Política, futebol e culinária
o entrecruzar das linguagens

Nícia de Andrade Verdini Clare (UERJ)

 

Estudando-se a linguagem da Política, percebe-se que ela não é influenciada apenas por aspectos de cunho histórico-social. Como a linguagem é uma atividade criadora, produto da sociedade, sabe-se que ela vive em contínua evolução e é modificada por fenômenos naturais e, principalmente, por relações metafóricas e metonímicas, que surgem do povo para o próprio povo.

Em ondas sucessivas e concêntricas, essas mudanças se irradiam por todo o imenso território brasileiro. Ao viver o cotidiano político em suas múltiplas facetas, o indivíduo cria. A criação é livre; não é privilégio de casta. Registram-se inovações de cidadãos de prestígio, relacionados ao poder, como o próprio Presidente da República, e de simples desconhecidos anônimos para o contexto nacional.

A adoção depende de inúmeros fatores, entre eles, o prestígio do criador e a possibilidade de irradiação nacional, além do aproveitamento em outras áreas do saber humano.  É aí que ocorre o entrecruzar das linguagens.

Uma área afim da Política é o futebol. Como a Política, o futebol é uma arte que exige habilidade específica. Ambas se influenciam mutuamente.

Por outro lado, a culinária também se faz presente junto à Política. Sua linguagem é absorvente e vai compor nosso quadro de inovações, caminhando transversalmente à linguagem da Política. Todos conhecem a famosa “pizza” sempre saboreada pelos políticos brasileiros. Estudaremos, agora, “fervura”, “filé”, “fritura”, “ovo”, “peneira” e outras inovações que fazem a confluência com a Política.

É dinâmico o caminhar da linguagem. Muitos cruzamentos ocorrem. Uns efêmeros; outros se tornam neologismos e, pouco a pouco, incorporam-se ao léxico, passando pelo processo de desmetaforização. Eis, portanto, um incentivo permanente à pesquisa aqui apenas iniciada.

 

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