O Novo Idioma Hebraico e o etos pré-discursivo

Daniel Siqueira Lopez Lago
daniel4310@terra.com.br

 

O hebraico é uma das línguas mais antigas e curiosas que existem. Falado pelos judeus desde tempos remotos, o idioma hebraico se ausentou da fala corrente com o passar dos tempos, principalmente a partir da expulsão dos judeus da Terra Santa no primeiro século da era cristã, chegando a ser considerada, posteriormente, uma língua morta. Porém, o hebraico renasceu como língua falada durante o final do século XIX e começo do século XX como o hebraico moderno, adotando alguns elementos dos idiomas árabe, ladino, iídiche, e outras línguas européias que acompanharam a Diáspora Judaica como língua falada pela maioria dos habitantes do Estado de Israel, do qual hoje tornou-se língua oficial. O trabalho que aqui se apresenta visa, portanto, a explorar o etos criado pelo novo idioma hebraico. A pesquisa se insere na linha de pesquisa da Análise de Discurso, mais especificamente sobre a obra de Dominique Maingueneau. Utilizaremos, porém, como ferramenta de análise, nosso modelo do etos que se chama "Magnificação Trófica", em referência a um fenômeno da biologia em que uma determinada substância vai sendo acumulada em um organismo vivo através das diversas cadeias alimentares, em comparação à acumulação daquilo que chamamos de "índices descritivos" (que comporiam o etos de um locutor) através das sucessivas enunciações. Dessa maneira, abordamos o novo idioma hebraico a partir de seu léxico, composto por grande quantidade de palavras cunhadas artificialmente pela Academia da Língua Hebraica, e em que se estabelece uma relação curiosa entre o etos pré-discursivo e o discursivo, de modo a perceber que o novo idioma hebraico criou um novo etos que se mostra consoante com as identidades negociadas da pós-modernidade, ao contrário de seu etos pré-discursivo de uma cultura fechada e hermética. Trazemos também como ferramenta teórica o conceito da différance, de Jacques Derrida.