ATLAS LINGÜÍSTICO DO GRANDE ABC PAULISTA
UM PROJETO EM EXECUÇÃO

Adriana Cristina Cristianini (USP / UNIBAN)

 

Introdução

Este trabalho busca apresentar o projeto do Atlas Lingüístico da Região do Grande ABC Paulista, cujo principal objetivo é descrever a realidade lingüística do local, no que tange à língua portuguesa, priorizando a variação diatópica, especificamente de aspecto semântico-lexical, considerando implicações de natureza social.

Não se pode negar que existe uma grande influência da língua sobre a visão do mundo daqueles que a falam. Da mesma forma, não se pode negar o contrário, ou seja, a influência do meio físico e do contexto cultural sobre a língua.

Aliás,

A língua, portanto, só existiria para englobar a cultura e comunicá-la, transmiti-la. Daí se infere que, para o real conhecimento de um grupo humano, não basta pesquisar sua história, seus costumes ou o ambiente em que vive, é necessário observar a forma particular de ele representar a realidade que o circunda (Brandão, 1991: 6).

Dessa forma, “[...] a língua e o comportamento lingüístico de seus falantes estão estreitamente ligados à cultura em que ocorrem” (Soares, 2000: 38).

Além disso, ao se falar em língua, seja ela a portuguesa, inglesa, francesa ou qualquer outra, pode-se observar que ela muda constantemente. Isso não significa, entretanto, que a língua se torne outra língua, ou que ela se constitua em um sistema lingüístico melhor ou pior. Trata-se de variação lingüística, fenômeno que ocorre em todas as línguas naturais.

A diferenciação geográfica e social entre segmentos de uma mesma comunidade lingüística, portanto, resulta em um correspondente processo de diferenciação lingüística, que pode se manifestar nos níveis fonológico, léxico e gramatical.

Para Ferreira e Cardoso (1994: 12),

[...] falantes de uma mesma língua, mas de regiões distintas, têm características lingüísticas diversificadas e se pertencem a uma mesma região também não falam de uma mesma maneira tendo em vista os diferentes estratos sociais e as circunstâncias diversas da comunicação. Tudo isso deixa evidente a complexidade de um sistema lingüístico e toda a variação nela contida.

O estudo dos fenômenos de variação diatópica é de competência da Dialetologia.

 

O Grande ABC Paulista

A região do Grande ABC Paulista representa uma importância considerável no contexto sócio-político-econômico-cultural do Brasil. Tanto econômica quanto populacionalmente, a região nos fornece dados que nos mostram a irrefutabilidade do desenvolvimento de estudos sobre a região e sobre as características de sua população.

A história do surgimento e do desenvolvimento dos municípios do Grande ABC nos mostra que a migração e imigração podem ter influenciado numa certa variação e mudança lingüísticas na fala de seus habitantes.

Diante disso, acreditamos que exista uma constituição semântico-léxical característica da região do Grande ABC Paulista, influenciada pela confluência social, cultural e histórica do local.

Desde sua origem, percebemos que alguns itens nos direcionam a uma reflexão sobre quais fatores teriam influenciado na concretização da norma lingüística que se apresenta no presente.

Atualmente, a região do Grande ABC Paulista é formada por sete municípios: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

Uma visão superficial já é suficiente para percebermos que a realidade das comunidades lingüísticas da região passou por grandes transformações e, indubitavelmente, uma transfiguração também se fez presente nas relações entre as pessoas. O que num passado não muito distante era um retrato de um isolamento considerável, hoje se apresenta como uma nítida quebra de fronteiras, de limites.

Além disso, temos de considerar que, nas últimas décadas, tem ocorrido um grande deslocamento de habitantes de uma região para outra, provocando uma reconstituição demográfica e, conseqüentemente, uma mudança nos usos lingüísticos da comunidade.

Pela mudança da população de cada área, podemos crer que tenhamos, atualmente, na região do Grande ABC, poucos usuários da língua consolidados à região, pois, além da grande mobilidade, eles também convivem com uma massa bastante móvel.

Por isso, é preciso que tentemos resgatar e registrar o mais rápido possível a norma e a variação semântico-lexical falada no Grande ABC Paulista para que possamos registrar a memória lingüística da comunidade dessa região e, também, contribuir, de alguma forma, para o conhecimento da língua portuguesa falada no Brasil em nossos dias.

