ATITUDES EM FRONTEIRA
O Caso de Tabatinga e Letícia

Gabriela de Campos Barbosa (UFRJ)

 

Este artigo analisa as atitudes lingüísticas de brasileiros e colombianos, bilíngües em espanhol e português, habitantes da área formada por Tabatinga e Letícia, com o objetivo de verificar a manutenção ou não de imaginário binacional a partir daquilo que os sujeitos referem sobre seus idiomas.  Tal investigação tem natureza sociolingüística, porque as atitudes lingüísticas são capazes de influenciar os destinos lingüísticos de qualquer comunidade. A metodologia baseia-se em técnicas de análise de dados e medida de atitudes sociais comuns na Psicologia Social. Mais especificamente, os dados obtidos por meio de entrevistas e questionários são aplicados a uma escala de medição de atitudes, conhecida como Escala de Likert. Constata-se que há diferenças de crenças e valores entre brasileiros e colombianos considerando-se aquilo que dizem sobre suas línguas. As atitudes lingüísticas encontradas denotam que, na região, mantém-se o imaginário binacional. A idéia de limite político está marcada. Brasileiros preferem o português e o sentem como seu idioma e colombianos pensam o mesmo em relação ao espanhol. Fala-se o português em Tabatinga e o espanhol em Letícia, reforçando a idéia de que o território nacional influi na escolha lingüística dos habitantes. Brasileiros e colombianos entendem-se como povos distintos um do outro, com crenças e idiomas diferentes.