A configuração do leitor da Folha Universal[1]

Reinaldo Aparecido dos Santos (FIMI)

 

Introdução

Se a instituição jornalística não funciona se não tem leitores, pode-se considerar que a finalidade de todo veículo de comunicação é, de certa forma, atrair ‘consumidores’. Isso pode ficar ainda mais explícito quando se trata de um veículo impresso vinculado a uma instituição religiosa. Esse é o caso da Folha Universal (FU), jornal veiculado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), com tiragem aproximada de 1,5 milhão semanalmente. Trata-se de um jornal em formato tablóide que tem distribuição gratuita nas próprias igrejas, pontos comerciais e pelos fiéis.

Daí que, conforme afirma Mariani (1998), todo jornal noticia para segmentos determinados da sociedade, produzindo para uma imagem de leitor suposta a tal segmento. Assim sendo, essa imagem pode ser depreendida na própria prática do discurso jornalístico: no ‘como se diz’ já se encontra embutido o ‘quem vai ler’. Por isso a finalidade deste trabalho é analisar, sob a ótica da Análise de Discurso de linha francesa, como se configura a imagem do leitor através das projeções imaginárias de sucesso e fidelidade pela FU, que organiza seu discurso religioso através de uma textualidade jornalística.

Antes de entrar na questão do discurso religioso, há de se retomar a questão das formas do discurso. Nos discursos polêmico e lúdico, em que a polissemia não está contida, ocorre a reversibilidade. A noção de reversibilidade apresentada por Orlandi (1996) é a de que há uma troca de papéis na interação que constitui o discurso e que o discurso constitui, ou seja, locutor e ouvinte não têm lugar fixo e, durante o processo discursivo, um é definido pelo outro, e, na sua relação, definem o espaço da discursividade. É a reversibilidade a condição do discurso.

   Entretanto, se tratando de um discurso autoritário, não há uma reversibilidade, visto que o mesmo tende à monossemia ou ao estancamento da polissemia. Assim, o que sustenta esse discurso é a ilusão da reversibilidade. Não há uma reversibilidade no discurso religioso porque diante dos sujeitos religiosos existe um único Sujeito absoluto: Deus é o Sujeito e os homens são os seus interlocutores-interpelados, os seus espelhos, os seus reflexos (Orlandi, 1996). O sujeito é submetido ao Sujeito e reconhecido pelo Sujeito. Como o Sujeito deve falar através do sujeito, no discurso religioso funciona a onipotência do silêncio divino, pois o homem vai precisar “desse lugar, desse silêncio, para colocar uma sua fala específica: a de sua espiritualidade” (ORLANDI, 1997), e “no discurso religioso, em seu silêncio, ‘o homem faz falar a voz de Deus’” (Idem).

  Por isso, haverá um desnivelamento na relação entre locutor (plano espiritual, o Sujeito, Deus) e ouvinte (plano temporal, os sujeitos, os homens), em que o plano espiritual domina o temporal. Desta forma o sujeito, ao fazer falar o Sujeito, não possui autonomia nenhuma sobre o discurso, pois o “representante da voz de Deus não pode modificá-la de forma alguma”. Destarte,  há no discurso religioso uma ilusão de reversibilidade, uma vez que há um desnivelamento entre locutor (Sujeito) e ouvinte (sujeito) em que se sobrepõe o plano espiritual ao plano temporal.

Através dos mecanismos de antecipação - em que “um dos protagonistas pode representar imaginariamente aquilo que seu interlocutor pretende dizer ou espera que ele diga etc., enfim, um protagonista pode se colocar na posição do outro e ‘ajustar’ ou guiar sua produção a partir disso” (MARIANI, 1998) - será abordado o lugar ocupado pelo leitor da Folha Universal e como o mesmo se configura.

   Para destacar a imagem de uma posição-leitor, serão abordados três aspectos nos quais é possível situar fatores que estabelecem uma relação de identidade do jornal com seus leitores: as formações imaginárias que sugerem as relações de força da posição-Sujeito, no caso a posição dada aos bispos como representantes do falar da voz de Deus; a forma como o jornal faz falar a voz do leitor conforme se encontra na editoria “Aconteceu na Universal” com o quadro “Ó Deus, não se esqueça que sou dizimista fiel”; a interlocução direta, que se refere ao lugar do diálogo com o leitor, que pode ser observada através da seção “Editorial”; e os processos discursivos para a significação de sucesso. O recorte estabelecido ficou sobre as edições dos meses de agosto, setembro e outubro de 2006.

 

O lugar dos representantes da voz de Deus

Considerando que os sentidos não são indiferentes à matéria significante e que essa matéria afeta o gesto de interpretação (ORLANDI, 1998), serão analisados agora os efeitos de sentido produzidos pela disposição gráfica que Folha Universal dá aos dizeres dos bispos da IURD no quadro “Frases”, que se situa na página 02 do jornal, logo acima do “Editorial” e ao lado da coluna “Bispo Edir Macedo”, conforme se vê nos anexos.

