Reflexões sobre o uso dA forma composta
do Pretérito Perfeito no PB

Juliana Bertucci Barbosa (UNESP)

 

O português brasileiro, como todo sistema lingüístico, comporta em seu interior a variação e, assim, está continuamente em processo de mudança. Estudos recentes têm demonstrado que o sistema de tempos verbais do português está passando por uma reorganização, que ainda se configura como tendência, mas já pode ser observada. Ao investigarmos sobre o Pretérito Perfeito Composto do modo Indicativo, com o intuito de verificar a distribuição de funções e empregos que cabe atualmente a esse tempo, observamos diferentes interpretações desde o século XIX. Soares Barbosa (1871), por exemplo, denomina Presente Perfeito o tempo que conhecemos como Pretérito Perfeito Composto. Outros gramáticos, como Cunha (1982), Said Ali (1964) e Dias (1970), afirmam que a forma composta do Pretérito Perfeito indica uma ação passada cujo resultado persiste até o presente. Cano (1998), num estudo dessa forma baseado num corpus de literatura jornalística, registrou usos desse tempo que contrariam as afirmações e exemplos dos autores citados, mostrando que nem sempre, em uma situação que se prolonga do passado até o presente, pode-se empregar o perfeito composto. Barbosa (2003), baseando-se na teoria reichenbachiana - que utiliza três momentos na definição formal dos tempos verbais: momento da fala (MF), momento do evento (ME) e momento da referência (MR) - observou que o Pretérito Perfeito Composto possui a mesma definição temporal do Pretérito Perfeito Simples, diferenciando-se apenas por seus valores aspectuais. Nesta comunicação serão discutidas as diferentes interpretações dadas a essa forma composta do pretérito do português brasileiro.