Como transformar um limão em uma limonada
ou como transformar um aluno/professor em
um professor de português para estrangeiros

Rosa Marina de Brito Meyer (PUC-Rio)

 

Existe, em grande parte do mercado de trabalho e mesmo em setores do meio acadêmico, a crença ingênua de que basta ser professor de português para poder ensinar essa língua a estrangeiros. Pior ainda, há quem acredite que basta falar a língua portuguesa para poder ensiná-la a falantes de outras línguas. Um mínimo de vivência em sala de aula de português para estrangeiros coloca qualquer um frente à inevitável realidade: é preciso muito mais do que isto. Para um falante nativo do português, ensinar a sua língua a estudantes provenientes de outras origens lingüísticas são necessários: uma reciclagem da sua própria relação com a língua materna; o conhecimento de descrições dessa língua que contemplem os aspectos relevantes aos seus aprendizes; o domínio de metodologias didáticas adequadas; a sensibilidade para questões de identidade e de cruzamento cultural. É sobre essa realidade de sala de aula e sobre as habilidades necessárias a um eficiente professor de português para estrangeiros que esse trabalho se atém.