O quadro “Frases” ocupa um espaço de três colunas por 10 cm de altura no alto da página 02. A cada edição ele apresenta quatro frases de bispos e de personalidades que marcaram a história – duas de cada, para ser mais preciso. Esse tipo de quadro é comum principalmente em revistas, as quais trazem frases ditas recentemente por pessoas de prestígio social de áreas artísticas, políticas etc.

No caso da FU, o quadro em questão traz falas de personalidades históricas já falecidas juntamente com as falas dos bispos que ainda se encontram em atividade. Entretanto, não caberá aqui se referir aos dizeres embutidos nas falas do quadro, mas sim observar como sua predisposição gráfica traz determinadas significações àqueles que ‘fazem falar a voz de Deus’, ou seja, aos bispos que constituem a prática discursiva religiosa encontrada no jornal.

Em todas as edições da Folha Universal pesquisadas foi constatado que, das quatro frases que compõem o quadro, as duas relacionadas aos bispos da Igreja sempre estão acima das outras duas. Acima à esquerda está a do Bispo Edir Macedo - principal líder da instituição - e, ao seu lado, a frase do Bispo Romualdo Panceiro. Abaixo das duas frases estão as das personalidades históricas (que podem ser filósofos, escritores, políticos, pintores, cientistas etc).

Tendo como exemplo as edições dos dias 06 e 20 de agosto (veja anexos), observa-se que as frases do Bispo Edir Macedo e do Bispo Romualdo Panceiro estão acima das frases de “William Shakespeare – dramaturgo e poeta inglês” e “Roosevelt – ex-presidente dos EUA” na edição do dia 06, e acima de “Leonardo Da Vinci – artista plástico e escritor italiano” e “Sócrates – filósofo grego” na do dia 20.

Ao serem colocados num mesmo quadro de pessoas que são lembradas pelo grande intelecto e feitos que realizaram em vida, o efeito de sentido causado é o de que todos são da mesma importância histórica, pois são parte de um mesmo todo de pessoas que podem mudar ou mudaram o curso da História. Dessa maneira, por essas relações de força, suas falas poderão valer mais que a de outro ‘homem comum’.

Se se parte da premissa de que o que vem primeiro, de que o que vem acima, é sempre o mais relevante do ponto de vista de constituição gráfica de todo jornal, pode-se perceber que o resultado das disposições das frases adotadas pela FU é de um efeito de sentido que demonstra que quem tem maior importância, que quem tem um discurso mais relevante é aquele que ‘faz falar a voz de Deus’, aquele que é capaz de representá-lo numa situação dada e em determinadas condições de produção. Assim, ao colocar os bispos acima de homens mortais, colocam os também na posição de Sujeito e que ao falarem não possuem uma autonomia sobre seu discurso: é Deus, em verdade, quem por eles fala.

Evidencia-se com essa constituição gráfica utilizada pelo tablóide justamente a questão do não nivelamento entre os discursos. Fica implícito, em relação à estrutura do quadro, que o plano espiritual está acima do plano temporal. Enfim, há uma comparação simbólica que permite dizer que toda vez que um bispo for falar na Folha Universal, a ele estará impetrado o lugar que constitui o seu dizer, isto é, nas relações de força que constituem as formações imaginárias, os bispos falarão de um lugar em que suas palavras têm uma autoridade pré-determinada sobre os fiéis, quer dizer, falarão de um lugar que suas palavras significarão de modo diferente do que se falassem da posição-jornal.

Sendo assim, a ilusão de reversibilidade estará presente a cada vez que o bispo falar, pois, numa relação de forças, ele será o Sujeito, a voz de Deus, o plano espiritual, a autoridade divina representada em um homem mortal que, por seus feitos e dizeres, está no mesmo lugar que os homens tidos como os mais importantes da História, mas ainda assim em níveis diferentes: estão num patamar acima deles em função da autoridade que possuem.

Decorre daí o fato do sujeito-Folha Universal sofrer uma hierarquização em seu discurso. O jornal fala ao ouvinte enquanto meio de comunicação, enquanto informador submetido a uma textualização jornalística que induz a uma discursividade jornalística, mas tem a si sobreposto a prática discursiva religiosa, oriunda das vozes de autoridade dada aos bispos no decorrer do periódico.

 

A voz do leitor no jornal

O título do quadro da página 09, que compõe a editoria “Aconteceu na Universal”, contém algumas particularidades na constituição de seus sentidos que são relevantes, que são fatores determinantes das condições de produção e na constituição dos sentidos que configuram o leitor do jornal. O quadro é:

“Ó Deus, não se esqueça que eu sou dizimista fiel”

Inicialmente, vale ressaltar que tal escrito vem impresso entre aspas, com letras vermelhas sob um fundo bege. Não há nenhuma outra seção ou coluna da Folha Universal que seja apresentada em fonte vermelha. Veja, por exemplo, no anexo do dia 20 de agosto de 2006.

