O uso de nós e a gente
entre alunos de 1º e 2° graus:
o resultado de testes de avaliação subjetiva

Juliana Segadas Vianna (UFRJ)

 

A grande maioria dos livros didáticos, ainda hoje, continua a apresentar o paradigma dos pronomes pessoais sujeito constituído das formas eu, tu, ele, nós, vós, eles, independentemente das mudanças já ocorridas nesse sistema.

Com relação à 1a pessoa do plural, as gramáticas tradicionais insistem em incluir apenas o nós no quadro dos pronomes retos, reservando à forma a gente um status dúbio: ora classificam-na como pronome pessoal, ora como forma de tratamento. Além disso, a implementação da forma inovadora como alternante do pronome nós é registrada apenas na linguagem coloquial, não sendo mencionada no âmbito da escrita.

De fato, na língua falada, tal fenômeno tem sido bastante estudado por diversos autores, que apontam, de maneira geral, para uma variação estável entre as formas, embora o emprego de a gente tenha se tornado mais freqüente nas três últimas décadas. Partindo desses resultados, mostra-se pertinente a investigação da variação entre nós e a gente também na língua escrita.

Seguindo orientação laboviana, com base em testes escritos aplicados entre entrevistados de escolaridade média, pretende-se:

a)     observar de que maneira a variação nós e a gente, freqüente na fala, processa-se na modalidade escrita;

b)    identificar que fatores lingüísticos e extralingüísticos impulsionam a escolha de uma ou outra forma;

c)     verificar se os fatores identificados em dados de fala, em pesquisas anteriores, mostram-se também relevantes para a escrita.