Narrationes Itineris

Amós Coêlho da Silva
(UERJ, UGF, ABRAFIL, CIFEFIL e SBEC)

 

A origem da sátira se encontra na satura lanx, uma bandeja de primícias, ofertada à deusa Ceres em agradecimento à farta colheita. O termo sátira se prende ao adjetivo latino satur, -ura, -urum: saciado, farto. A composição da farta bandeja era com diversos frutos, por isso que, como estilo literário, uma obra satírica se compõe de vários temas.

Petrônio, como Sêneca, enriquece a sátira, caracterizando-a como menipéia, dada a sua inovadora estrutura prosimétrica, herdada das Sátiras Menipéias de Varrão (116-27 a.C.), bem como as caricaturas, os elementos burlescos e largo uso de paródia, numa narrativa em primeira pessoa, feita pelo personagem Encólpio. Com este compartilham trocadilhos, aventuras fantásticas e momentos tanto cômicos quanto trágicos Ascilto, Gitão e um velho poeta Eumolpo.    

É nessa complexio oppositorum, reunião dos contrários, que Petrônio nos patenteia a nossa condição humana frente ao sistema social, descrito como imponderável e distribuidor do bem e do mal.

 

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