O vermelho é uma das cores mais chamativas. Ela traz à memória o sentido de “alerta!”, “cuidado!”, “atenção!”, “pare!”, “importante!”. Tanto que duas das maiores instituições capitalistas do mundo, Mac Donald’s e Coca-Cola, têm em suas marcas a cor vermelha para que sejam destacadas de outras empresas, para chamar mais atenção. Considere-se, portanto, que ao destacar o nome do quadro da página em cor vermelha é dado ao dizer desse nome e às subseqüentes matérias uma importância acima das demais para o jornal.

A coluna “Ó Deus, não se esqueça que eu sou dizimista fiel” conta com matérias sobre fiéis que obtiveram sucesso e prosperidade graças à Igreja e ao fato de serem dizimistas regulares. As matérias em si e as peculiaridades dos sentidos nelas produzidos serão analisadas adiante.

Retornando à exposição analítica, além do vermelho outro item importante na constituição dos sentidos do nome do quadro da página da editoria “Aconteceu na IURD” são as aspas. Quando é colocado tal sinal lingüístico, a voz do jornal torna-se a voz daquele que lê. Ocorre que as projeções imaginárias que o jornal faz de seu leitor dá a ele sua própria fala através da simulação de sua voz; é como se o próprio leitor estivesse dizendo tais palavras.

Para tanto, para significar o leitor à maneira como ele é ou deveria ser, a FU vai significá-lo como aquele que tem fé. E, se quem tem fé é quem freqüentemente ora, o dizer desse leitor deve ser compatível ao de uma oração. Ao usar o vocativo “Ó Deus”, o clamor evidente pelo ser divino demonstra que a função-autor do sujeito-jornal, fazendo-se valer da posição-leitor, inicia uma oração, oração no sentido de prece.

Nessa prece, além do vocativo, outro aspecto singular é o verbo “esquecer” no modo imperativo. Se aquele que ora é aquele que tem fé, então ele deve mostrar força, firmeza, ao dirigir-se a Deus. Diante de uma ilusão de reversibilidade como a encontrada nesse caso, é possível dizer que o interlocutor, que imagina falar ao que é divino de forma nivelada, é apontado como o sujeito fiel através dessa fala como aquele que tem coragem por ter fé, por orar, por conduzir-se a Deus ‘olhando nos olhos’, de cabeça erguida. E o que lhe dá tal posição? Ser tido como um dizimista fiel. 

Para observar como se significa o dizimista fiel, retomar-se-á a afirmação de Eni Orlandi (2005) de que a paráfrase é a matriz do sentido, pois não há sentido sem repetição, sem sustentação no saber discursivo e, por ela, em todo dizer há sempre algo que se mantém: o dizível, a memória. Por isso será utilizado o recurso parafrástico para situar o efeito metafórico do título em discussão.

Ao tirar o vocativo da formulação, a mesma perde o caráter de prece como se vê em: “Se sou dizimista fiel, Deus não esquecerá de mim”. Se ganha, ao explorar uma outra discursividade possível, o interdiscurso, o caráter de hipótese nessa primeira construção parafrástica. Encontrando uma paráfrase que traz a idéia de conclusão, se tem: “é dando dízimo fielmente que Deus vai se lembrar de mim”. Com os dizeres nessa formulação, há o sentido de que para ser lembrado por Deus existe uma condição específica que é dizimar. Transpondo o sentido de que ser dizimista é dar dinheiro à Igreja, chega-se ao seguinte ponto de pré-construído: “se fielmente dou dinheiro à Igreja, Deus não se esquece de mim”. Dentro dessa condição é que a formulação que possui caráter de oração vai ser desenvolvida para atuar como chamariz do quadro o qual, semanticamente, confirma tudo o que nela diz ao tratar justamente de pessoas que, uma vez que seguiram tal condição, foram lembrados por Deus no plano espiritual e tiveram prosperidade no plano temporal.

Se na relação discursiva são as imagens dos sujeitos que constituem as diferentes posições, ao intervir a antecipação surge um jogo imaginário que inclui a “imagem que locutor faz da imagem que seu interlocutor faz dele e a imagem que o interlocutor faz da imagem que ele faz do objeto do discurso” (ORLANDI, 2005). Assim, pelo mecanismo da antecipação, a Folha Universal coloca-se na posição do leitor para configurá-lo de acordo com a imagem que tem dele: um fiel que, por devolver o dízimo regularmente, é uma pessoa santificada e que terá um lugar junto a Deus tanto no plano temporal quanto no espiritual.

 

Diálogo com o leitor: os editoriais

Retornando à afirmação de que na prática do discurso jornalístico, no ‘como se diz’, está intrínseco ‘quem vai ler’, optou-se fazer uma análise dos editoriais da Folha Universal. São nos editoriais que se reserva espaço ‘legalizado’ para a opinião do jornal e, através dos mecanismos de antecipação, poderá se ver como os efeitos de sentido produzidos pelo periódico poderão contribuir na configuração do leitor.

