ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS EM SALA DE AULA

Sigrid Gavazzi (UFF)
Milena Maximo (UFF)

 

Uma das grandes preocupações do professor de língua portuguesa, especialmente no Ensino Médio, é o fato de ter de ensinar seus alunos a redigirem textos sob a modalidade argumentativa, mais solicitada em provas tipo “Vestibular” e nas próprias Universidades que virão a cursar.

Os manuais didáticos, então, procuram suprir a atividade docente com a solicitação de dissertações, com temas diversos. No entanto, quase sempre se pautam pela estrutura argumentativo-dissertativa canônica, ou seja, um texto em que o aluno exponha suas idéias em ordem lógica de pensamento, ou seja, por meio de três ou quatro parágrafos que traduzem seu pensamento: a introdução, um ou dois desenvolvimentos e a conclusão.

De fato, esse é o objetivo. Entretanto, para alcançá-lo alguns recursos devem ser alicerçados, sempre na busca de um melhor entendimento do tecer argumentativo. Nesse vetor, muitas estratégias têm sido ventiladas e constituem, geralmente, mecanismos válidos no aprendizado textual discente.

Nossa proposta, então, neste artigo, é oferecer ao corpo docente – por meio de um texto argumentativo-dissertativo clássico (um “artigo de opinião”) – algumas estratégias para que o ensino de redação se torne mais profícuo – inclusive porque oferece mais uma opção para determinada(s) aula(s). Assim, após a leitura do referido artigo, listamos ALGUMAS ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS utilizadas pelo editor (responsável pelo texto) para o convencimento e a persuasão do leitor. O objetivo esperado é que o descortinamento de tais mecanismos possibilite um melhor entendimento do tessitura deste tipo de texto, despertando, no aluno, mais interesse e, em decorrência,o convite para que ele também se sinta mais à vontade no domínio dos referidos mecanismos, colocando-os em prática em seus próprios textos em sala de aula.


 

Comecemos, portanto, com a leitura do texto:

DOENTES IMAGINÁRIOS

Luiz Garcia

 

Desatenta, a Organização Mundial de Saúde ainda não botou a boca no mundo sobre uma pandemônica pandemia que aflige homens públicos brasileiros.

Que doença é essa? É uma enfermidade com sintomas variados; muda de pessoa para pessoa, mas o efeito é sempre o mesmo: impede os enfermos de prestarem contas de seus atos em comissões parlamentares, delegacias e tribunais. Qual seu nome? Atende pelo nome de “atestado médico”.

Às vezes, além de que impunidade, o tal “atestado” produz vantagens. No ano passado, por exemplo, o deputado federal José Jatene (PP-PR) escapou de prestar depoimento sobre sua participação no chamado “mensalão” graças a continuadas licenças médicas, que culminaram numa generosa aposentadoria por invalidez. Nunca foi examinado por uma junta médica independente.

Mais exemplos, de um ano para cá:

1. O deputado Carlos Nader (PL-RJ): conseguiu não depor no Conselho de Ética da Câmara, onde era acusado de participar da máfia das ambulâncias. Uma clínica do Vale do Paraíba afirmou que ele sofria de “depressão profunda grave”.

2. O ex-ministro Antonio Palocci escapou de um depoimento na Polícia Federal – no famoso caso do jardineiro inocente - alegando estresse. Seu caso é especial: sequer entregou atestado médico. Foi tudo no beiço mesmo.

3. O deputado João Caldas (PL-Alagoas) livrou-se de um depoimento complicado graças ao diagnóstico de “estresse grave, hipertensão e diabetes”. Nada disso impediu que, no mesmo dia, circulasse, pimpão, pelos corredores da Câmara. Caso parecido com o do deputado Cleuber Carneiro (PTB-MG), oficialmente vítima de insuficiência cardíaca.