 

O Projeto:
Estudo geolingüístico
do aspecto semântico-lexical
nos municípios da região do Grande ABC Paulista
com vistas à elaboração
do Atlas Lingüístico do Grande ABC – ALiABC

Os objetivos do projeto, fundamentados nos princípios gerais da Geolingüística contemporânea e em consonância com os ideais do Projeto Atlas Lingüístico do Brasil – Projeto ALiB, busca:

-      descrever a realidade lingüística da região do Grande ABC Paulista, no que tange à língua portuguesa, priorizando a variação diatópica, especificamente de aspectos semântico-lexical, considerando as implicações de natureza social;

-      apresentar as possíveis diferenças observadas nos resultados e apresentados em cartas lingüísticas e de estudos interpretativos de fenômenos considerados relevantes;

-      contribuir para o entendimento da língua portuguesa no Brasil como instrumento social de comunicação diversificado, possuidor de várias normas de uso mas dotado de uma unidade sistêmica;

-      oferecer aos estudiosos da língua portuguesa (lingüistas, lexicólogos, etimólogos, filólogos, etc.), aos pesquisadores de áreas afins (história, antropologia, sociologia, etc.) e aos pedagogos (gramáticos, autores de livros-texto, professores) subsídios para o aprimoramento do ensino/aprendizagem e para uma melhor interpretação do caráter multidialetal existente na região;

-      oferecer um considerável volume de dados que dê aos professores e aos demais interessados nos estudos lingüísticos a possibilidade de aprofundarem o conhecimento da realidade lingüística, refletindo, assim, sobre as variantes de que se reveste a língua portuguesa na região.

 

Método e procedimentos

Para a realização do trabalho, seguimos os preceitos da Geolingüística, método da Dialetologia, que consiste na aplicação de um questionário a um conjunto de sujeitos com determinadas características, numa rede de pontos, para que os resultados sejam apresentados em tabelas e, finalmente, em cartas.

Para a pesquisa de campo, temos como modelo, sempre que possível, as diretrizes estabelecidas pelo Projeto ALiB.

O Projeto ALiB é um empreendimento de vultosa amplitude, de caráter nacional, que tem por meta a elaboração de um atlas geral no Brasil no que diz respeito ao uso da Língua Portuguesa. Esse desejo vem desde 1952, mas somente no final do século começou a tomar corpo, graças à iniciativa de um grupo de pesquisadores que se propuseram a concretizar essa proposta.

Em 1996, em Salvador, por ocasião da realização do Seminário Caminhos e Perspectivas para a Geolingüística no Brasil, com a participação de pesquisadores da área oriundos de diferentes regiões brasileiras, foi retomada e aprovada a idéia da elaboração de um atlas lingüístico nacional. A partir daí, um árduo trabalho vem se desenvolvendo para que os objetivos do projeto sejam alcançados.

É importante esclarecermos que o intuído de uma proximidade metodológica com o Projeto ALiB dá-se por conta de, posteriormente, termos base para um provável cotejamento entre a realidade lingüística da região do Grande ABC Paulista e de outras localidades do Brasil.

 

Questionário

Escolhemos, para as entrevistas, a aplicação da versão final do questionário lingüístico direcionado ao aspecto semântico-lexical (QSL), aprovada pelo Comitê Nacional do Projeto ALiB e publicada em 2001, pela Universidade Estadual de Londrina.

Das respostas ao questionário estabelecido, formaremos o corpus do trabalho.

A apresentação desses dados dar-se-á por meio de cartas de localização dos pontos e cartas lingüísticas. Haverá também cartas de localização dos pontos.

 

Sujeitos e pontos

Determinou-se 9 pontos, sendo 1 ponto em cada município, exceto em Santo André e São Bernardo do Campo que, por serem maiores e mais populosos, contarão com 2 pontos.

Em cada ponto, 4 sujeitos serão entrevistados, somando-se um total de 36 sujeitos.

A determinação do perfil dos sujeitos busca atender principalmente à questão geográfica, por isso, deverão ser nascidos na região ou moradores da região desde a infância.

Outras variáveis sociais também serão consideradas para a pesquisa, tais como: sexo – ambos os sexos; idade – duas faixas etárias, de 18 a 30 e de 50 a 65 anos de idade; escolaridade - até 8.ª série do Ensino Fundamental.

 

Quadros, tabelas e cartas

Os resultados das pesquisas serão apresentados em quadros, tabelas e cartas que estamparão a norma semântico-lexical com base em Coseriu.

Os quadros e as tabelas possibilitam o registro integral das respostas dos sujeitos ao questionário, enquanto as tabelas apresentam em seu bojo séries estatísticas e devem sempre ser confeccionadas de forma que permita seu rápido e pleno entendimento, sem que seja necessária a recorrência constante ao texto.

Ainda mais importante que os quadros e tabelas para o nosso trabalho são as cartas lingüísticas, pois, por meio delas, podemos visualizar rapidamente a distribuição de um determinado fenômeno lingüístico.

