Novos paradigmas nos cursos de Letras
e a formação do professor
de língua portuguesa

Cláudio Luiz Abreu Fonseca
cfonseca@ufpa.br

 

O presente trabalho tem por objetivo discutir a introdução de novos paradigmas em estudos da linguagem na formação do professor de língua portuguesa. A inserção de novas disciplinas nos currículos oficiais das licenciaturas em Letras como a Pragmática, a Sociolingüística, a Análise da Conversação, a Análise do Discurso, dentre outras, ainda que tenha ampliado as perspectivas de abordagem da linguagem, tendo em vista as suas manifestações concretas (Bakhtin, 1992), é uma tentativa de atender à perspectiva sociointeracionista de linguagem que delineia a seleção e a forma como se deve trabalhar os conteúdos previstos nos PCN de Língua Portuguesa (Brasil, 1998). A reformulação de projetos político-pedagógicos dos cursos de Letras a partir de 2002 (MEC, 2002) tem procurado atender às mudanças de paradigmas em estudos da linguagem que já vinham se processando desde a década de oitenta do século XX no Brasil. Em vista disso, é necessário que se pergunte: dada a dispersão dos discursos da lingüística (Cardoso, 2003), que saberes são mobilizados pelos futuros professores além dos instituídos na licenciatura em Letras? Que discursos sobre a ciência da linguagem são privilegiados nos novos projetos político-pedagógicos em detrimento de outros? Que conseqüências as mudanças que estão ocorrendo nos estudos da linguagem podem trazer para as políticas científico-educacionais que orientam a formação do professor de língua portuguesa? Essas e outras questões nos indicam a pertinência de se refletir sobre os saberes instituídos do curso de Letras, consoante a análise dos discursos que proliferam nos novos projetos político-pedagógicos e as práticas discursivas que convergem e/ou confrontam com eles.