4. O caso mais recente é o do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina. Entre outras provas de comportamento peculiar, existe a gravação de um telefonema em que anuncia a um empresário que votaria a seu favor no julgamento de um habeas corpus. Medina tentou a manobra do atestado médico para justificar um “afastamento temporário” do tribunal – mas está mesmo na geladeira (com vencimentos integrais, naturalmente) até o fim das investigações.

Não é complicado regenerar o atestado médico, quando destinado a influir em investigações criminais. Basta exigir que seja emitido por profissionais sem ligações pessoais ou profissionais com a pessoa examinada.

Será precaução óbvia, natural, indispensável. Nenhum médico se ofenderá. Só os doentes imaginários sairão perdendo.

(O Globo, 8 de maio de 2007, p. 7, com adaptações)

 

O artigo acima apresenta, de forma bastante contundente, a problemática do uso indevido de atestados médicos por homens públicos desonestos, que alegam problemas de saúde para não serem investigados por seus atos ilícitos. Como tese (opinião a ser defendida), propõe a minimização do problema se os atestados passarem a ser emitidos por juntas médicas isentas e realmente responsáveis pelos diagnósticos.

Ora, um artigo de opinião é um gênero textual que se apóia no modo de organização discursivo denominado “argumentativo”: expor determinadas idéias, defendendo-as por meio de recursos com teor de argumentatividade.

Que recursos encontraríamos, então, no texto sob análise?

 

1.        NO ÂMBITO DA MORFOSSINTAXE

Destaca-se o uso de

1ª) TEMPOS/MODOS VERBAIS, normalmente voltados para ratificar a VERACIDADE de fatos e/ou opiniões. O autor trabalha, então, na visão triangular presente x pretérito x futuro.

Assim, o PRESENTE DO INDICATIVO indica que, além de os fatos ocorrerem freqüentemente

É doença com sintomas variados; muda de pessoa para pessoa, mas o efeito é sempre o mesmo: impede os enfermos de prestarem contas de seus atos em comissões parlamentares, delegacias e tribunais. / Às vezes, além de que (sic) impunidade, o tal “atestado” produz vantagens), o autor a eles imprime grau de CERTEZA (existe a gravação de um telefonema em que anuncia a um empresário que votaria a seu favor (...) / Não é complicado regenerar o atestado médico (...). Basta exigir que seja emitido por profissionais sem ligações pessoais ou profissionais com a pessoa examinada).

O mesmo grau de asseveridade também é registrado no uso do PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO - fato passado e concluído também possui teor de verdade.

No ano passado, por exemplo, o deputado federal José Jatene (PP-PR) escapou de prestar depoimento sobre sua participação no chamado “mensalão” graças a continuadas licenças médicas, que culminaram numa generosa aposentadoria por invalidez. Nunca foi examinado por uma junta médica independente. / O ex-ministro Antonio Palocci escapou de um depoimento na Polícia Federal (...) alegando estresse. / O deputado João Caldas (PL-Alagoas) livrou-se de um depoimento complicado graças ao diagnóstico de “estresse grave, hipertensão e diabetes”.

A noção de certeza também é atribuída a fatos futuros, pelo uso do FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO, (em contraste com o que ocorre no presente):

Será precaução óbvia, natural, indispensável. Nenhum médico se ofenderá. Só os doentes imaginários sairão perdendo.

O editor vai-se utilizar, ainda, de verbos na terceira pessoa do singular, a fim de tornar sua argumentação menos pessoal. O recurso aposta na eficiência textual do distanciamento do locutor, que, assim, poderá analisar os fatos ou situações com maior logicidade e cognição.

 

2ª) CONECTORES, no estabelecimento de relações de causa e efeito, que facilitam a leitura do texto e, concomitantemente, pelo estrutura subordinativa, “amarram” o argumentos elencados pelo autor na comprovação dos resultados desastrosos para o combate à impunidade provocados pelos “doentes imaginários”: Observem-se os exemplos:

O deputado Carlos Nader (PL-RJ): conseguiu não depor no Conselho de Ética da Câmara, onde era acusado de participar da máfia das ambulâncias [efeito]. Uma clínica do Vale do Paraíba afirmou que ele sofria de “depressão profunda grave”[causa]. / O deputado João Caldas (PL-Alagoas) livrou-se de um depoimento complicado [efeito] graças ao diagnóstico de “estresse grave, hipertensão e diabetes” [causa].

