A estrutura semântica interna
das orações condicionais
no português do Brasil

Taísa Peres de Oliveira (UNESP)

 

As orações adverbais, conforme Hengeveld (1996, 1998), podem ser avaliadas segundo quatro parâmetros semânticos: (i) tipo de entidade: que avalia a oração segundo o tipo de entidade que ela designa, se de segunda, terceira ou quarta ordem; (ii) referência temporal: que avalia a referência temporal da oração adverbial em dependente ou independente da referência temporal da oração núcleo; (iii) factualidade: que avalia a oração em factual, quando designa uma entidade como real ou verdadeira ou não-factual, quando designa uma entidade como não-real ou não-verdadeira; e (iv) pressuposição: que avalia o conteúdo da oração como pressuposto ou não-pressuposto a ser real/verdadeiro ou não-real/não-verdadeiro, isto é, por este parâmetro é possível avaliar se o falante introduz sua informação como conhecida (pressuposta) ou não conhecida (não-pressuposta) pelo seu ouvinte. Neste trabalho analisou-se a estrutura interna das orações condicionais iniciadas pelas locuções desde que, contanto que, somente se e só se. Pelo tipo de entidade, verificou-se que as orações condicionais analisadas podem designar entidades de segunda ou terceira ordem. De acordo com o parâmetro factualidade, observou-se que as orações condicionais realizam-se como não-factuais, já que introduzem um conteúdo em termos hipotéticos. Segundo o parâmetro pressuposição, notou-se que as condicionais podem realizar-se tanto como pressupostas a serem não-factuais como não-pressupostas a serem não-factuais. Pelo último parâmetro, verificou-se que as orações condicionais sob exame realizam-se sempre com referência temporal dependente da referência temporal da oração núcleo.