Signos no tecer e no retecer
dos sentidos do texto:
a imagem do afrobrasileiro
na revista raça brasil

Kátia Regina Rebello da Costa
katiarebello@uol.com.br

 

O discurso é o espaço constituído pelo debate entre ele e o Outro. Sabê-lo discurso implica sabê-lo nascido de relação polêmica com o Outro. Do discurso, emergem posições dissonantes, referentes aos igualmente dissonantes grupos sociais cujos interesses apresentam-se em luta constante. No discurso materializado em signos, ou texto - tecido construído pelo entrançamento organizado de elementos sígnicos -, isso pode apresentar-se através de signos lingüísticos explícitos ou pode ser identificável pelo leitor mediante índices textuais diversos. O acolhimento do discurso outro pode, ainda, ser apreendido pela memória discursiva de certa formação social em que o discurso se inscreve - o que vai permitir entrever os discursos com os quais estabelece polêmica. O mundo em que se encontra o homem é semiótico. Isso implica entender a experiência humana mediada e sustentada por signos em ação, significa entender o mundo como um vasto texto plurissígnico cujo entrelaçamento das funções sígnicas constitui objetos, concepções e ações - propiciando, enfim, a produção de sentidos. Nesse texto-mundo circulam inúmeros textos - igualmente plurissígnicos, evocadores de imagens mentais e desencadeadores de sentidos. Por entender a palavra e os signos não-verbais como ferramentas que modelam os textos e fazem destes emergir(em) nova(s) realidade(s) -, por considerar os textos e os sentidos que neles se constroem como a materialização dos discursos que circulam na sociedade, e os discursos como a expressão das ideologias, o presente trabalho pretende fazer reflexão acerca da imagem verbo-visual do afrobrasileiro construída pela Revista Raça Brasil - seja em suas publicações impressas, seja em seu portal, na Internet. Para isso, elege a seleção de signos verbais e não-verbais (postos em diálogo com os verbais) como material de análise.