CONCORDÂNCIA VERBAL: VARIAÇÃO E ENSINO

Edila Vianna da Silva (UFF)

 

A variação existente no português do Brasil e que nos autoriza a reconhecer uma pluralidade de falares indica que não se pode pensar no uso da língua em termos de melhor ou pior, de certo ou errado, uma vez que o próprio padrão apresenta variações.

Conseqüentemente, há mais de três décadas, pesquisadores do uso da língua portuguesa – entre os quais ressalte-se o pioneirismo de Mattoso Câmara – vêm-se dedicando a elaborações teóricas que retratam a realidade lingüística brasileira, principalmente no que tange à língua oral.

Esses estudos, no entanto, não alcançam a divulgação necessária para torná-los um instrumento pedagógico capaz de interferir nas práticas de ensino de português. Em função do fato, os estudantes não conseguem produzir textos que cumpram suas funções comunicativas, e, apesar de longos anos na escola, não empregam as estruturas gramaticais da norma de prestígio, adequadas aos registros formais da interação social.

Nesse contexto, o presente estudo, com base em métodos quantitativos, verifica algumas das prováveis causas do insucesso da escola no que tange ao ensino/ aprendizagem dos conteúdos gramaticais, especialmente, das normas de concordância verbal, fato gramatical altamente valorizado nas aulas de português.

Baseia a pesquisa a preocupação com o reconhecimento da necessidade  de assegurar ao aluno o desenvolvimento de sua competência de leitura e produção textual bem como – embora não consensual por parte dos lingüistas – um modo de acesso ao registro de maior prestígio social, ele também uma variante cada vez mais valorizada pela sociedade.