Estratégias lingüístico - partidárias em foco:
pt vs psdb no segundo turno
das eleições presidenciais em 2006

Leilane Ramos da Silva
leilaneramos@hotmail.com

 

O ano de 2006 foi marcado, dentre outros eventos, pela campanha para presidente da República Federativa do Brasil, com contornos bem singulares no segundo turno do pleito eleitoral. Isso porque, embora reapareçam no cenário de disputa representantes de partidos - PT e PSDB - que se estranham há muito tempo na história da política brasileira, dessa vez, destaca-se o fato de um líder petista, após três derrotas consecutivas para a bancada tucana, ter vencido, com o maior número de votos já registrados na nação, as eleições presidenciais em 2002, e apresentar-se como candidato à reeleição. O presente trabalho apresenta uma análise dos atos de fala, notadamente, da promessa e da crítica, veiculados nos programas oficiais - disponíveis nos endereços www.lulapresidente.org.br e www.alckminpresidente.org.br - dos candidatos petista e tucano, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, no segundo turno das eleições presidenciais 2006. Para tanto, realçam-se alguns dos pressupostos decorrentes da inserção da Teoria dos Atos de Fala no rol dos estudos lingüísticos, particularmente, a noção de graus de intensidade da força ilocucionária (VANDERVEKEN, 1985) e a classificação proposta por Searle (1969; 2002) para os atos ilocucionários, observando-se como se manifesta, por exemplo, a adesão dos referidos candidatos à realização de atos futuros e, igualmente, as críticas dirigidas à bancada em oposição. A observação do corpus revela que, independentemente das especificidades partidárias, as estratégias de campanha vivificam a idéia de que a linguagem é uma forma de ação, à medida que resgatam a identidade entre dizer e fazer, essência do pacto social instituído pela linguagem.