Criança ou professor:
o leitor da Ciência Hoje das Crianças

Angela Corrêa Ferreira Baalbaki (UFF)

 

Na perspectiva teórica tomada neste trabalho, o leitor ocupa papel central em todo e qualquer discurso. Em relação ao discurso de divulgação científica, tal especificidade torna-se mais preponderante, visto que a função precípua desse discurso é tornar acessível ao grande público as novas descobertas científicas.

Mas como o leitor é construído discursivamente? O imaginário “guia” o sujeito-autor que constitui, na textualidade, um leitor virtual que lhe corresponde (Orlandi, 2005). Em outros termos, a constituição do leitor só se dá na relação com a linguagem e com o autor – no caso do DDC, o jornalista-divulgador – que ao textualizar o seu dizer, projeta uma imagem do leitor.

A posição projetada discursivamente pelo autor, como salienta Orlandi (1999), produz um leitor virtual – leitor que faz parte da constituição do texto e é projetado por meio de formações imaginárias. Por sua vez, o leitor real – aquele que efetivamente lê o texto – ao produzir um gesto de interpretação, relaciona-se com o leitor virtual. Com efeito, ao ler qualquer texto, o leitor real interage com o leitor virtual ali construído.

De forma a identificar as imagens discursivas dos professores, leitores “secundários” da revista CHC, foi feita uma análise de dois encartes intitulados “Dicas do professor” referentes às revistas 97 e 98 do ano de 1999. Vale lembrar que estes encartes só são encontrados nas revsitas distribuídas Ministério da Educação/FNDE.