O ESTUDO DOS SINTAGMAS BLOQUEADOS
NO GÊNERO INFORME

Mara Medeiros Cardoso (UFF)

 

O motivo principal que nos levou à escolha do tema deste trabalho foi a dificuldade de analisar morfossintaticamente locuções, sintagmas bloqueados, frases feitas que formam uma unidade sintaticamente indissociável, mas que morficamente se comportam como unidades compostas. Tal dificuldade se deve ao fato de que em nossa literatura não há um arcabouço teórico significativo.

Partiremos da conceituação de palavra, unidade lingüística que persiste em escapar às delimitações e definições dos estudiosos da língua. Decerto, são muitos os problemas que envolvem o estudo da palavra, por esta razão, vamo-nos aprofundar na problemática distinção entre palavras compostas e estruturas frasais que têm uma unidade de sentido. . È o caso das locuções estereotipadas, frases feitas que são verdadeiros sintagmas bloqueados, em que construções sintáticas mais longas exercem função de palavra, tendo-se unidades sintáticas cristalizando-se numa função léxica, como: faz de conta, rouba-mas-faz, faz-me-rir, medico das dúzias, negócio da china, maria vai com as outras, pisar na bola, bola pra frente, abrir o jogo, produção independente, etc.

O presente trabalho tem como corpus exemplares do gênero informe, retirados de revistas de circulação nacional, destinadas ao público adulto (Época, Isto é, Veja). A escolha deste gênero não foi gratuita, veremos que nele há inúmeras ocorrências das formas a serem estudadas. Procuraremos também mostrar como essas unidades lexicais são utilizadas para a construção do sentido do texto. Para reexaminar tais pontos, serão analisadas obras que versam sobre morfologia lexical e lingüística textual. Afinal, a abordagem gramatical e textual-discursiva não são opostas, mas sim complementares.