VARIANTES LEXICAIS NA TOPONÍMIA PORTUGUESA:
OS ELEMENTOS GENÉRICOS
(ENTIDADES GEOGRÁFICAS) DENOMINADOS.
ESTUDO DE CASO: DIFERENÇAS TERMINOLÓGICAS
ENTRE PORTUGUÊS DO BRASIL
E PORTUGUÊS EUROPEU.

Patricia de Jesus Carvalhinhos (USP)

 

Um dos aspectos que caracteriza os estudos de Toponímia é a análise da relação (muitas vezes simbiótica) existente entre o elemento geográfico designado e o nome propriamente dito – topônimo – , ou designante. O elemento geográfico (também chamado acidente geográfico) que figura nas cartas geográficas / topográficas e nos repertórios toponímicos  é, tanto quanto o nome propriamente dito, um elemento crucial na análise do sintagma toponímico, uma vez que também carrega traços línguo-culturais do denominador. O sintagma toponímico (bloco formado por elemento geográfico denominado e topônimo) revela, ainda, a natureza estrutural  da língua  – aglutinante ou justaposta –; pois em perspectiva diacrônica pode haver esvaziamento semântico do termo geográfico e a conseqüente adição de um novo termo (Dauzat, 1922; Dorion, 1966; Dick, 1980), o que propicia outros dados para análise.

O que se propõe, neste estudo, é apresentar algumas variantes lexicais em Portugal (contrapondo-as exemplificativamente ao Brasil) no que concerne aos elementos hídricos e habitacionais denominados (ou seja, as entidades geográficas) e suas relações lingüísticas com os topônimos e entre si, revelando, por meio de fenômenos como homossemia e parassinonímia, o mecanismo das variantes lexicais no que se refere ao elemento geográfico. Longe de ser conclusivo, trata-se de um convite à reflexão sobre a natureza das relações entre elemento geográfico e o nome de lugar.