O contínuo oralidade-letramento
e variação lingüística
em escolas urbanas do Rio de Janeiro

Angela Marina Bravin dos Santos (FAMA/SEE/SME)

 

No que se refere ao ensino de Língua Portuguesa, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), com base em pressupostos da Sociolingüística, propõem a participação crítica do aluno diante das variedades lingüísticas inerentes a qualquer idioma. Para dar conta desse aspecto, alguns livros didáticos adotados por escolas urbanas, especialmente da cidade do Rio de Janeiro, desenvolveram atividades relacionadas, quase sempre, às variantes estigmatizadas sem, contudo, levar em conta a competição entre as formas lingüísticas, bem como os contextos estruturais e sociais em que elas se realizam. Além disso, não se considera a variação parte da competência lingüística de qualquer falante. A abordagem restringe-se à necessidade de levar o aluno a conhecer e respeitar os diferentes registros sociais e regionais. Este trabalho tem por objetivo apresentar propostas didáticas que contemplem a variação lingüística como parte integrante da competência lingüística do indivíduo. Para tanto, assume-se o pressuposto de Bortoni-Ricardo (2004) de que as diferentes variedades estão distribuídas num contínuo, sem fronteiras rígidas entre o que se considera língua-padrão e não-padrão. As estratégias desenvolvidas sustentam-se no pressuposto da Sociolingüística Variacionista de que toda língua é heterogênea e que a heterogeneidade é característica inerente ao sistema. O que se pretende mostrar é a possibilidade de o professor poder explorar os fenômenos variáveis do português brasileiro de forma a levar os alunos a se sentirem competentes no uso da sua língua materna, seja na modalidade escrita seja na falada.