LÉSBIA E CATULO

Amós Coêlho da Silva (UERJ)

 (Um preito a Junito Brandão)

 

Os poetas e prosadores latinos assimilaram bem a lição grega. No entanto, a literatura latina, mesmo caudatária da grega, nesse procedimento de assimilação, não é subserviente, e muito menos se deve falar em cópia. Só havia plágio, se a imitação fosse da mesma fonte pela segunda vez sem nenhuma criatividade. Roma, como herdeira dos temas gregos, imitou criando. Transplantou para o latim recursos poéticos gregos. Não é uma tradução simplesmente. Mas é uma ação de levar para além: trans-ducere.

Quanto ao tema do amor, o lirismo latino não é muito extenso, porque são poucos os poetas e também alguns, como Horácio e Ovídio, se aplicaram a outros assuntos também. Os modelos gregos dos latinos foram Safo, Alceu, Anacreonte, Arquíloco e até Píndaro.

Caio Valério Catulo (I a.C.) apresenta uma parte de poesias como expressões intimamente pessoais, longe das agitações sociais de Roma. Para não tornar pública a vida de Clódia, sua amante – mas esposa de político importante, Catulo aplicou-lhe o pseudônimo de Lésbia nos seus poemas.