Os resultados serão, então, apresentados em:

-   cartas lexicais, em que são registradas as palavras empregadas para expressar o mesmo conceito, independente das variações fonéticas, ou seja, da pronúncia particular comprovada em cada ponto;

-   cartas sintéticas, que implicam maior elaboração, pois estabelecem os limites das áreas correspondentes às variações típicas comprovadas;

-   cartas pontuais, que não estabelecem tais limites, mas registram fielmente as variações comprovadas em todos e em cada um dos pontos abordados;

 

Fundamentação teórica

Para o desenvolvimento de nosso trabalho, demos ênfase aos aspectos da conhecida visão tríplice Sistema, Norma e Fala, de Eugenio Coseriu.

A visão tríplice Sistema, Norma e Fala e a Geolingüística

Para Coseriu, uma doutrina realista e coerente deve se basear em alguns princípios:

-      as distinções e oposições devem se estabelecer, em primeiro lugar, na fala, a realidade concreta da linguagem;

-      a fala não deve se opor à língua, pois esta está presente naquela; fala e língua são interdependentes;

-      tendo claro os distintos graus de abstração, deve-se reconhecer e nomear as diferenças que se destaquem, sem reduzi-las aos moldes da dicotomia saussuriana língua e fala;

-      o elemento social se comprovará na fala individual, abandonando-se a oposição fictícia entre “indivíduo social” e uma “sociedade intraindividual”;

-      conceitos lingüísticos como “uso lingüístico de uma comunidade” e “sistema funcional” possuem uma clara diferença quanto ao plano de abstração, e é justamente isso que estabelece a distinção entre norma e sistema.

Essas colocações justificam o modelo tríplice, Sistema, Norma e Fala, apresentado por Coseriu, a qual abordaremos sem a intenção de retomá-lo em toda a sua complexidade, mas sim de iniciar uma reflexão sobre elementos que expliquem a questão da variação lingüística.

O Sistema é o conjunto formado pelas unidades da língua que se relacionam segundo determinadas regras. Quando falamos em unidades da língua, referimo-nos tanto às unidades em uso, quanto àquelas possíveis de serem usadas.

Essas regras obrigatoriamente presentes no Sistema integram sua “gramática” e prescrevem o seu funcionamento. Contudo, essas regras são estabelecidas pelos usuários e não pelos gramáticos que, na realidade, descrevem as regras do Sistema.

O Sistema corresponde, de certa forma, à língua ou código lingüístico e consiste no conjunto de possibilidades verbais, muitas dessas possibilidades ainda inexploradas pelos falantes.

Isso nos mostra que mesmo com a existência de inúmeras regras, o Sistema se manifesta como um conjunto de liberdades, desde que o seu caráter funcional não seja infringido.

Por isso, podemos indicar duas configurações ao Sistema:

-      um conjunto de prescrições, imposições, definidor da parte normativa que mantém a estabilidade do sistema lingüístico;

-      um conjunto de liberdades que se reporta à inovação, desde que não sejam afetadas as condições funcionais do Sistema.

Caracteriza-se o Sistema, pois, pelo equilíbrio constante entre prescrições e liberdades.

Para Santos (1991: 13), “Esse equilíbrio permite que uma dada língua mude e continue a ser a mesma. Nesse sentido, todas as línguas, porque funcionam, necessariamente mudam. A mudança não pode ter jamais caráter pejorativo, pois é condição para seu funcionamento”.

A Norma consiste nos padrões de uso, na forma como os usuários fazem uso do Sistema para comunicarem-se. É devido à Norma que os falantes podem se servir de algumas possibilidades do Sistema, descartar outras e, ainda, não utilizar outras.

Podemos dizer que a Norma é padrão grupal de uso. É Norma tudo o que é de uso comum e corrente numa dada comunidade lingüística.

A Norma é, para Santos (1991: 11), composta de “[...] modelos fixados, usados e consagrados por uma comunidade lingüística ou segmento social”. Além disso, é caracterizada por variações que se apresentam em alta freqüência e distribuição regular.

O conceito de Norma se estabelece em uma dupla abstração, dado que, por um lado, elimina tudo o que é puramente subjetivo, inédito, originalidade expressiva individual e, por outro lado, abstrai uma norma única, geral na comunidade.

A Fala é a materialização do Sistema. É a concretização individual do código lingüístico pelos participantes de um ato comunicativo.

Podemos configurar a fala em dois aspectos:

-        a repetição dos modelos responsável por explicitar a permanência e a estabilidade do sistema lingüístico;

-        a criação de elementos novos que remete à inovação, evidenciada pelas milhares de formas novas e criativas encontradas nas interações verbais.