Foram selecionados excertos de textos que constituem o corpus a ser analisado e que servirão como exemplares da discursividade contida nos editoriais do veículo de comunicação impressa – Folha Universal – que é o espaço reservado exclusivamente para opinião do jornal, onde se tem de fato a oportunidade de se falar diretamente com o interlocutor. O primeiro recorte segue abaixo.

(1) “Como é lamentável, e a realidade está cheia de exemplos constrangedores, uma pessoa ser discriminada em seu ambiente de trabalho. Homens e mulheres, desde que não firam a ética e a moral dos outros, têm o direito de enveredar por este ou aquele caminho. Não há dinheiro que pague a humilhação que sofremos ao sermos estigmatizados por esta ou aquela escolha, sobretudo diante de uma platéia zombeteira. Somos livres para escolher nossa religião; e não podemos permitir que a cor de nossa pele seja motivo de escárnio para gente maldosa.

E, francamente, como poderemos avaliar de forma racional uma situação se partirmos de pressupostos, conjecturas e preconceitos? Portanto, antes de rotularmos o comportamento dos nossos semelhantes, devemos verificar se não estamos sendo preconceituosos.

“Devemos respeitar para sermos respeitados”, diz o ditado. É necessário estarmos alertas para não sermos preconceituosos, afinal, com a mesma medida que julgarmos seremos julgados. E o preconceito, só para lembrar, é um dos disfarces da discriminação.”

(“Preconceito fere dignidade”. Folha Universal, 27 de agosto de 2006, p. 02 [veja anexo)

Ao utilizar a primeira pessoa do plural em formulações como “não há dinheiro que pague a humilhação que sofremos ao sermos estigmatizados por esta ou aquela escolha” ou “somos livres para escolher nossa religião”, a Folha Universal coloca como falantes além dela própria todos fiéis que sofrem preconceito porque participam de uma religião que não é a maior do país, ou seja, que fizeram uma escolha que não é a mesma escolha da maioria. Sendo assim, produz uma imagem de excluído àquele que pertence à IURD, pois podem potencialmente tornarem-se “motivo de escárnio para gente maldosa”.

Na verdade, falando conjuntamente a seu leitor, o jornal coloca-o num lugar não necessariamente de exclusão, mas num lugar singular que é o lugar do fiel que sofre com o preconceito mundano, mas faz sua fortaleza na Igreja que outros satirizam. Tanto que, ao formular o discurso em tom de aconselhamento – ao qual se inclui – em “é necessário estarmos alertas para não sermos preconceituosos”, coloca que o leitor, embora seja vítima na maioria das vezes, ainda pode ser o agente do preconceito por não ter informação, por não estar alerta às formas em que pode exercer uma possível discriminação.

Esse leitor, que não tem informação, oriundo provavelmente das classes sociais mais baixas, independente de ter acesso ou não a meios de comunicação ou a fontes de conhecimento, é também configurado nas formulações discursivas encontradas em editorias da Folha Universal. Isso pode ser constatado no recorte (2):

(2) “Hoje esse tempo faz parte da história. Nos jornais a maioria das notícias são ruins. A violência, em suas centenas de caras, nos faz temer o presente e, às vezes, nos tira a esperança de um futuro melhor. As pessoas conversam online, não mais olhos nos olhos, e, lamentavelmente, é raro ver cadeiras nas calçadas. Hoje é orkut, são emails...

As crianças já não brincam nas ruas e são vítimas, por falta de exercícios, da obesidade e de doenças cardiovasculares. Seus pais, na luta pelo pão de cada dia, sofrem todas as pressões, e não contam como o sentimento nobre da solidariedade, do velho e bom calor humano. É preciso resgatar o amor ao próximo antes que o próximo desapareça”.

(“Por onde anda a solidariedade”. Folha Universal, 06 de agosto de 2006, p. 02 [veja anexo])

A primeira oração desse recorte remete a elementos de um passado discutido nos parágrafos anteriores (veja o editorial na íntegra nos anexos). Quando o dizer sobre o presente é retomado, diz-se que “as pessoas conversam online, não mais olhos nos olhos, e, lamentavelmente, é raro ver cadeiras nas calçadas” opondo então as formas de se conversar de hoje e de antigamente.

Ao utilizar o advérbio de modo ‘lamentavelmente’ para distinguir a falta de cadeiras nas calçadas onde as pessoas antigamente conversavam, o efeito de sentido desliza, devido ao antagonismo entre as formas de comunicação do passado e do presente, para um lamento acerca do fato das pessoas conversarem online. É nesse sentido de lamento que as reticências utilizadas na oração “hoje é orkut, são emails...” vão resultar: as novas tecnologias de comunicação são lamentáveis, questionáveis, pois distanciam o homem de seu próximo, distanciam o homem do sentimento de solidariedade.

