Identidade
e romance brasileiro contemporâneo

Regina Celia Pentagna Petrillo
regpp@uol.com.br

 

Em seu livro Identidade, Zygmunt Bauman pondera que "há décadas apenas, a identidade não estava nem perto do centro do nosso debate, permanecendo unicamente um objeto de investigação filosófica", mas, hoje, no entanto, "é um assunto de extrema importância e evidência, uma vez que aquele "mundo sólido", de certezas e de ordem, foi substituído por um "mundo líquido", de incertezas e indeterminação.

Estamos vivendo um momento histórico complexo de diversificação e mudanças. As afiliações sociais, mais ou menos herdadas, que são tradicionalmente são atribuídas aos indivíduos como definição de identidade, país ou local de nascimento, família, raça, gênero e classe social, estão se tornando menos importantes, diluídas e alteradas. Ao mesmo tempo, há a ânsia e as tentativas de encontrar novos grupos com os quais se vivencie o pertencimento e que possam facilitar a construção da identidade. Segue-se a isto um crescente sentimento de insegurança.

Ainda que a literatura não seja um reflexo mecânico e imediato da realidade, ela tece um estreito diálogo com o universo em que está inserida. Portanto, o objetivo da comunicação é mostrar como o contexto atual, sobretudo quanto à crise das identidades, se manifesta no romance brasileiro contemporâneo (décadas de 1990 e 2000).