Literatura e quadrinhos
intertextualidade e dialogismo
na elaboração narrativa

Maria Cristina Xavier de Oliveira (PUC-SP)

 

As revisitações de obras clássicas da literatura seja por outros textos literários seja por diferentes meios de comunicação têm sido uma prática constante e que explicita a intercomunicação entre diferentes meios de expressão, uma das marcas do nosso tempo. As narrativas originadas desta relação intertextual e dialógica permite a construção de diferentes sentidos. A história em quadrinhos (HQ), por seu lado, se configura como um importante exemplo da intertextualidade e dialogismo que ocorre na comunicação humana, uma vez que dialoga com narrativas produzidas em meios como cinema, literatura, música, e outros, fazendo uso, para tanto, das ferramentas próprias da arte seqüencial (desenhos, cores, letras, etc.). É interessante, portanto, compreender as diferentes formas de construção e elaboração da obra neste processo intertextual e dialógico, e é este o objetivo desta comunicação, que procura destacar como um mesmo texto é visto e reelaborado por diferentes autores e em suportes diversos. Para tanto, foi escolhido o texto Branca de neve e os sete anões dos irmãos Grimm e duas obras que estabelecem um diálogo intertextual com a mesma: o conto Neve, vidro e maçãs de Neil Gaiman e a história em quadrinhos Fábulas – lendas no exílio, de Bill Willingham e Lan Medina. Assim, observando as teorias de comparação textual, como a intertextualidade e o dialogismo, poderemos compreender até que ponto as obras que se baseiam em textos e personagens clássicos da literatura revisitam e rememoram os originais e a partir de que momento interferem decisivamente nas obras, transformando-as e distanciando-as de sua gênese.