 

3º) ARTIGOS INDEFINIDOS: à indefinição dessa classe gramatical soma-se a intenção precípua de marcar o desprestígio de determinada clínica, sem nome nem endereço certo, já que prestou sua contribuição para a manutenção da impunidade parlamentar, criticada pelo redator. Observe-se:

Uma clínica do Vale do Paraíba afirmou que ele sofria de “depressão profunda grave” (o nome, na verdade, não deve importar muito).

Ou, ainda, de ironizar uma expressão um tanto quanto estranha aos ouvidos do locutor, referindo-se à “doença grave” que só os políticos têm:

...ainda não botou a boca no mundo sobre uma pandemônica pandemia que aflige homens públicos brasileiros.

 

4º) Na ENUMERAÇÃO de adjetivos, confirmando, pela repetição/pelo ritmo, a opinião do autor, consubstanciada na teor de qualificação evocado pela referida classe gramatical.

Será precaução óbvia, natural, indispensável (= Será precaução óbvia, daí, natural, logo, indispensável)

 

5º) No confronto entre PERÍODOS LONGOS E CURTOS – estes últimos em conformidade com a tese do autor.

Basta exigir que seja emitido por profissionais sem ligações pessoais com a pessoa examinada

X

Nenhum médico se ofenderá. // Só os doentes imaginários sairão perdendo

 

2.        NO ÂMBITO DA PONTUAÇÃO

A- PONTO DE INTERROGAÇÃO: marca sobretudo, na dissertação, as chamadas “perguntas retóricas”. O argumentador delas se vale para chamar a atenção de seus interlocutores, instigando-lhes a curiosidade: emite a questão para ele mesmo respondê-la, conseguindo, assim, uma adesão inicial mais rápida para a tese que vai defender. Exemplo:

Que doença é essa? É uma enfermidade com sintomas variados; muda de pessoa para pessoa, mas o efeito é sempre o mesmo: impede os enfermos de prestarem contas de seus atos em comissões parlamentares, delegacias e tribunais

 

B- TRAVESSÃO, DOIS PONTOS ou PARÊNTESES: recursos comuns à argumentatividade moderna, enfatizam comentários, normalmente irônicos, traçando uma linha paralela, autonímica, com o texto primeiro. Funcionam, pois, como uma segunda “voz” que adiciona uma comentário complementar. Veja-se:

O ex-ministro Antonio Palocci escapou de um depoimento na Polícia Federal – no famoso caso do jardineiro inocente - alegando estresse. Seu caso é especial: sequer entregou atestado médico. Foi tudo no beiço mesmo.

Ou:

(...) Medina tentou a manobra do atestado médico para justificar um “afastamento temporário” do tribunal – mas está mesmo na geladeira (com vencimentos integrais, naturalmente) até o fim das investigações.

 

C- ASPAS: demonstram claramente que o autor está introduzindo discurso de outrem, com o qual ele necessariamente não concorda:

Uma clínica do Vale do Paraíba afirmou que ele sofria de “depressão profunda grave”.

