A cartografia mítica de Yoknapatawpha

Leonardo Vieira de Almeida

 

Na pequena cidade de Jefferson, ao sul dos Estados Unidos, William Faulkner descobre o núcleo vital de seus assuntos literários. A partir da criação do “Yoknapatawpha County”, o autor se torna responsável por uma das mais importantes obras artísticas do século XX. Buscando as raízes profundas da formação da sociedade sulista, Faulkner estabelece o diálogo entre a cultura norte-americana e as fontes míticas universais. Num romance como Absalão, Abasalão, de 1936, suas personagens revivem uma tragédia semelhante ao do Rei Davi e seus filhos. Mas não é apenas por meio dessa migração do universo bíblico para o microcosmo de Yoknapatawpha que se constrói a complexidade do romance de Faulkner. Nesta “cartografia” semioticamente edificada, às influências de Os livros de Samuel vêm se unir o tema de Fausto, a demanda de Lancelote, o mito da criação do mundo. Criação não apenas de uma “geografia intertextual”, mas de uma linguagem que se torna mythos. A hipótese deste trabalho é demonstrar como o “território semiótico” em Faulkner consegue conferir às formações verbais o status de entidades míticas, elevando às palavras ao plano de uma arquipotência.

 

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