicis cogitata, quin singula haec studia, Linguarum amoenitates, Philosophiae observationes, et mathemata, saeculorum omnium ephemerides litterarias, suis quaeque temporibus didiceris? an, ut ipsis incumberes, qui Principum Romanorum praesertim, lugente Seneca, mos erat, aliquandiu intercalari ludos sperasti, utve pluvius aliquis dies interveniret? testes appello honorificentissimos sermones, quos de Te audit Lusitania; ut cumque namque severa esse solet magistrorum cura Tuam modo diligentiam, modo perspicaciam [ ]tollunt: testes familiarissimas cum Tuis doctis hominibus sermocinationes[27] explorandae rei cujus que gratia institutas: testes denique satis unguam Laudandam, discendi aviditatem, audiendi patientiam, investigandi pertinatiam, sitim in omnibus populo Tuo [f.144v.] consulendi insatiabilem. O fortunatam, Te Principe, Lusitaniam! O egregium Futuri Imperii praesagium!

Venio ad Christianae Religionis Zelum, qua ad meliora prosperans, Deo etiam ex moribus earum Te reddere intendis. In quorum austeritate qualem se, quantamque praestiterit juventus Tua non tam nostrum, quam Lusitanae Ecclesiae est evoluere. Sive enim Tuam Sanctissimarum Legum observantiam considerem, sive Theodisseae utriusque studium, sibi utraque ita ad amussim respondent, ut quo me vertam, nesciam. Principio, nihil Tibi acceptius, qui per creata rerum Creatorem videras, et vivendo obstupueras, quam per anteactas generationes retrogrediendo, supremi hominum Parentis Manum quidem dilectissimam osculari. Eam igitur corvis pariter ac columbis escam parantem, nunc voce, nunc tonitru haereditatem suam admonentem, per alienos, qua late patent terrarum tractus exercitibus prae[c]untem, Israelitarum Patrem, Dominum, Regemque, modo comitem, modo Iudicem, nunc populo barbaro mitem, nunc vindicem, hinc misericordem, illic inexorabilem, quanto mentis obstupore, rationis obsequio, Fideique Orthodoxia [f.145] ter-[28] Sanctum Ieova Iuvenis cum Senioribus Laudasti? Suam in castigandis Parentibus Pietatem, in admonendo caïmo Patientiam, in liberando Noemo Misericordiam; Abrahami Vocationem, et Benedictionem, Lothi redemptionem, Iacobi amorem, filiorum ejus, per solitudines invias manuductionem, miraculo duplici, columnae nubis, et ignis, coetera Omnipotentiae, Bonitatis, Sapientiae, Iustitiae, et Liberalitatis argumenta! Moysis in regendo populo prudentiam, in docendo dexteritatem; Iesus ejus successoris imitationem, Iudae assumptionem, Semigaris praelium, deborae Victoriam, Gedeonis miraculum, Tholae, Iairi, Ieptae, Esebonis, Zabulonis, Abdonis, Sansonis, Simicharis eventus, approbationes, reprobationes, victorias, Captivitates usque ad Reges Israel! Quam copiosam Tibi exempli, et doctrinae messem!

Frustra ab insano consilio Samuelis oratio plebem detorquet; nec dominationem regiam perpendit, nec superbum i[mp]erium horret; vix Regem flagitat, cum Tu Ipse a Samuele prius Sacerdotali unguento perfusum Saulem, et Regem salutatum luges: quam facilem illico beneficii oblivionem increpas! quam legibus vim illatam! quam acceptabilem Davidis patientiam, [f.145v.] peregrinationem, peccati penitentiam, et remissionem! quam regum tandem tractu temporum succedentium diversam indolem, in consulendis modo sacerdotibus, modo puniendis, Prophetis increpandis aut extollendis, Vero Deo colendo, seu Idolis praeferendis, necessarium in omnibus Adami Lapsus consectarium!