Assim, quando diz que “é preciso resgatar o amor ao próximo antes que o próximo desapareça”, ao bater taxativamente sobre a questão do próximo, de reaproximar o próximo, paralelamente incita, como resultado do efeito metafórico, o distanciamento dos aparatos tecnológicos onde estão incluídos os já citados orkut e emails. Coloca seu leitor, então, em um lugar em que busca o afastamento da internet em prol do resgate do “sentimento nobre da solidariedade”.

Num apanhado geral, configura-se então o sujeito-leitor do jornal Folha Universal como aquele fiel que tem nos bispos a representação da voz de Deus e, além disso, são tão importantes quanto às personalidades mais importantes da História, mas estão acima deles pois têm ligação com o que é divino. O sujeito-leitor se significa como o dizimista fiel que ocupa um lugar santo perante Deus por sua fidelidade, porém, pode ser vítima de exclusão por sua opção religiosa, classe social ou cor de pele. Ele também não tem nas novas tecnologias de comunicação a melhor forma de aproximar o homem a seu próximo, optando pelo saudosismo do contato “olhos nos olhos”.

Ao falar das novas tecnologias, o leitor é interpelado num lugar em que a FU mostra que os comportamentos dos sujeitos devem ter frente a questões do mundo moderno. Como situa uma posição moral e religiosa frente aos avanços técnico-científicos, configura o lugar do leitor. Encontra-se aí um processo discursivo do jornal, que pode ser localizado não somente neste recorte, mas também em outros dentro dos “Editoriais”. É que nesse recorte vem a questão do orkut, do e-mail, mas em outra edição pode-se tratar sobre a televisão, rádio, cinema, embora o processo discursivo possa continuar sendo o mesmo.

 

A projeção imaginária do sucesso

Se em determinado momento a Folha Universal coloca o próprio fiel da IURD como um sujeito muitas vezes vítima de exclusão social por sua opção religiosa, por sua classe social, pela cor de sua pele, em compensação ela também vai significá-lo como alguém que tem capacidade para encontrar o caminho certo para conquistar o sucesso e a prosperidade.

   Primeiramente, para notar como o periódico constitui sentidos de sucesso e prosperidade antes mesmo de o leitor entrar em contato com a textualização nele inserida, se faz necessária uma análise de sua prática discursiva imagética, que, nessa condição de produção, dá a visibilidade material aos fiéis que alcançaram a graça do sucesso.

A questão do desencadeamento de sentidos proporcionado pelas fotografias é constituinte do processo de reconhecimento do leitor em relação ao lugar que pode ocupar. Um exemplo pode ser extraído da página 09 da edição de 15 de outubro da Folha Universal (Anexo VIII), espaço reservado para a coluna “Aconteceu na Universal”. A presença de pessoas anônimas diante de suas conquistas materiais (o empresário em volta de suas funcionárias e as imagens da clínica que administra; o casal sorridente abraçado ou de mãos dadas diante de um belo carro estacionado à beira do mar) causa uma relação de identificação no sentido de que “se uma pessoa comum, que já sofreu como hoje eu sofro, consegue chegar lá, então eu também consigo”.

A relação de sentidos entre pessoa comum/sucesso pela fotografia é determinante na produção de sentidos e formulações textuais, pois a própria formatação das fotos, em que não é um momento que se é registrado – uma vez que se trata de fotos planejadas, posadas, pré-constituídas – mas sim um estado (um lugar), já delimita a que formação discursiva o discurso a ser textualizado na matéria está inserido.

Continuando, o ‘sucesso’, a ‘prosperidade’ para a Folha Universal situam-se numa interdiscursividade que remete à memória do ‘chegar lá’. São pessoas comuns, trabalhadores que, assim como o leitor, já sofreram angústias e hoje ocupam um lugar mais confortável, um lugar prestigiado. Retomando Mariani (1998), se o jornal tem a ilusão de possuir o papel de refletir uma realidade exterior a ele, com o recurso imagético vai fixar no leitor uma memória presente e futura determinante do efeito-leitor. Presente pelo sentido do lugar que está e do lugar que poderia estar, projetado imaginariamente pela relação de identidade que forma com a pessoa comum que se encontra na foto. Essa relação de identidade ainda constitui a memória futura de que o leitor também estará nesse lugar de sucesso, também vai ‘chegar’ lá.

Conclui-se nessa análise relacionada às fotografias do jornal que o sucesso pode ser estabelecido como um lugar, um estado, uma pose. Esse lugar também será significado como prosperidade. Enfim, ele vai ser relacionado a uma memória futura através de projeções imaginárias resultantes da relação de identidade pessoa comum/leitor.

