O ELEMENTO –SHIRE
NOS NOMES DOS CONDADOS DA GRÃ-BRETANHA

João Bittencourt de Oliveira (UERJ e UNESA)

 

Propõe-se, nesta comunicação, apresentar e discutir a presença do elemento –shire na formação da maioria dos nomes dos condados da Grã-Bretanha, com base em diversas fontes manuscritas e inscrições latinas encontradas em diferentes pontos da região.

Várias línguas contribuíram etimologicamente para a formação dos topônimos da Grã-Bretanha, dentre as quais destacam-se as línguas célticas (a partir de meados do primeiro milênio a.C.) e as anglo-saxônicas (a partir do século V d.C.). Não podemos desprezar também a contribuição do latim (introduzido por Júlio César em 55 a.C.) e nem mesmo, mais remotamente, de línguas pré-célticas. Em algum momento histórico, essas línguas eram, com certa freqüência, usadas simultaneamente. Daí a dificuldade de se estabelecer, com precisão científica, a etimologia genuína da muitos nomes primitivos que deram origem aos atuais condados e a outros topônimos, e daí também o fato de alguns desses nomes apresentarem mais de um significado, dependendo da língua de que provêm.

O elemento mais freqüente na formação dos nomes dos condados e também de outros topônimos em quase todo o Reino Unido é o sufixo -shire. Trata-se de uma palavra anglo-saxônica que significa “divisão administrativa”.

Os primeiros shires foram criados pelos anglo-saxões na região correspondente ao centro e ao sul da Inglaterra atual. Esses shires eram controlados por um funcionário real conhecido como “shire reeve”, uma espécie de alcaide distrital. Historicamente, os shires eram subdivididos em hundreds, “centúrias” ou wapentakes, “comarcas”, embora outras subdivisões menos comuns tenham existido. Modernamente, os shires são subdivididos em distritos administrativos.

Na escócia, a palavra shire é pronunciada /∫aiə(r)/ tanto individualmente quanto como sufixo, rimando com “fire” ; já como sufixo, na Inglaterra ou no País de Gales, é pronunciada /∫ə(r)/, rimando com “fir”.