Sintetizando as distinções no modelo tríplice, Sistema, Norma e Fala, Coseriu (1973: 97) afirma que:

[...] podemos decir que el sistema es um conjunto de oposiciones funcionales; la norma es la realización “coletiva” del sistema, que contiene el sistema mismo y además, los elementos funcionalmente “no pertinentes”, pero normalesen el hablar de uma comunidad; el hablar (o, si se quiere, habla) es la realización individual-concreta de la norma, que contiene la norma misma y, además, la originalidad expresiva de los individuos hablantes.

Na realidade, em uma única comunidade lingüística, percebemos a existência de várias normas. Coseriu (1973, p. 98) observa que:

[...] dentro del mismo sistema funcional poeden comprobarse varias normas (lenguaje familiar, lenguage popular, lengua literaria, lenguaje elevado, lenguage vulgar, et cétera), distintas sobre todo por lo que concierne al vocabulario, pero a menudo también em las formas gramaticales y em la pronunciación [...]

Essas normas se fundam a diversos fatores que fazem com que os falantes adquiram as variações lingüísticas próprias a sua região, a sua classe social etc.

Segundo Alkimin (2003: 34), “as variações observadas nas línguas são relacionáveis a fatores diversos: dentro de uma mesma comunidade de fala, pessoas de origem geográfica, de idade, de sexos diferentes falam distintamente”.

Ainda que se possa especificar e definir cada uma dessas normas, elas se interseccionam a todo instante, não se efetivando de maneira estanque. Nos atos de fala, os interlocutores fazem uso de várias normas, combinando-as de acordo com as exigências comunicativas, sua experiência anterior e sua procedência. Em uma mesma comunidade, portanto, coexistem diferentes normas e, além disso, um único indivíduo pode transitar ou associar uma norma à outra (Santos, 1991).

Conclui-se, então, que os falantes de uma mesma língua, mas de regiões geográficas diferentes, têm características lingüísticas distintas e, se pertencem a uma mesma região, também apresentam características diversas, tendo em vista os diferentes estratos sociais e as diferentes circunstâncias de comunicação.

Entretanto, essa coexistência de variedades não se dá no vácuo, pelo contrário, sofre a interferência das relações sociais estabelecidas pela estrutura sociopolítica de cada comunidade. Diante disso, percebemos que, conforme os sistemas de valores vigentes numa comunidade ou num segmento social, há, segundo Alkmin (2003: 39), “[...] uma ordenação valorativa das variedades lingüísticas em uso, que refletem a hierarquia dos grupos sociais”.

Para Gnerre (1998: 6-7), “Uma variedade lingüística ‘vale’ o que ‘valem’ na sociedade os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais”.

Algumas normas de espaço físico também sofrem o desprestígio e, com isso, apresenta tendência ao desaparecimento.

 

Considerações finais

O projeto “Estudo geolingüístico do aspecto semântico-lexical nos municípios da região do Grande ABC Paulista com vistas à elaboração do Atlas Lingüístico do Grande ABC – ALiABC” encontra-se em fase de coleta de dados.

A busca por sujeitos que realmente tenham raízes no local é um trabalho árduo, pois se constata a grande mobilidade da população da região.

Com os primeiros sujeitos já entrevistados, podemos notar algumas dificuldades na resposta a algumas questões como, por exemplo, as da subária “Atividades agropastoris”. A Região do grande ABC é predominantemente urbana e os sujeitos, principalmente na faixa-etária de 18 a 30 anos de idade, parecem não conhecer objetos como cangalha, forquilha, canga, jacá, balaio, bruaca etc.

Entretanto, somente com o término das entrevistas tais hipóteses poderão ser confirmadas. Por enquanto, cabe-nos prosseguir na busca por sujeitos que se encaixem no perfil delimitado para a pesquisa e ter o número necessário de entrevistas para que a análise possa ser feita com base em dados representativos e confiáveis.


 

Referências bibliográficas

ALKIMIN, T. M. Sociolingüística: Parte I. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. 3ª ed., São Paulo: Cortez, 2003, p. 21-47.

BRANDÃO, S. A geografia lingüística no Brasil. São Paulo: Ática, 1991.

COSERIU, E. Sistema, Norma y Habla In: Teoría del leguaje y lingüística general. 3ª ed., Madrid: Biblioteca Românica Hispânica / Gredos, 1973, p. 11-113.

FERREIRA, C. et CARDOSO, S. A dialetologia no Brasil. São Paulo: Contexto, 1994.

GNERRE, M. Linguagem, escrita e poder. 4ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 1998.

SANTOS, I. P. A variação lingüística e a política de ensino/domínio da língua materna. In: SÃO PAULO. Secretaria do Estado da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Língua Portuguesa: o currículo e a compreensão da realidade. São Paulo: CENP, 1991, p. 9-16.

SOARES, M. Linguagem e escola: Uma perspectiva social. 17.ª ed., São Paulo: Ática, 2000.