 

A textualização do sucesso

Considerando que o sujeito-de-direito Folha Universal ocupa um espaço em que a dinâmica argumentativa tem mais que uma necessidade de mero convencimento, existe também a necessidade de ‘fazer apreciar’, isto é, além de fazer com que o leitor perceba que há sim um caminho para o ‘sucesso’, o jornal trabalha construindo sentidos para que o leitor aprecie lugar-sucesso, que o considere lugar de sua finalidade de vida, onde se realizam seus sonhos.

   Significar o sucesso também inclui a retórica da denegação. O não ao sucesso, que é o fracasso, deve ser negado para que finalmente se alcance o almejado lugar-sucesso. Assim como é preciso “perder-se para salvar-se”, é preciso “fracassar para fazer sucesso”.

   Entretanto, há elementos da formação discursiva à qual se filia a FU que delimitam os efeitos de sentidos aplicáveis ao significado de sucesso. Serão abordados agora quais são os sentidos constituintes do sucesso para o jornal de acordo com as especificidades de suas condições de produção. Primeiramente, para situar os constituintes dessa regionalização do interdiscurso, se trabalhará com dois recortes:

(1)“Fidelidade é sinônimo de prosperidade”

(...) - Cheguei a não ter como comprar arroz e o feijão para alimentar meus filhos. Eu já estava sem esperanças quando um ex-funcionário me levou à Igreja Universal. A partir daquelas palestras, além de recuperar minha auto-estima, aprendi sobre o dízimo. Compreendi que, assim como determina a Palavra, eu precisava ser fiel a Deus para que Ele pudesse também ser fiel comigo.

Foi assim que a empresária viu no hobby de infância a oportunidade de um novo negócio. Ela começou com um pequeno pet shop, na Vila Sônia (zona oeste), mas depois de seis meses o movimento cresceu tanto que Marlene vendeu aquele ponto para abrir uma loja maior, no Morumbi (zona sul).

- Com muita luta, trabalho e, principalmente, a minha fidelidade aos dízimos, tenho prosperado. Deus me abençoa a cada dia, e até o final do ano devo inaugurar mais um pet shop e também um instituto de beleza – testifica.”

(Folha Universal, 06 de agosto de 2006, p. 09 [veja anexo])

 

(2)Como alcançar sucesso e prosperidade

“(...) Entretanto, as pessoas bem-sucedidas aprendem a abrir a porta da prosperidade e do sucesso. Na Reunião dos 318, na Catedral da Fé (EQS 212/213), esse modo destemido de vencer é ensinado a todos os que desejam alcançar a vitória.

Dirigida pelo pastor Antônio Nogueira, a Nação Forte dos 318 é uma reunião para pessoas determinadas a mudar sua história e atingir a excelência em todos os sentidos.

Assim aconteceu como o empresário do setor automobilístico, José Lourenço Martins, 41 anos. Endividado, vendo sua empresa ir à falência, sem perspectivas, encontrou nessa reunião sua última porta.

Aconselhados por amigos, tomou a decisão de ir à Igreja Universal. Já em sua primeira reunião na Catedral da Fé, pôde sentir o poder de Deus que quebraria e destruiria suas atitudes de desânimo assim como a impotência diante da vida.”

(Folha Universal, 27 de agosto de 2006, p. 21 [veja anexo])

Atente-se para o título da matéria do recorte (1), que embora pareça dar um sentido praticamente literal, dicionarizado, não é assim tão transparente. Afinal de contas, que fidelidade é essa que se propõe a ter o mesmo sentido de prosperidade?

   Ao remontar os trechos em negrito do primeiro parágrafo, tem-se a seguinte formulação: “a partir daquelas palestras aprendi sobre o dízimo. Compreendi que eu precisava ser fiel a Deus para que Ele pudesse ser fiel comigo”. A segunda oração é resultado da primeira. A fidelidade de Deus depende da fidelidade a Deus, e tal compreensão só se tornou possível pelo fato de aprender sobre o dízimo. Na cadeia de dizeres possíveis nesta condição, constituída pela formação discursiva à sujeito-FolhaUniversal se filia, há o deslize de sentido de que saber sobre o dízimo resulta no aprendizado da ação a ser tomada para que Deus lhe seja fiel, sendo essa ação a fidelidade.

   Esse efeito metafórico é ressignificado ao se deparar com a formulação encontrada no último parágrafo do recorte, em que se encontra “com muita luta, trabalho e, principalmente, a minha fidelidade aos dízimos, tenho prosperado”. Desliza, assim, para o sentido de que a fidelidade a Deus se dá através da fidelidade ao dízimo. Observando o pré-construído de sentidos que a palavra ‘dízimo’ constitui através da memória discursiva do sujeito-leitor, se tem que ele é o tributo dado a uma igreja espontaneamente. Por isso, fidelidade ao dízimo resulta no efeito-leitor da fidelidade ao ato de dar tributos à igreja pela própria vontade.

