O uso de nós e a gente na
escola
reflexos da fala na escrita?
Juliana Segadas Vianna (UFRJ)
Célia Regina dos Santos Lopes (UFRJ)
A grande maioria dos livros didáticos, ainda hoje, continua a apresentar o paradigma dos pronomes pessoais sujeito constituído das formas eu, tu, ele, nós, vós, eles, independentemente das mudanças já ocorridas nesse sistema.
Com relação à 1a pessoa do plural, as gramáticas tradicionais insistem em incluir apenas o nós no quadro dos pronomes retos, reservando à forma a gente um status dúbio: ora classificam-na como pronome pessoal, ora como forma de tratamento. Além disso, a implementação da forma inovadora como alternante do pronome nós é registrada apenas na linguagem coloquial, não sendo mencionada no âmbito da escrita.
De fato, na língua falada, tal fenômeno tem sido bastante estudado por diversos autores (Omena, 1986; Lopes, 1993, 1999; Ferreira, 2002; Pereira, 2003), que apontam, de maneira geral, para uma variação estável entre as formas, embora o emprego de a gente tenha se tornado mais freqüente nas três últimas décadas. Partindo desses resultados, mostra-se pertinente a investigação da variação entre nós e a gente também na língua escrita.
Seguindo orientação laboviana, com base em testes escritos aplicados entre entrevistados de escolaridade média, pretende-se:
a) observar de que maneira a variação nós e a gente, freqüente na fala, processa-se na modalidade escrita;
b) identificar que fatores lingüísticos e extralingüísticos impulsionam a escolha de uma ou outra forma;
c) verificar se os fatores identificados em dados de fala, em pesquisas anteriores, mostram-se também relevantes para a escrita.
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