En Supremi, o Princeps, Mediatoris necessitatem agnovisti; en Religionis Naturalis insufficientiam, rationis imbecillitatem, et in Iesu Christi Promissione, Nativitate, Praedicatione, Exemplo, Vita, Passione, Morte, Ressur[r]ectione, et Ascensione, nihil nisi altitudinem divitiarum! Quam equidem fateri te oportebat, qui non jam profanis libris, sed Evangelio incumbens, hujus Auctorem Deum, Scriptores Discipulos, objectum Christum, finem generis humani salutem meditabaris.

Sed ista sunt, dices, non Tui tantum, quam Christiani cujusque officia; ea jure exigit mortalium Dominus, Parensque. Tibi prodest co[ ]e Deum; non ipsi Deo. Atqui id ipsum novisse gloriantur quamplurimi, quos Iuvenis doces, ad Evangelicae humilitatis normam, non inani persuasione intumescere, ementitum vanitatis obeliscum demoliri, supra culpae vacuitatem [f.146] murum aheneum construere, sibi res, non se rebus submittere. Quibus exemplis, et doctrinis, si humanitatem addiderint, quibus eam vultu, et voce exhibere incipis, magnum, nescio quod, pignus Reipublicae feliciter gerendae, a Te datum accipient. Nam non modo optimos quosque, quamvis calamitosissimos viros, favore prosequi intendis, Reipublicae ipsius cardines tueri, turbines dissipare, sed nulli aditum difficilem opponere, nulli vocem asperiorem proferre, nec propter Te Principem populum creatum, sed propter populum Principem Te natum credere.

Loquatur pro me illa Caritatis Tuae industria, qua dextram a sinistra abscondens, privatorum quorundam in[o]piae[29] profusa manu consulis, et provides. Loquantur pauperes illi Tui, quorum nuditati, si non chlamydis dimidium porrigis, famique panis frustula, amictus integros innumeros, frumenti copiam, auri et argenti pondera largiris; non subditus Tuos, sed fratres existimans, idque [n]on tam ex legis praecepto, quam ex naturali Animi pietate, quam Lex ipsa extollit, sanctificat, et ad salutem praedestinat. Loquatur usitata Tui frequentia, cujus auctoritate Religionis Cathecheses stipan[f.146v.]tur, Principis exemplum, quo Sacramentorum communio reficitur, Ecclesiae dignitas recreatur, ipsa demum Ecclesia suis erga subditos auspiciis utitur, juribus, potestatibus, quibus obsequi Te Principem videmus.

Hisce ego oculis vidi, audiverunt alii, Te in Divinis Officiis celebrandis, ita e terrenis abreptum, ut quibus satis sit adesse, Tu agendi etiam exemplum praebueris. Audivi Sacerdotum voces Tuis Vocibus adjuvatas, Laudibus, Principis laudes admixtas, lacrymis insontes lacrymas super infusas, o singularis in Te Caritatis argumentum! nullius criminis Tibi conscius populi criminibus illacrymaris: quam dignam virtutem tot Regnorum Haerede! quam immortalem gloriam Lusitaniae parit! quem supremi Numinis amorem excitat, qui te ita ita[30] adolescere jubet, ut ex Augustissimorum Parentum vita, Pietatis, et Iustitiae regulas depromas! O faustissimam diem, quae talem Te futurum praedixit!

His verbis non augetur Laus Iu[ ]an numerioribus angelitur? Sed occurrit illud, quo[d][31] ea sit Religiosi Principis conditio, ut sejunctam a se nullam virtutem habeat: persequar caeteras? Sed ubi par earum Laudibus facundia? An ea taceam, quibus nihil [f.147] uberius existit? Sed impar sibi est Oratio: age itaque cum neque tantam laudum ubertatem dicendo exaequare, neque cogitando adsequi possim, subitus quamvis dicendi finis sit.

