O segundo livro dos Tristia de Ovídio

Edson Lourenço Molinari (UFRJ)

 

Este livro contém uma única elegia de 578 versos. Confiante na clemência de Augusto, Ovídio suplica o abrandamento de sua pena: um desterro mais brando e mais próximo da Urbs. Banido para Tômis, a região mais remota dos domínios romanos, o poeta queixa-se do frio rigoroso e da proximidade de inimigos bárbaros.

Ressalta que a Arte de Amar, motivo oficial de seu castigo, não contém nenhum preceito atentatório à moral romana. Lembra ainda que a vida cotidiana da cidade favorece a corrupção dos costumes: os espetáculos dos teatros, os jogos do circo, os templos, as pinturas licenciosas.

Além disso, vários autores gregos e latinos desenvolveram temas amorosos em suas obras, sem terem sofrido qualquer sanção. Entre outros: Anacreonte, Safo, Menandro, Homero e os autores de tragédias; Catulo, Hortênsio, Tibulo, Propércio e Vergílio tão admirado por Augusto.

Somente Ovídio foi punido pelos ímpetos da juventude, já na velhice, após ter escrito as obras da maturidade que glorificaram os valores nacionais de Roma.