   Em seguida, fazem-se os sentidos para a fidelidade divina. Enquanto o plano material é fiel com tributos, o plano divino é fiel com sucesso, prosperidade, realização pessoal, conquista material. Esses sentidos para as distintas fidelidades se materializam discursivamente com o testemunho “Deus me abençoa a cada dia, e até o final do ano devo inaugurar mais um pet shop e também um instituto de beleza – testifica”.

   Partindo do plano geral da estruturação do texto, no início do recorte (1) a fidelidade tem seu sentido condicionado à formação discursiva à qual o interlocutor se insere, ou seja, essa fidelidade a Deus que representa, na verdade uma fidelidade ao dízimo, só faz sentido na proporção strictu (ser fiel a Deus é ser fiel ao dízimo) àquele leitor que já possui um saber discursivo ligado à Igreja Universal. Para o leitor que não tem nos horizontes de seu interdiscurso essa formação discursiva, o início do recorte tem somente o sentido na proporção lato (ser fiel a Deus é ser fiel a Deus).

Atentando-se agora para o excerto (2), é selecionado outro trecho em negrito que constitui a significação de sucesso para a FU. “As pessoas bem-sucedidas aprendem a abrir a porta da prosperidade e do sucesso. E esse modo destemido de vencer é ensinado a todos os que desejam alcançar a vitória”. Conforme se significou no primeiro recorte, no interdiscurso da IURD e da FU tem-se o pré-construído de que existe um caminho até o sucesso e a prosperidade, que pode ser conhecido e aprendido, e esse caminho é a fidelidade a Deus, que se dá através da fidelidade ao dízimo. Quem aprende esse caminho são as pessoas ´bem-sucedidas’. Ao utilizar o verbo ‘aprender’ no presente do indicativo, situa que o aprendizado desse caminho é algo constante, não passageiro, tanto que, numa construção com ‘aprenderam’ no pretérito perfeito, os efeitos de sentido seriam diferentes: que é bem-sucedido aprendeu uma vez esse caminho para chegar onde está hoje. Por isso, o verbo no presente confirma que o caminho que ‘abre a porta da prosperidade e do sucesso’ é mais que um caminho definido, pois os caminhos têm um destino, um fim, uma chegada. Transporta-se então para o ato de dizimar a significação de um ‘modo destemido de vencer’, ou seja, algo permanente, contínuo.  O ‘modo’ refere-se na memória discursiva a uma atitude, atitude de ‘todos os que desejam alcançar a vitória’. E essa vitória é o lugar-sucesso.

Relembrando que na dinâmica argumentativa do discurso da FU quanto à questão do sucesso/prosperidade, foi dito anteriormente que além de convencer o leitor sobre o que cerca e estabelece o lugar-sucesso, o sujeito-Folha Universal também busca um ‘fazer apreciar’ para o mesmo. Vendo o recorte (3) e compreendendo os gestos de interpretação do sujeito se verá que a busca do ‘fazer apreciar’ está calcada em conquistas de cunho material:

(3) “Alcançou a prosperidade

Manaus/AM – A empresária Maria das Dores Moraes, 42, soube muito bem o eu é sofrer na vida profissional e financeira. Ela conta que sempre trabalhou muito para alcançar o sucesso, porém não obteve o êxito desejado.

(...)

Ao ouvir a programação da Igreja Universal na rádio, Maria decidiu participar de uma reunião e, a partir daquele dia, sua vida foi completamente transformada.

- Freqüentando os encontros, descobri o porque de tantos fracassos. Aprendi a importância de ser dizimista e coloquei em prática a minha fé inteligente. A clientela aumentou e o lucro também, com isso consegui quitar todas as dívidas. Em pouco tempo ampliei o salão e abri um outro. Hoje conto com uma equipe de 10 profissionais e ofereço serviços estéticos de altíssima qualidade. Conquistei uma casa confortável e carro. E sei que tudo o que alcancei foi fruto de minha lealdade da Deus – conclui.

(Folha Universal, 17 de setembro de 2006, p. 09 [Anexo XII])

Inicialmente, no primeiro trecho destacado do acima apresentado recorte (3), encontra-se, ao estabelecer uma paráfrase que “o sucesso não é alcançado só com trabalho”, e quem diz isso é alguém que sabe o que é “sofrer na vida profissional e financeira”. A retórica da denegação, sempre presente neste contexto discursivo da Folha Universal, mostra que, para se libertar do fracasso, negou a não-fidelidade a Deus aprendendo “a importância de ser dizimista” e praticando a “fé inteligente”. 

   É então que se faz o “fazer apreciar”. Com uma listagem das conquistas proporcionadas pela fidelidade a Deus e ao dízimo, ressalta as melhores coisas do lugar sucesso, que no recorte específico é ampliar o salão e abrir outro; contar com equipe e 10 profissionais; oferecer serviços estéticos de altíssima qualidade; conquistar casa e carro.

