África, espaço de epifania
uma leitura d’Os Cus de Judas
de António Lobo Antunes

Roberto Nunes Bittencourt (PUC-Rio)

 

Os cus de Judas (1979) retomam um momento-clímax da ditadura em Portugal: a guerra colonial angolana, irrompida em fevereiro de 1961 e completada em 15 de janeiro de 1975, com os Acordos de Alvor – e após a Revolução dos Cravos, em Portugal. Mais que um romance, este é, como diria seu próprio autor, um livro de visões. África emerge como uma terra de resistência, uma terra de epifania, onde o homem aprende a se conhecer, através da lenta aprendizagem da agonia. Pretendemos, nesse trabalho, ler Os cus de Judas sob o olhar da literatura como testemunho, em que, com extrema sensibilidade e profundidade, António Lobo Antunes mergulha no interior do ser humano, trazendo à tona o homem em meio ao caos do mundo fragmentado e disperso. Através das representações das relações do eu com o outro e com o mundo, Lobo Antunes mostra-nos, muitas vezes, a impossibilidade do relacionamento humano.

 

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