A elaboração da opinião desfavorável
em português do Brasil
e sua inserção nos estudos de PL2/PLE

Patrícia M. C. Almeida (UFRJ e PUC-Rio)

 

Atualmente há, na área de ensino de língua estrangeira, a compreensão de que um bom usuário de uma LE deve desenvolver um conjunto de competências, tais como: gramatical, sociolingüística, discursiva e estratégica. A necessidade de se considerar todas essas competências advém do fato de que o sucesso em uma comunicação real e intercultural não pode ser garantido apenas com base no conhecimento lingüístico (Meyer, 2002).

Procuramos investigar como elaboramos a emissão da opinião desfavorável, buscando verificar que elementos lingüísticos compõem-na e em que contextos emitimos tal tipo de opinião. Objetivamos, portanto, delinear um modelo de quadro que nos permita compreender as estratégias empregadas no ato de elaborar a opinião desfavorável.

Foram fundamentais para esta pesquisa os conceitos advindos da Gramática sistêmico-funcional e referentes ao contexto, além de conceitos do campo da Pragmática.

Os dados da pesquisa – obtidos após aplicação de um Discourse completion test – permitiram-nos identificar quatro categorias dentro das quais foram distribuídas as formas de elaboração do ato de emitir uma opinião negativa, a saber: 1. Opinião desfavorável direta; 2. Opinião desfavorável indireta; 3. Falsa opinião positiva; 4. Não manifestação de opinião. Além disso, foram identificadas formulações periféricas que, ao acompanharem as categorias listadas, têm como objetivos amenizar o impacto da opinião desfavorável e salvaguardar a face dos interlocutores.

A pesquisa demonstrou que se faz necessário – no contexto de ensino de língua estrangeira – ter um conhecimento dos diferentes atos de fala, dentro dos quais inclui-se o ato de opinar desfavoravelmente a fim de que possamos nos comunicar adequadamente em situações reais de uso.