Habes Fortissimorum Regum exempla, unde originem, et Genus ducere gloriaris, tot Insignium Heroiim res terra, marique inclyte gestas, quo[t][32] Invicti Alphonsi Primi, Gloriosi Ioannis Primi, Africani Alphonsi Quinti, Fortunati Emmanuelis, Desiderabilis Ioannis Quarti, Patriae Patris Iosephi Primi, Gloriosi Tituli testantur: habes in Augustissimorum Patrum moribus, et commendationibus, summae erga Deum Religionis, inusitatae erga subditos Clementiae, pacis studii, et Reipublicae tranquillitatis Exemplum, et Doctrinam. Habes denique tantam rerum ladandarum affluentiam, quae oratori non praevisa, oratorem repente obruerit: quid ei reliquum est, nisi [ ]um Optimum Maximum enixe preca[r]i,[33] Te, o Lusitan[i]ae Columen, Litterarum Decus, et Solii Ornamentum, diu ita servet incolumem, ut si quando Tibi satis jam vixisse videri possis, Tu nec Naturae, nec Gloriae, satis unquam vixisse videaris.

 

BIBLIOGRAFIA

GAZOLLA, Rachel. O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa. São Paulo: Loyola, 1999.

SÉGUIER, Jaime de. Novo dicionário enciclopédico luso-brasileiro. Porto: Lello & Irmão, 1962.

SILVA, Amós Coêlho da & MONTAGNER, Airto Ceolin. Dicionário Latino- Português. Rio de Janeiro: Ingráfica Editorial, 2005.


 

[1] A tradução é de nossa responsabilidade.

[2] Etimologicamente, ‘docilis, e’ significa que aprende facilmente.

[3] No manuscrito estava Sludio, o que nos pareceu erro óbvio.

[4] Texto estabelecido por José Pereira da Silva, com revisão técnica de Amós Coêlho da Silva, com numerosas contribuições relativas à leitura do texto latino.

[5]nom” por “non” no manuscrito.

[6] No final da linha do manuscrito, a consoante nasal de “rationem é substituída pelo til.

[7] As duas letras finais estão rasuradas, podendo-se ler videos ou videor.

Os colchetes quadrados ([...]) indicam uma leitura conjetural, seja porque está ambígua, seja porque está borrado ou rasurado o manuscrito, seja ainda porque há estrago no papel.

[8] Pode-se ler “post” ou “port”.

[9] A palavra é “dicentarum” ou “ducentarum”?

[10] Com um borrão na última letra, a palavra pode ser lida como “objurgari” ou como “objurgare”.

[11] No manuscrito, está “Imperij” por “Imperii”.

[12] A grafia do manuscrito é ambígua: “assuevisti” ou “assucvisti”?

[13] Com algarismos arábicos sobre as palavras admiratione e mentis, o manuscritor indica a ordem que mantivemos no texto: “mentis admiratione”.

[14] No manuscrito, aparece “restilutam”, mas corrigimos para “restitutam” por nos parecer erro óbvio.

[15] A grafia é ambígua: cluserit ou eluserit? A semântica é que resolverá a questão.

[16] No manuscrito, a palavra “soceo” parece estar usada por “socio”.

[17] No manuscrito, a palavra “Dirisisti” está usada por “divisisti”.

[18] Só a presença de dois ff assegura a existência de um e antes dessas letras, pois o manuscrito não nos dá esta certeza. De fato, a palavra é “effecta”.

[19] Leia-se “inunctate”, onde está escrito “incunte”.

[20] No manuscrito, “grarum” por “gradum”.

[21] Não seria singulerem?

[22] A palavra foi escrita com sc (didiscisses), mas rasurada na letra s.

[23] A penúltima letra está ambígua: moderari ou moderavi?

[24] No manuscrito está lenacitate. Por parecer erro óbvio, corrigimos para tenacitate.

[25] O manuscrito deixa ambigüidade gráfica: “crueris” ou “erueris”?

[26] O manuscrito deixa ambigüidade gráfica novamente: “beare” ou “beate”?

[27] A palavra “sermocinationes” foi grafada “sermo cinationes”, com desaglomeração gráfica, no manuscrito.

[28] Parece-nos que o sinal (-) que aparece depois de “ter” indica a formação de uma palavra composta com o adjetivo Sanctum, para significar três vezes santo.

[29] A palavra seria “inopiae” ou “inspiae”? O manuscrito é ambíguo.

[30] Será proposital esta repetição?!...

[31] A palavra correta é “quod” ou “quot”?

[32] E aqui, a palavra correta é “quot” ou “quod”?

[33] Precari ou precavi?