Razão e discurso
conflitos da modernidade em São Bernardo

Aline Bezerra da Silva (UFRJ)

 

Essa pesquisa tem por objetivo refletir sobre os conceitos de racionalidade propagados com o advento da era moderna, relacionar tais conceitos a expressões verbais e não verbais, com base em uma leitura analítica do livro São Bernardo, de Graciliano Ramos, e fomentar a discussão sobre a secularização do conceito de ordem e de razão, com vistas ao desenvolvimento de uma crítica ao domínio predador e em prol de uma alternância discursiva, capaz de garantir a autenticidade das diferentes falas.

 Com a finalidade de pluralizar as potencialidades do jogo semiarbitrário do significado (Eagleton, 1997), as explanações acerca da vida pessoal e profissional de quatro importantes personalidades do pensamento moderno (Kepler, Descartes, Newton e Leibniz) ocupam a primeira parte da pesquisa. Como a narrativa de Pandora revisitada, a caixa do mundo espalhou males, mas, ao contrário do mito grego, também disseminou relevantes conquistas para o desenvolvimento da humanidade, como, por exemplo, a apreensão de uma nova ótica, pautada nas luzes da racionalidade moderna.

Desmi(s)tificar a modernidade torna-se tarefa importante, mas não suficiente. Faz-se necessário o resgate daquilo que ela oferece como renovação contínua em uma interminável conjugação de relações textuais baseadas em Berman, Rouanet, Bauman e Lövy.

São Bernardo, intertextualidade possível no trato de questões como voz e escrita, ordem e racionalidade, discurso e poder, surge como caixa de ressonância das reflexões empreendidas. O texto literário oferece-se como “trapaça salutar”, “a língua fora do poder, no esplendor de uma revolução permanente da linguagem” (Barthes, 1997).

 

...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos