A contemplação e a ação na poética
de Gonçalves de Magalhães

Marcelo de Mello Rangel (PUC-Rio)

 

Partindo da análise do discurso romântico de Gonçalves de Magalhães, procuro identificar alguns dos sentidos possíveis construídos pela utilização recorrente dos significantes Deus e Pátria. Trato de apresentar uma poética que se caracteriza pela tensão entre contemplação, atitude que se substancia a partir da presença do significante Deus, e ação, postura que está diretamente ligada, por sua vez, ao significante Pátria. Veremos que o conceito Deus, significando a pura perfeição, aparece como indicador da finitude, de todos aqueles que são simples criaturas. Como resultado, Magalhães experimenta e comunica certa melancolia e deslocamento em relação ao apresentar-se imediato da vida. Não obstante, o outro termo – Pátria –, também comum em sua linguagem, revela uma determinada situação do homem, um estar em meio a pessoas e coisas queridas que merecem e devem ser respeitadas e cuidadas. Aqui, Magalhães expõe sua preocupação com a ação responsável, calcada, vale lembrar, na incompletude da possibilidade de produzir enunciados gnosiológicos e éticos absolutos.

 

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