Medo da Eternidade
uma leitura semiótica de Clarice Lispector

Ana Cristina dos Santos Malfacini
anamalfacini@hotmail.com

 

A partir do século XIX, o filósofo e matemático norte-americano Charles Peirce deixou ao mundo científico sua contribuição no tocante à Lógica, mas só no século XX esse estudo se consolidou como o que se chama hoje de Semiótica Peirceana, analisando os signos e dividindo-os em ícones (primeiridade), índices (secundidade) e símbolos (terceiridade).

Estabelecendo como ponto crucial de seus estudos o signo, "uma coisa que representa outra coisa" (Santaella, 2006: 58), Peirce acreditava que o ato de interpretar dependeria do conhecimento de outro signo, pois seria "traduzir um pensamento em outro pensamento num movimento ininterrupto" (idem: 52). Assim, o signo se dirigiria ao que está fora dele, seu objeto; a alguém, em cuja mente estaria o pensamento e, por fim, ao sentido que o pensamento daria a sua tradução.

À luz desse pressuposto teórico, fazemos a interpretação do conto "Medo da Eternidade", de Clarice Lispector, propondo uma leitura dialógica (Bakhtin, 2002), em que o aluno é capaz de interagir com o texto, argumentando sobre ele.

Nessa perspectiva, acreditamos tornar o sentido construído na interação entre atores - construtores sociais - e texto - lugar da interação (Koch, 2006), propiciando ao alunado ferramentas para uma leitura rica, interativa e atraente, com uma extensa produção de sentidos a ser explorada.