COMUNICAR É APONTAR
As metáforas sobre a linguagem
e o paradigma sociocognitivista

Diogo Pinheiro

 

É bastante conhecida, na literatura especializada, a Metáfora do Conduto – descrita por Reddy (1979) –, por meio da qual a comunicação é conceptualizada como o envio/recepção de pacotes de informação através de um canal. No mesmo trabalho, o autor sugere uma outra metáfora capaz de captar, de maneira mais verossímil, o que se passa durante o ato comunicativo: trata-se do “paradigma dos construtores de instrumentos”. Nesta comunicação, argumentaremos que a metáfora proposta por Reddy, ainda que seja muito mais fiel ao que ocorre efetivamente durante o processo de comunicação, não corresponde, em alguns pontos específicos, à realidade deste processo. Aqui, retomamos essa proposta à luz de desenvolvimentos recentes que se enquadram na hipótese sociocognitiva sobre a linguagem (Tomasello 1999 e, principalmente, 2003), de modo a argumentar que a solução de Reddy não endossa decisivamente uma visão dinâmica e interacional do processo de comunicação. Assim é que, por fim, propormos a metáfora “Comunicar á Apontar” como a mais apropriada para apreender esse processo. A par disso, considerando o percurso teórico da Lingüística Cognitiva, buscamos iluminar alguns caminhos através dos quais essa concepção pode ser incorporada por uma lingüística de inspiração francamente mentalista, a fim de que se coloque em prática uma agenda sociocognitivista, que se afaste tanto de uma doutrina objetivista quanto das tentação subjetivistas, e busque, em vez disso, enfatizar o caráter inescapavelmente inter-subjetivo da construções dos sentidos.  

 

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