O alteamento das vogais médias pretônicas
diferenciação regional

Luana Maria Siqueira Machado(UFRJ)

Dinah Callou (UFRJ)

 

A regra de harmonização vocálica, tradicionalmente definida como a elevação das vogais médias pretônicas, e e o, pela presença de uma vogal alta, i e u, em sílaba tônica, possibilita alternâncias do tipo b[e]bida:b[i]bida, c[o]ruja:c[u]ruja.

Esse processo é muito antigo no português, praticamente terminado em Portugal no século XV, embora  realizações alternantes das vogais altas e médias sejam registradas até o final do século XVIII. No Brasil, essa variação ainda existe e pode ampliar seu contexto de aplicação para as vogais baixas, ocorrendo, assim, variações do tipo p[e]t[E]ca:p[E]t[E]ca, b[o]l[O]ta:b[O]l[O]ta e até mesmo gerar uma variação tríplice, como m[e]lhor:m[i]lhor:m[E]lhor.

Foram realizados estudos sobre esse processo, na perspectiva da sociolingüística quantitativa laboviana, relativos aos falares de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador, com dados provenientes de gravações do Projeto Norma Urbana Culta, de falantes das respectivas capitais, com curso universitário completo, distribuídos por faixa etária e gênero.

A fim de ter um quadro geral sobre o processo de alteamento nas cinco capitais, estendeu-se o estudo às cidades de São Paulo e Recife, utilizando as mesmas variáveis dos trabalhos anteriores.

A análise empreendida confirmou que há dois processos envolvidos no que se convencionou chamar de “harmonização vocálica”: um em que o contexto que desencadeia o processo é a presença de uma vogal alta na sílaba tônica e, outro, de assimilação consonântica, em que são as consoantes circunvizinhas que podem explicar o fenômeno. Além disso, pretende-se mostrar que independente da região do falante, os contextos de aplicação do processo são sempre os mesmos. 

 

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