   Enfim, mais uma vez uma antítese constitui um efeito-leitor. O sujeito-leitor, o fiel, precisa do lugar religioso, mas permanece como parte do mundo. Está no plano temporal, mas deseja transcender ao plano espiritual. Constituindo o lugar-sucesso da maneira explicitada acima, chega-se ao entendimento que ao significar a reciprocidade da fidelidade, em que o sujeito entra com o dízimo e o Sujeito entra com o sucesso, o jornal em sua materialidade discursiva o ponto mais controverso da dinâmica argumentativa da Igreja Universal: só se ‘chega lá’ mediante a doação voluntária de tributos para a instituição religiosa.

Para encerrar a discussão que envolve este capítulo, vale ressaltar que, diferentemente do que é sucesso para a maioria dos meios de comunicação, não se trata, na FU, do sucesso midiático, aquele em que holofotes se voltam para a pessoa famosa em todo lugar que ela vai, mas de um sucesso que é tido como realização, seja ela profissional, material ou financeira. O sucesso é um lugar. E se o caminho a ele só se dá pela Igreja, por Deus, pela devolução do dízimo, então o sucesso é um lugar sacro, um lugar santificado. É o direito de construir um paraíso na terra.

Portanto, sucesso/prosperidade é um lugar. Esse lugar se constitui pela projeção imaginária que os sentidos produzem sobre o leitor. O interlocutor projeta o lugar que estará se seguir o caminho especificado e tão repetido no discurso religioso da instituição IURD. E a relação de identidade com o personagem de cada uma das matérias é a alavanca para essa projeção imaginária alcançar o sucesso, ao significado de ‘chegar lá’.

 

Considerações finais

Pela óptica da Análise de Discurso, mobilizou-se conceitos como o efeito-leitor, retórica da denegação, formação discursiva, entre outros, para tentar compreender os mecanismos de funcionamento desse veículo de comunicação de massa, e não meramente o conteúdo encontrado no jornal porque, para a AD, os sentidos não são transparentes e só se compõem através dos vínculos entre sujeito, história, língua e ideologia.

Sendo um veículo impresso vinculado a uma instituição religiosa, o jornal analisado se filia aos sentidos ligados a essa instituição de forma clara ou implícita dentro das matérias que publica em cada edição. E pelas análises realizadas ao longo deste artigo, esse interesse pode ser compreendido através das dinâmicas argumentativas encontradas na materialidade discursiva da FU, que circulam principalmente em torno da importância de se devolver regularmente o dízimo.

   Ao significar o leitor, coloca-o também sob as características do fiel que mantém sua fidelidade a Deus através da fidelidade ao dízimo. Observa-se isso com clareza, por exemplo, na formulação do quadro “Ó Deus, não se esqueça que eu sou dizimista fiel”.  Trazer à tona a voz do leitor com essa construção compreende significá-lo como o devoto fiel que ora e devolve o dízimo, e esses fatores dão condições a esse sujeito-leitor de fazer um pedido a Deus que possa ser realmente atendido.

Os sentidos dados ao sucesso são outros pontos em que a discursividade da FU circula em torno da questão do dízimo. Pelo o que se pôde analisar da materialidade discursiva do jornal, o sucesso e a prosperidade, que, conforme a discussão, foram situados como um lugar-sucesso, tem relação restrita com o ato de dizimar: para que se alcance esse lugar-sucesso, se faz necessário ser um dizimista fiel. Ou seja, para negar o fracasso, a dificuldade financeira, os problemas profissionais, é preciso estar na condição de dizimista.

Ao trazer esses elementos discursivos para o modelo material de jornal, a FU traz uma singularidade à sua maneira de formular sentidos: utiliza-se dos recursos textuais do jornalismo e o adapta para dar suporte ao tipo de discurso que prefere que seja sobressalente, que é o discurso religioso.

O recorte proposto só constitui a parte em que o jornal se dirige explicitamente ao leitor, daí os dizeres que o discurso religioso se sobrepõe ao outro, pois se analisou mais especificamente como o “falar sobre” do jornal constituiu um processamento discursivo de uma instituição religiosa que cresce em consideráveis proporções.

 

Referências bibliográficas

MARIANI, Bethânia. O PCB e a Imprensa: os comunistas no imaginário dos jornais (1922-1989). Rio de Janeiro: Revan; Unicamp, 1998.

ORLANDI, Eni. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4. ed. Campinas: Pontes, 1996.

_____________. As Formas do Silêncio: No Movimento dos Sentidos. 4. ed. Campinas:: Unicamp, 1997.

_____________. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.


 

[1] Pesquisa realizada durante pós-graduação lato-sensu: Especialização em Língua e Linguagem, das Faculdades Integradas Maria Imaculada, Mogi Guaçu-SP, fazendo parte de monografia realizada como pré-requisito para obtenção título de especialista.  Teve orientação da Profa. Me. Yara Brito Brasileiro e coordenação da Profa. Dra. Maria Suzett Biembengut Santade.