ATOS DE FALA DO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO
ENQUANTO INSTÂNCIA ENUNCIATIVA

Eliuse Sousa Silva (UESC)

 

Tematizando atos de fala do jornal Folha de São Paulo enquanto espaço enunciativo, este estudo analisa como as estratégias discursivas presentes no editorial Marta X Maluf, de 15/10/2000, estruturam-se para a realização de atos indiretos. A discussão busca convergências em dois modelos teóricos: a Teoria dos Atos de Fala como formatada por Vanderveken (1985; 1991) e a Semântica da Enunciação configurada por Guimarães (2002; 2005). Compreende-se, inicialmente, que os sujeitos da enunciação o são porque falam de um determinado lugar do interdiscurso, assumindo, assim, um certo espaço de enunciação; por tal pressuposto, a identidade (enunciativa) da Folha de São Paulo, por ser a fonte do dizer, é a de um locutor ocupante de um lugar social, esse locutor é um jornal de circulação nacional que goza de grande credibilidade. Os interdiscursos presentes no editorial trazem à tona, dentre outros sentidos, a conjuntura político-eleitoral da cidade de São Paulo; sua força econômica para o Brasil, sendo, por isso, alvo de substancial atenção nacional; e o fato de ser o segundo turno da eleição municipal, cujos candidatos são de posições políticas opostas. A partir do lugar que toma, o editorial, representando o jornal, caracteriza-se pela objetividade e integra o conjunto dos discursos marcados pelo predomínio do ato assertivo, já que comporta, em primeira instância, a macro-função de veicular um estado de coisas pressuposto como real. Verifica-se, contudo, que no nível dos enunciados, outros atos são manifestados e configuram-se em atos diretos, todavia, evoluem para um ato indireto, no nível do discurso.