Latim vulgar como disciplina:
resgatando os estudos filológicos
na Universidade Federal de Santa Maria

Leila Teresinha Maraschin

leilamaraschin@yahoo.com.br

 

Neste trabalho são apresentadas algumas reflexões sobre o ensino do latim, a partir dos resultados de pesquisa realizada junto aos estudantes de Letras/Português da Universidade Federal de Santa Maria, no sul do Brasil, onde o latim ainda se mantém como matéria obrigatória. No novo currículo do Curso de Letras da referida Instituição, implantado em 2004, os conteúdos das disciplinas de latim foram redistribuídos nos programas de modo a contemplar também questões de história, cultura e variedades lingüísticas, com abordagens que priorizam a visão crítica e a associação destes às demais áreas do conhecimento. Entretanto, para melhor justificar a importância do ensino do latim, julgou-se necessária a participação dos alunos também como avaliadores, tanto da própria aprendizagem quanto dos programas a eles ministrados. Para a realização da pesquisa, os alunos foram divididos em dois grupos de 24 componentes cada um: o primeiro grupo composto pelos que haviam cursado apenas as disciplinas de Latim Clássico, enquanto os do segundo já haviam concluído também o programa de Latim Vulgar, que substituiu a extinta área de filologia. Foram propostas aos participantes questões referentes aos programas de ambas as disciplinas, para que eles avaliassem o próprio desempenho. Os resultados demonstram que somente o estudo do latim clássico não é suficiente para fornecer aos futuros professores de língua portuguesa uma visão mais ampla sobre as questões evolutivas da língua, havendo a necessidade de completar a formação deles com a disciplina de Latim Vulgar, a qual lhes proporciona maiores reflexões sobre a mudança e as variedades da língua. Conclui-se que o ensino do latim, para cumprir seu papel de auxiliar no currículo do Curso de Português, deve ser ministrado em uma perspectiva diacrônica, ampliando as discussões que envolvem a participação ativa dos alunos.