CONVITE À CAMA:
AS MULHERES E A AUTONOMIA QUE INCOMODA

Alvanita Almeida Santos (CEFET-BA)

 

Se as mulheres com perfil mais doce e submisso foram já bastante cantadas e contadas, o mesmo não se pode dizer daquelas que têm uma posição de iniciativa diferenciada. A mulher cujo comportamento evidencia uma postura mais ativa, mais autônoma, ou é silenciada na história das narrativas ou é apresentada como a vilã, a bruxa, a feiticeira má. Este estudo busca analisar, em duas narrativas orais — Conde Alberto e Reginaldo — que remontam à Idade Média e se proliferaram no Brasil durante a colonização, personagens femininas que não atendem ao estereótipo da donzela frágil. Este estereótipo, construído em especial a partir da Modernidade histórica, é ainda hoje reproduzido. À luz das teorias feministas e de uma discussão sobre as relações de poder que se realiza através da linguagem, dos discursos aparentemente despretensiosos, trazemos à tona questões sobre como os modelos valorizados de mulher contribuem para manter ou reforçar as situações de domínio de algumas pessoas sobre outras.