Ou:

Às vezes, além da impunidade, o tal “atestado” produz vantagens”

 

3.        NO ÂMBITO DO VOCABULÁRIO

a) Criação de CAMPO SEMÂNTICO específico: há ampla utilização de vocabulário nominal para compor o campo semântico “doença”, que perpassa todo o texto, a começar pelo próprio título, “Doentes imaginários”. Ao termo “doentes”, juntam-se:

Organização Mundial de Saúde; pandemia; doença; sintomas; efeito; enfermos; manifestação visível; atestado médico; licenças médicas; invalidez; junta médica; clínica; máfia das ambulâncias; depressão profunda grave; estresse; diagnóstico; hipertensão; diabetes; vítima; insuficiência cardíaca; afastamento temporário; médico.

b) Graus de FORMALISMO

O editor faz uso de palavras e expressões coloquiais – em meio a um texto que se deseja formal, aliás, como costuma ocorrer com artigos desta espécie - para criar efeitos de ironia e de humor. Tomem-se, como exemplos, os seguintes excertos:

Desatenta, a Organização Mundial de Saúde ainda não botou a boca no mundo sobre uma pandemônica pandemia que aflige homens públicos brasileiros. / Nada disso impediu que, no mesmo dia, circulasse, pimpão, pelos corredores da Câmara. / Foi tudo no beiço mesmo.

Em contrapartida, nota-se a preocupação com o formalismo sintático-vocabular para a enunciação final da tese defendida – com isso, afere-lhe grau de importância, imprime-lhe credibilidade:

Não é complicado regenerar o atestado médico, quando destinado a influir em investigações criminais. Basta exigir que seja emitido por profissionais sem ligações pessoais ou profissionais com a pessoa examinada. Será precaução óbvia, natural, indispensável. Nenhum médico se ofenderá. Só os doentes imaginários sairão perdendo.

 

4.        SELEÇÃO VOCABULAR

1) Na área dos VERBOS

Todos os verbos escolhidos para indicarem as ações dos parlamentares envolvidos indicam carga semântica negativa, praticamente igualando-os a meliantes comuns, ratificando a ilicitude de seus atos:

 deputado Carlos Nader (...) conseguiu não depor....

“O ex-ministro Carlos Palocci escapou de um depoimento...

O deputado João Caldas (...) livrou-se de um depoimento complicado...

Medina tentou a manobra do atestado médico...

 

2) Na AMPLIAÇÃO DO SIGNIFICADO de determinados vocábulos

Veja-se o exemplo:

Entre outras provas de comportamento PECULIAR, existe a gravação de um telefonema em que anuncia a um empresário que votaria a seu favor no julgamento de um habeas corpus.

O termo em destaque pode ser encontrado, de modo geral, nas acepções de “diferente” ou de termos em equivalência sinonímica. Empregado como está, seu sentido caminha mais para “questionável” porque “desonesto” A ironia gerada por esse uso mais ampliado descredibiliza ainda mais o deputado – suas ações (nada louváveis) configuram seu comportamento, ilegítimo para um parlamentar eleito democraticamente pelo povo.

 

5.        NO ÂMBITO DO TIPO DE ARGUMENTO
E DO DOMÍNIO ARGUMENTATIVO PREPONDERANTE

A teia argumentativa desenvolvida apóia-se nos argumentos de ALUSÃO HISTÓRICA (utilizando, para tal, excertos narrativos), ressaltando o domínio argumentativo do EXEMPLO.

No ano passado, por exemplo, o deputado federal José Jatene (PP-PR) escapou de prestar depoimento sobre sua participação no chamado “mensalão” graças a continuadas licenças médicas, que culminaram numa generosa aposentadoria por invalidez. Nunca foi examinado por uma junta médica independente.

Claro é que as estratégias argumentativas – passíveis de serem discutidas com o aluno e para ele repassadas – são inúmeras. Entretanto, mostram-se sempre instigantes quando aliadas à compreensão de um texto. Levantando tais recursos, temos a impressão de que estamos “descobrindo” como o texto foi escrito, explorando-o mais meticulosamente as pistas que ele fornece, entrando no campo das artimanhas argumentativas do autor. É nesse descortinar de recursos que aplicamos a própria gramática ensinada em sala de aula. E mais: auxiliamos o aluno, dando-lhe ferramentas interpretativas e redacionais. Fica, então, nossa sugestão, como um suporte a mais para a prática docente.

Exercícios de aplicação – incluindo outros textos e técnicas – serão ministrados no minicurso.

 

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