O habitus lingüístico no campo policial.

José da Cruz Bispo de Miranda (UEPI)

 

As instituições policiais têm sofrido transformações no último quarto do século XX. Destaca-se dentre elas a linguagem. A variação lingüística dentro de uma comunidade pode ocorrer por variáveis: gênero, escolaridade, profissão, idade, classe social dentre outras. Existe variação regional, entre paises ou nações, entre comunidades ou grupos de jovens, terceira idade e de profissionais. Estes constituem a partir de suas práticas dialetos específicos que atendem a certas finalidades eleitas sócio-historicamente. Este trabalho tenta analisar a variação lingüística no campo policial com a intenção de perceber como determinadas variáveis influenciam na mudança e conservação da linguagem de um determinado campo profissional. O estudo deste tema perpassa pela sociolingüística e a sociologia da linguagem. As categorias destas disciplinas auxiliam no processo investigativo (Bourdieu, 1992; Calvet, 2002); este instrumentalizado por questionários, formulários, entrevistas semi-estruturadas e em grupo focal (Flick, 2004). Os sujeitos da pesquisa são policiais civis lotados em distritos e delegacias especializadas em Teresina (PI). Uma primeira investigação apontou que a variação lingüística é bastante comum no campo policial, especialmente condicionada por novas legislações no campo dos direitos humanos, pela inserção de novos policiais com alto nível de escolaridade; apesar disto, a influência de uma estrutura androcêntrica (Bourdieu, 1999) possibilita a constituição de uma linguagem sexista e racista; contudo a força do processo civilizatório  e a ‘imposição’  democrática através da leis e de uma nova cultura organizacional tende a transformar as relações a partir da linguagem.