Estratégia retórica e estrutura sintática
na comunicação cotidiana

Helena Gryner (UFRJ)
hgryner@uol.com.br

 

Esta comunicação se detém na análise de exemplificações em seqüências argumentativas (Gryner, 2000) em situação informal de uso. Partimos de dois pressupostos funcionalistas, já prenunciados na obra de Othon M. Garcia:

(a) a convergência de funções entre os diferentes níveis discursivos e

(b) a centralidade da função comunicativa no uso da língua.

A convergência entre o nível relacional – estrutura que correlaciona satélite exemplificador e núcleo exemplificado – e o nível  sintático – estrutura que correlaciona   satélite (condicionante) e núcleo (condicionado)  de complexos oracionais  exemplificadores (Thompson, Matthiessen e Mann, 1992) –   é confirmada: há correlação (estatística)  entre a  função   do recurso (variável)  à exemplificação e a  função das estruturas (variáveis) de   flexão modo-temporal e de conexão sintática. Por outro lado, também é confirmada a convergência entre o nível relacional e o nível holístico – estrutura integradora do texto em que se insere a exemplificação–: há correspondência (qualitativa) entre a função da estrutura do exemplo e a função da seqüência argumentativa como um todo. Verifica-se, por fim, que a preferência pela estratégia retórica de exemplificação não é aleatória, mas está associada sistematicamente à identidade social dos protagonistas da argumentação.